''Sem acordo, temos risco de Apagão''
Ao apresentar ontem à imprensa o plano de reestruturação da Companhia Energética de Goiás (Celg), que prevê empréstimo junto à Caixa Econômica Federal de R$ 2,7 bilhões, o governador Marconi Perillo (PSDB) alertou para o risco de um apagão em Goiás, caso o estatal não consiga o aporte financeiro necessário para a sua recuperação.
Marconi aguarda uma resposta do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a quem entregou na noite de terça-feira, por meio do senador Demóstenes Torres (DEM), a proposta para tirar a Celg da crise e evitar a caducidade de sua concessão. O governador, acompanhado do vice-governador e presidente da Celg, José Eliton, esteve com o ministro um dia antes,quando discorreu sobre as premissas do plano.
“Precisamos melhorar com rapidez investimentos em subestações, rede de transmissão, de distribuição e entrar na área de geração. Nós teremos de novo, em quatro anos, condições de atender as demandas de crescimento no Estado. Se essas providências não forem adotadas, nós corremos um sério risco de apagão energético em Goiás”, alertou.
Segundo o governador, a companhia chegou a ter um patrimônio líquido negativo de R$ 500 milhões, cujo endividamento nos últimos quatro anos, referindo-se à gestão de Alcides Rodrigues (PP), teria crescido mais de R$ 3 bilhões. Com essa proposta que está sendo apresentada, ele disse ter convicção de que em 2012 a companhia passará a ter um patrimônio líquido positivo, com previsão de lucro três anos depois. “Em pouco mais de um ano, caso essa proposta seja aprovada, a Celg deixará de ser uma empresa deficitária, com patrimônio líquido negativo”, aposta o governador.
Marconi definiu o plano como factível, decente e honesto e disse considerar a Celg absolutamente viável. “Esse processo, sem a menor sombra de dúvida, transformará de novo a Celg numa empresa capaz de investir pelo menos R$ 250 milhões ao ano, para fazer face às demandas reprimidas com melhorias no setor de energia no Estado.”
O plano apresentado a Edison Lobão segue os moldes do que foi proposto pelo governo anterior, que chegou a ser referendado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas invés de três parcelas totalizando R$ 3, 728 bilhões, prevê apenas duas, a primeira de R$ 1,2 bilhão para março, e a segunda parcela de R$ 1,5 bilhão para janeiro de 2012. Em contrapartida, a estatal goiana daria um aporte de R$ 1 bilhão para o ano que vem, advindo da venda de até 49% das ações.
Após fazer a apresentação do plano de reestruturação, em ato no 10º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira, o governador se retirou para cumprir outros compromissos de sua agenda e não deu entrevista, atribuição que coube a José Eliton.
Ele disse que, comparativamente, o plano do governo anterior é completamente distinto do que foi apresentado por Marconi. Além do valor do empréstimo, há neste previsão de encontro de contas da Celg com o Estado, de planejamento da empresa além da questão financeira e de aplicação de conceitos da iniciativa privada na gestão da companhia, o que, segundo ele, afasta por completo ingerências políticas.
Por fim, a proposta atual, de acordo com o presidente da Celg, garante a governança da empresa, para que seja gerida pelo governo, compartilhada com a própria Eletrobras e com eventuais outros parceiros. “O governo estudou compor parceria com outras empresas do setor elétrico. Nós estamos bastante animados com essa possibilidade e avançando no dialogo”, disse.
Entre as premissas da proposta consta também o reperfilamento da dívida da Celg com instituições bancárias, no montante de R$ 700 milhões. Nesse caso, o governo cogita contrair empréstimo com pedido de alongamento da dívida.
Conforme José Eliton, o ministro de Minas e Energia – que é senador pelo PMDB e ligado ao presidente do Senado, José Sarney, também peemedebista – já teria determinado a imediata análise da proposta do governo goiano. “Estou absolutamente confiante que o espírito público inerente ao ministro de Minas e Energia, bem como a presidenta Dilma Rousseff, irá compor para que nós possamos viavilizar na sua inteireza este plano de reestruturação.”
REAJUSTE
Sem reajustar a tarifa de energia elétrica desde 2006, por conta da inadimplência com o sistema elétrico, a diretoria da Celg considera que, com a concretização do acordo com o governo federal, haverá correção no preço do produto.
“A Celg trabalha para ser uma empresa altamente eficiente no fornecimento de energia, que é a sua atividade-fim. Ela quer ser indutora do desenvolvimento de Goiás e, obviamente, irá aplicar aquilo que a Aneel atribuir à empresa como reajuste tarifário justo, para que ela possa bem executar suas tarefas-fim de fornecer energia com qualidade, sem interrupção”, disse o vice.
Assim como Marconi, José Eliton reforçou a necessidade do aporte financeiro, sob pena de a sociedade sofrer com apagões no sistema elétrico do Estado. “Esperamos afastar de vez esse fantasma. Em algumas regiões a situação é de pré-colapso”, afirmou.
A proposta encaminhada ao Ministério de Minas e Energia traz as premissas do plano, apresenta a proposta de recuperação e traça um minucioso planejamento estratégico no período de 2011 a 2015. Destaca ainda a visão da Celg como indutora do desenvolvimento do Estado, e a missão de prover soluções e serviços na busca da satisfação de clientes, acionistas e colaboradores. Por fim, detalha o programa emergencial de investimentos no sistema elétrico, em razão da demanda crescente por energia.
Fonte: Jornal o Hoje