Chuva contínua castiga Goiás
Vinicius Mamede
Um quarto de toda a chuva esperada para o mês de janeiro caiu nos três primeiros dias do ano, em Goiânia. Como a chuva não para de cair, a expectativa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e que ela ultrapasse o esperado para o mês, que seria de 270,3 milímetros. Reflexos do fenômeno La Niña que dobrou a quantidade de chuva esperada no mês de dezembro – de 258,8 mm para 449,8 mm – e que deve continuar a influenciar o clima em janeiro.
A previsão mais otimista da chefe da Seção de Previsão do Tempo do Inmet, Marna Mesquita, é de que o Sol apareça apenas no início da quinta-feira. Até lá, a chuva não deve dar trégua a capital. A situação mais preocupante, porém, vive a cidade de Aragarças, as margens do Rio Araguaia. Segundo a meteorologista, nos primeiros três dias àquela cidade já recebeu mais da metade da chuva que deveria cair durante todo o mês – 147 dos 270 mm esperados. Assim, Marna alerta para possíveis alagamentos, uma vez que a chuva também só dará descanso na quinta.
Chove ininterruptamente no Estado desde a manhã de domingo, segundo dia do ano. Até por isso buracos, desmoronamentos e acidentes assolaram as ruas da capital e as estradas no Estado. Em Goiânia, foram 31 acidentes no primeiro dia após o feriado prolongado da virada, e 55 nos três primeiros dias do ano. Período em que caiu muita chuva e responsável por aumento de 111% sobre o total de acidentes em mesmos três dias do ano passado, quando a Agência Municipal de Trânsito (AMT) notificou apenas 26 deles.
Acidentes
“A mistura de chuva frequente e desatenção dos motoristas foi a responsável pela maior parte das colisões nesse primeiro dia da volta do feriado nas ruas da capital”, atestou o chefe de gabinete da AMT, Miguel Carlos Leite. De acordo com ele, apesar de chover bastante, Goiânia não foi assolada por nenhuma tempestade e que faltou aos goianos colocar em prática tudo que é ensinado nas aulas de direção defensiva.
“Visibilidade ruim e pista escorregadia exigem uma distância maior entre os veículos e, obviamente, velocidade menor e mais atenção. Tudo o que faltou aos motoristas que se envolveram em algum acidente”, explicou ele. Ainda segundo o chefe da AMT, a chuva não atrapalhou o funcionamento de semáforos e nem exigiu desvios nas ruas da capital. Motivos que poderiam ser usados como desculpas.
Interdições
No interior do Estado, a chuva frequente encheu rios e quase derrubou pontes. Uma equipe da Agencia Goiana de Obras (Agetop) precisou sair às pressas para avaliar os estragos da chuva nas proximidades de uma ponte na GO-174 – sobre o Rio Pirapitinga – entre as cidades de Rio Verde e Montividiu. Um pedaço da pista distante cerca de 50 metros da ponte cedeu. Pela manhã, a polícia rodoviária sinalizou o local e o trânsito ficou praticamente em meia pista. Porém, devido ao tráfego de veículos pesados, é possível que a ponte seja interditada nos próximos dias.
Meia ponte
Uma outra ponte, na entrada da cidade de Itauçu, foi inundada porque o Rio Meia Ponte transbordou. De acordo com o comandante do Batalhão Rodoviário, Victor Dragalgew, o trânsito precisou ser impedido no local e os policias esperam o rio baixar para analisar se houve estragos na ponte. Ainda segundo o militar, o quilometro 50 da GO-080 precisou ser interditado porque parte da pista cedeu com a chuva. Mesmo motivo levou a interdição da GO-154 nas proximidades da cidade de Taquaral de Goiás.
Na BR-060, onde uma cratera aumentou a distância entre a capital federal e Goiânia, o tráfego segue praticamente normal. De acordo com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Pérsio Prado, os veículos seguem sem maiores problemas pelos dois desvios construídos no local – um utilizando o antigo trecho da rodovia e o outro usando o acostamento e depois seguindo por uma pista improvisada em uma propriedade particular.
Segundo o inspetor “não há notícias de que o buraco na BR-060 tenha ficado maior em consequência das chuvas que caíram no feriado”. Contudo, o tráfego de veículos pesados continua impedido naquele local. Enquanto isso, uma das vias auxiliares para Brasília sofre com essa proibição. Um viaduto na BR-070 na altura de Águas Lindas de Goiás apresenta várias rachaduras e pode apresentar problemas com o aumento de fluxo de veículos naquele trecho e com as chuvas.
Fonte: Jornal o Hoje
Foto: Rubens Cerqueira