Pesquisa aponta que 50% está na classe C Sônia Ferreira - O Popular

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Ruberval e Rosana, com os filhos Pedro Augusto e Ana Sofia: carro recém-adquirido
Depois de abastecer o armário da cozinha e a geladeira com o frango, frutas, iogurtes, chocolates, refrigerantes e comidas semiprontas, os consumidores da classe C, o novo rotor da economia brasileira, estão voltando suas compras para bens denotadores de prestígio, como eletroeletrônicos de última geração e até veículos. Eles estão preocupados também em dispor de mais tecnologia no seu dia-a-dia para garantir qualidade de vida.

A classe C teve ganho de renda de mais de 9%, nos últimos cinco anos, contra apenas 2% nas classes mais alta (A e B). Com isso, esses consumidores já movimentam 46% da renda nacional, ante 44% das classes A e B. Na Grande Goiânia, são mais 520 mil pessoas que passaram a integrar a nova classe social, totalizando agora quase 875 mil pessoas, o que já representa 50% da população consumidora.

A constatação é da pesquisa do Instituto Ipsos Marplan-EGM, realizado a pedido da Organização Jaime Câmara, com pessoas de ambos os sexos acima de dez anos. Foram realizadas 1.802 entrevistas, no período de 22 de outubro a 22 de dezembro de 2009, entre a população projetada de 1.748.000 pessoas. (veja quadro)

Com o avanço da renda e da ampliação do crédito, os consumidores da nova classe social goiana almejam bens e serviços que antes não tinham acesso, inclusive de itens usados tradicionalmente para qualificar a classe social de uma família.

Na posse de bens duráveis, como televisores de última tecnologia, acima de 27 polegadas, geladeira duplex, fogão com acionamento automático, os consumidores da classe C da Grande Goiânia já estão colados naqueles situados no topo da pirâmide social, as classes A e B. Já os bens como rádio e aparelho de DVD estão presentes de forma semelhante nos dois estratos sociais, sem falar do telefone celular.

O padrão de vida da família do porteiro Hélio Francisco de Araújo, casado com Rosa Maria Gomes de Araújo, com quem tem quatro filhos, melhorou muito nos últimos anos, acompanhando o avanço da economia brasileira. Com a entrada no mercado de trabalho da esposa Rosa e dos filhos maiores, Débora e Lucas, a família Araújo foi mais uma que ascendeu no estrato social e passou a integrar a nova classe média brasileira, a C.

Nos últimos 18 meses, a família Araújo comprou uma geladeira duplex de última geração, jogos novos de sofá e de mesa de cozinha, micro-ondas, máquina de lavar roupa, armários para a cozinha, aparelhos celular, tudo novinho, e ainda está ampliando e reformando a casa própria.

“Tudo isso era um sonho para nós. Agora é realidade, graças às facilidades de crédito e à nossa melhoria de renda”, afirmaram Hélio e Rosa Araújo. Eles contam que todas as compras extras da casa são feitas no crediário. “Mal acabamos de pagar um financiamento e já fazemos outro. Essa é a única maneira de termos as coisas boas em casa, já que o dinheiro do meu salário é para a compra de alimentos, remédios e gastos com água, luz e impostos”, relata Hélio Araújo. Mas, Rosa avisa: “só vou até a onde a mão alcança. Não deixo nenhuma prestação atrasar.”

Qualidade

O pesquisador do Instituto Ipsos Marplan, Diego Oliveira, observa que a tendência entre a nova classe média é a busca pela qualidade de vida, o consumo de produtos de maior qualidade e o investimento em lazer. A diretora de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria, Heloisa Menezes, confirma que o consumidor da classe C não quer mais geladeira ou TV, produtos que já tem em casa. Quer educação de qualidade, lazer e bens mais qualificados”.

Os professores da rede pública de ensino Ruberval Gonçalves de Morais e Rosana Chiochetti, casados há seis anos e pais de dois filhos de 2 e 3 anos de idade, investiram na melhoria da qualidade de vida. Equiparam a casa com eletroeletrônicos e eletrodomésticos, como máquinas de lavar roupa e louça, micro-ondas, notebook, geladeira duplex, TV de LCD de 29 polegadas e armários de cozinha. Além disso, compraram um carro usado para facilitar o transporte. “Estamos sempre buscando o mais novo e o melhor do mercado para otimizar nossas tarefas domésticas e garantir mais tempo para o lazer”, explica Ruberval.

Ele conta que as crianças já estão matriculadas numa escola da rede pública de tempo integral e antes de ir às compras sempre faz pesquisa de preço pela internet. “Ao tomar essas duas atitudes garanto uma economia de mais de R$ 1 mil por mês nas despesas domésticas. Com esse dinheiro poupado já estamos programando a compra de um apartamento de três dormitórios”, revela .

Definição pela renda e nível educacional

Atualmente, é fácil identificar a classe C no Brasil. Pode-se determiná-la por meio da renda ou de seu nível educacional. Mas, em linhas gerais, ela é representada pelas famílias cuja renda mensal vai de R$ 1.165,71 a R$ 2.999,41, de acordo com estudos do Instituto Ipsos Marplan-EGM.

Para o Instituto Brasileiro de Economia, da FGV, ter razoável margem de renda para gastos discricionários (educação, saúde, recreação e lazer, comunicações, higiene e cuidados pessoais e produtos para domicílio) é condição indispensável para integrar a classe média.

Estima-se que um terço da renda disponível dessas famílias é destinada ao consumo de bens e serviços, após os gastos inadiáveis com as necessidades básicas de alimentação, habitação, vestuário e transporte.

Imóvel e carro são os bens mais desejados

Nos últimos cinco anos, 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe média. A classe C, classificada pelos sociólogos como o grupo de pessoas que acaba de vencer a pobreza, com renda entre R$ 1.165,71 e R$ 2.999,42, se tornou a mais numerosa do País, com 92,8 milhões de brasileiros, praticamente a metade da população, além de deter a maior fatia da renda nacional.

Na grande Goiânia, a classe C foi a que mais cresceu, nos últimos cinco anos e já representa 50% da população, dos quais a maioria (65%) está no mercado de trabalho. Os dados são de uma pesquisa do Instituto Ipsos Marplan-EGM, realizada a pedido da Organização Jaime Câmara.

Juntos

O estudo mostra que em 42% dos lares das famílias da nova classe média da Grande Goiânia, apenas duas pessoas contribuem com a renda da casa e que 97% moram com a família e 63% tem imóvel próprio. A maioria (48%) é casada e tem filhos menores.

O estudo da Ipsos Marplan apontou que, entre os bens mais importantes para a classe média figuram, além da casa própria, o automóvel. Contudo, apenas 35% das pessoas da nova classe social da Grande Goiânia tem carro próprio. Porém, 155 mil pessoas pretendem adquirir um veículo, mesmo que usado, nos próximos anos, enquanto 346 mil tem planos de comprar, trocar, construir ou reformar a própria casa.

O professor Aurélio Troncoso, coordenador do Centro de Pesquisas Econômicas e Mercadológicas das Faculdades Alfa, lembra que a melhoria da renda e as facilidades de crédito permitiram às pessoas da classe C realizarem os sonhos do consumo. “A maioria não se preocupa em se endividar. Porém todos têm a preocupação de pagar as contas em dia, pois sabe que é preciso sempre ter crédito na praça para ir novamente às compras”, observa.

Ele acrescenta que, no ano passado, durante a crise financeira mundial foi o consumo das pessoas da nova classe média que ajudou o Brasil a superar as turbulências. “É a classe C que movimenta o Brasil em termos de compra, enquanto os consumidores da classe B sustentam o superávit primário, através do pagamento de impostos”, compara o professor.

Fonte: Goiasnet
Imagem: desconhecido.