Norte-Sul vai absorver 30% do transporte de cargas
Mais de 70% do transporte de cargas em Goiás são feitos através de rodovias. Com a construção da Ferrovia Norte-Sul, prevista para ser entregue até abril deste ano, 30% dessas cargas devem ser absorvidas pela malha férrea, segundo estudos mercadológicos preliminares da Valec, principalmente a produção agrícola, commodities minerais e combustíveis. Apesar da alteração no transporte, a previsão é de que, pelo menos no início, não haja redução na demanda por transportes, através das rodovias goianas.
O superintendente comercial da Valec, Mauro Augusto Ramos, avalia que o início das atividades da Ferrovia Norte-Sul, causará mudanças no transporte de cargas rodoviário no Estado, mas que não devem impactar na demanda reduzindo o volume de cargas. “As cargas de longa distância podem sofrer alguma redução, mas deverá aumentar o número de cargas dos pólos produtores até os ramais da ferrovia”, acredita.
Os presidentes da Associação dos Caminhoneiros e Frotistas de Goiás (Acef), Mozart Luiz Carneiro, e do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Goiás (Setceg), Paulo Afonso Lustosa, concordam quanto às alterações causadas pela Norte-Sul. “A utilização da ferrovia será gradual. Acredito que haverá mudanças, sim, mas no direcionamento de algumas cargas, como grãos. Outros itens são entregues fracionados, direto nas lojas, o que inviabiliza o transporte ferroviário”, avalia Carneiro.
Para Lustosa, mais de 70% do transporte de cargas pelo Estado é feito por via rodoviária, percentual que não deverá sofrer redução. “Além do gargalo burocrático, há cargas que não convêm ser transportadas por trem, ou porque precisam ser entregues rapidamente, ou porque são muito pequenas”, diz o presidente do Setceg.
Estradas Ruins
Na opinião dele, as más condições das estradas ainda são os grandes obstáculos para o transporte de cargas no Estado e não a chegada da malha ferroviária. “O País não tem malha rodoviária suficiente e sofremos com a má conservação dessas vias. Estamos em 19ª posição em malha asfaltada no mundo”, conta ele.
Em Goiás, existem 20 mil quilômetros de rodovias, sendo que apenas metade delas é asfaltada, segundo informações da Secretaria Estadual de Gestão e Planejamento (Seplan). Conforme Lustosa, cerca de 50% das rodovias asfaltadas precisam de algum tipo de intervenção, como recapeamento, reconstrução ou serviços de tapa-buracos.
Pelas rodovias BR-050 e BR-153 transitam diariamente cerca de oito mil caminhões. Segundo último relatório de 2010, sobre rodovias nacionais, da Companhia Nacional de Transportes (CNT), 65% das rodovias federais que cortam o Estado são consideradas entre regulares, ruins ou péssimas.
De acordo com o secretário Estadual de Infraestrutura, Wilder Morais, a Ferrovia Norte-Sul e seus ramais vão representar uma economia de 30% em relação ao frete rodoviário, sem contar a redução de investimentos para recuperação das estradas.
Fonte: Jornal o Hoje