Retrospectiva 2013: Um ano marcado pela violência

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2013 termina hoje tendo os crimes contra a vida sendo novamente um dos principais destaques negativos em Goiás. O número de homicídios ultrapassa a marca de 600 mortes, bem acima do que foi registrado no ano passado, quando ocorreram 577 assassinatos. A onda de homicídios contra moradores de rua em Goiânia, a morte de estudantes por causa de ciúmes de um suspeito de tráfico e de uma estudante que defendia o pai em uma briga banal em Aparecida, somados ao fato de que a capital vai ter um novo recorde de homicídios anual chamam a atenção da sociedade para problemas graves na Segurança Pública. Entre as explicações para o aumento da violência novamente são o envolvimento do tráfico de drogas e a falta de estrutura das polícias. Neste ano, a greve dos policiais civis agravou a situação.

O ano ainda não acabou, mas já é possível afirmar que o número de homicídios bateu um novo recorde em Goiânia. Até o fim de semana, foram registrados 612 assassinatos contra 577 no ano passado. Esse número coíbe um dos argumentos do secretário estadual de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, que atrelava o número de mortes ao da população. Ou seja, como a população cresceu um maior volume de homicídios não representa um aumento na violência local. Só que para que esse argumento perdeu a sustentação matemática quando se registrou o 603º assassinato.

O alerta foi dado já no primeiro bimestre, quando se registrou um número recorde de assassinatos no período: 91 mortes. Como sempre, a polícia civil credita o aumento ao tráfico de drogas e à falta de estrutura para investigar os crimes. Em fevereiro, cerca de 1,5 mil inquéritos estavam em aberto na Delegacia de Homicídios.

Reportagens publicadas pelo POPULAR mostram as dificuldades da Polícia Civil em avançar nas investigações devido ao acúmulo cada vez maior de inquéritos. Quanto mais antigo o caso, menores as chances de ser solucionado. Em janeiro, o jornal mostrou balanço do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que indicava apenas 12% dos inquéritos abertos até 2007 solucionados. O resto continuava aberto, sem perspectivas. Eram cerca de 3 mil.
A greve da polícia civil, que durou mais de 80 dias, atrasou investigações. Mesmo com o retorno ao trabalho, a insatisfação dos agentes e escrivães e a rixa com os delegados que ficou mais reforçada durante a paralisação atrapalha o andamento dos serviços.

Uma cena típica da violência em Goiânia foi registrada pelo POPULAR entre os dias 21 e 22 de fevereiro, quando 20 horas de crimes ininterruptos deixou até a polícia surpreendida. Foram registrados 4 homicídios e 4 feridos a tiros em assaltos e brigas. Entre os mortos, o estudante Kelvin Kleberson Silva, de 20 anos, após sair da escola em que estudava e na qual teria brigado com outro estudante, por ciúmes. Ele foi morto com três tiros na cabeça. Na ocasião, a polícia informou que foram dois dias atípicos, mas durante o resto do ano houve outras ocasiões em que mais de 4 mortes até foram registradas em um intervalo menor que 24 horas.

Entre os casos, um que deixou a população em alerta foi a onda de homicídios contra moradores de rua iniciada em agosto do ano passado. Se 2012 terminou com 15 moradores de rua mortos, neste ano foram registradas pelo menos 33. Entre as justificativas para essa violência crescente: a disseminação do uso do crack, a falta ou ineficiência de políticas públicas para acolher a população de rua e dar opções a ela e a dificuldade no esclarecimento dos crimes e na intimidação do tráfico de drogas.

Não foi só em Goiânia que a violência assustou. No Estado, foram registrados mais de 2,3 mil homicídios sem considerar os números de dezembro. Alguns casos fora da capital tiveram grande repercussão, como a chacina na Serra das Areias, em Aparecida, no dia 19 de agosto, na qual quatro estudantes foram mortos a mando do namorado de uma colega de escola das vítimas, por ciúmes. Foi também em Aparecida outra morte que chocou a sociedade. A morte da estudante Kerolly Alves Lopes, de 11 anos, quando defendeu o pai em uma briga no dia 27 de abril na Vila Alzira, chamou a atenção pela banalidade do crime. Ela levou um tiro na cabeça depois que o pai brigou com o dono de uma pizzaria. As cenas do momento dos disparos foram exibidas exaustivamente em emissoras de TV e pela internet.

Houve casos de violência em que a vítima não morreu, mas que a barbaridade com que foram cometidos causaram forte comoção, como o caso da operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos, que teve os olhos perfurados pelo ex-marido em agosto deste ano. O caso chegou ao Congresso Nacional e ao Ministério de Justiça.

Após sete anos, obras do aeroporto são retomadas

Uma das boas notícias do ano para o Estado foi o reinício das obras do novo terminal de passageiros do Aeroporto Santa Genoveva, depois de quase sete anos paradas. No começo de dezembro, o Consórcio Odebrecht-Via Engenharia informou que já está com 9% pronto do serviço. A previsão é que o novo terminal seja entregue em março de 2015, aumentando a capacidade do terminal para 10,6 milhões de passageiros/ano. Na foto acima, . Apesar da retomada dos serviços, outros problemas continuam a rondar o aeroporto, como a dificuldade em se acessar e sair do local devido à falta de uma ampla malha viária ao redor, de transporte público e de número insuficiente de táxi. Estacionamento apertado e poucas opções de estabelecimentos comerciais, como lanchonetes, também são alvos constantes de reclamação dos usuários, conforme o leitor já leu nas páginas do POPULAR.

Transporte público

As manifestações populares de maio e junho levaram a Prefeitura e o Estado a suspender o reajuste da tarifa do transporte coletivo, obrigando as empresas a baterem de frente com o poder público. Os empresários alegam falta de dinheiro para sustentar o sistema, motoristas entraram em greve duas vezes e, pela primeira vez, a Justiça foi acionada.

Saúde

O programa Mais Médicos, do governo federal, veio para tentar resolver uma demanda grave na saúde pública: a falta de profissionais no atendimento básico para a população carente. Para Goiás, vieram 188 médicos brasileiros e estrangeiros. Como a maioria foi encaminhada para o Programa Saúde da Família, os problemas nos postos de saúde continuam.

Tragédia

Em janeiro, o incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria (RS) levou a morte mais de 240 pessoas, causou forte comoção e provocou uma reação em cadeia nos setores de fiscalização das prefeituras de todo o País. Em Goiânia, pelo menos 14 estabelecimentos noturnos foram interditados depois de 8 meses de trabalho dos fiscais e mais de 40 foram autuados.

Dengue bate recorde de casos

O ano que se encerra foi marcado em Goiás pela maior epidemia de dengue, agravada pelo descaso da população que permite a proliferação de focos do mosquito Aedes aegypti. Foram mais de 158 mil casos em todo o Estado, com 65 mortes. A maioria das ocorrências foram em Goiânia, com 58 mil casos. Os primeiros meses do ano, principalmente em março, foram os que registraram maior número de suspeitas de dengue. Depois, a partir de outubro, os agentes de saúde voltaram a notar um aumento no número de casos, chegando ao final do ano com 700 novos registros por semana. A expectativa é que 2014 seja igual ou pior.
Concursos

Esse ano não foi bom para quem se inscreveu em concursos públicos para vagas na Segurança Pública, na Sectec e na Saneago. Falhas nos exames levaram à anulação dos mesmos. Nos dois primeiros casos, as provas já foram refeitas. Já no da Saneago, 96 mil ainda aguardam uma nova data.

Greves
Professores da rede municipal de ensino e policiais civis chamaram a atenção da sociedade para os problemas enfrentados por ambas as categorias ao ocuparem por semanas, respectivamente, a Câmara de Goiânia, em outubro, e a Assembleia Legislativa, em novembro e dezembro.

Lixo
O começo do ano foi marcado também pelo problema de acúmulo de lixo nas ruas por causa de problemas na renovação do serviço de coleta. Por várias edições, leitores denunciaram acúmulo de lixo pelas ruas de Goiânia e Aparecida e as fotos despertavam a indignação popular.

Fonte: Jornal O Popular