Seca: Abastecimento de água está garantido nas próximas quatro décadas em Goiânia
Saneago diz que a Região Metropolitana consome 30% a mais de água na seca. Órgão busca economia nas contas de energia para mais investimentos
O fornecimento de água em Goiânia e Região Metropolitana está em situação confortável para os próximos 45 anos, pois não há problemas com a chamada água bruta, contida nos mananciais. A situação favorável aos consumidores é reforçada pelo funcionamento do novo Sistema Produtor Mauro Borges. Pelo menos essa é a previsão do presidente da Saneago, Júlio Cezar Vaz de Melo, que em entrevista ao Jornal Opção Online nesta sexta-feira (17/10) avaliou a situação da capital no recente panorama de escassez hídrica em todo o País, principalmente no Estado de São Paulo, que passa por uma crise sem precedentes.
No tempo seco e de estiagem, o autoconsumo do produto aumentou em 30% na capital goiana, principalmente pelo uso inadequado e pelo prolongamento do período sem chuvas.
“Nosso sistema trabalha 24h por dia e estamos sujeitos à interrupção de energia elétrica [por conta do uso em excesso]. O sistema está exaurido e não é culpa da Celg e, sim, do clima”, justificou o dirigente. Ele citou que os mananciais estão preservados e que, há sim, interrupção no fornecimento dos serviços, mas em pontos isolados.
Júlio Vaz minimiza o problema alertando que isso ocorre porque o bombeamento acontece apenas na fonte. Seria pior, pontuou, se as falhas fossem na captação. “Hoje, estamos em alerta máximo.”
Em análise final, o presidente concluiu que o problema pelo qual passa a capital de São Paulo é climático, o que não acontecia há tempos. “Se tivermos a mesma situação [de falta de chuvas] em Goiás, vamos ter problemas. Precisamos de chuva para repor o conteúdo. O problema não é de governo, pois no interior também há falhas”, explicou.
Investimentos
O presidente da Saneago lembrou que os investimentos que estão sendo feitos vão sanar os problemas no próximo ano. “Produzimos 4,5 mil litros de água por segundo a partir dos dois sistemas: do Meia Ponte e do João Leite”, listou, complementando que a população goianiense está gastando tudo o que está sendo produzido.
No entanto, alerta que os possíveis problemas em equipamentos poderiam piorar a situação. O novo Sistema Produtor Mauro Borges, que compreende a barragem do Ribeirão João Leite, a estação elevatória de água bruta e estação de tratamento de água totalizam R$ 460 milhões em investimentos. Júlio Vaz indicou que o planejamento do governo estadual proporciona condições para que a captação seja bem executada. “Em 2011, lá verteu, ou seja, transbordou, passou da borda. Então, temos água o suficiente”, destacou. Devido à estiagem, 2014 é o primeiro ano que não ocorreu tal processo.
O complexo envolve um elevatório e uma adutora de água bruta que vai até a estação de tratamento de água. Depois, tem a adutora de água tratada que faz a distribuição para a cidade. A reserva, ressaltou, seria de 40 milhões de litros. Com 95% das obras prontas e em fase de pré-operação, todo o volume de água terá vazão por gravidade, mesmo com a falta de energia. O motivo é que o centro de bombeamento está em um nível de solo mais alto do que 85% da cidade.
Para economizar dinheiro e direcionar recursos para o setor, o presidente disse que o sistema usa turbinas eletromecânicas — que geram a própria energia para levar água até os consumidores. Assim, a Saneago pagaria valor menor que os atuais R$ 10 milhões por mês com contas de energia à Celg. A economia, conforme cálculo da empresa, chegaria a R$ 1 milhão por mês.
Toda a quantia será reinvestida na própria empresa, como na universalização do esgotamento sanitário. “A meta é universalizar em todo o Estado. Em Goiânia, a universalização está sendo feita e, até o fim deste ano, estaremos com o processo quase concluído”, relatou.
Fonte: Jornal Opção (Marcello Dantas)