Goiás: Candidatos famosos ou com grandes chances que não foram eleitos
Candidatos famosos ou com grandes chances perderam as eleições para o Parlamento
Eleições são decisões de momento que exigem determinação e ação dos protagonistas. Os eleitores podem até se esquecer em quem votaram anos depois do pleito que participaram, mas os derrotados jamais esquecem os eleitores e as eleições em que foram rejeitados pelas urnas.
O comportamento do eleitorado costuma ser inesperado. Por mais que o político tenha controle, a derrota nunca pode ser descartada. Que o digam os que se frustraram na meta de chegar à Câmara Federal. Em rápida avaliação, com o montante que gastaram, todos juntos perderam quase R$ 10 milhões.
Sob o manto da soberania popular, quis a população que Jorge Kajuru, cronista esportivo conhecido nacionalmente, fosse eleito. Ele, inclusive, obteve 106 mil votos. Todavia, a legislação não permite que as eleições sejam eventos em volta de personalidades, mas de partidos. Diante desse princípio, quase que universal, faltou ao cronista um pequeno detalhe: um partido competitivo.
O PRP escolhido por Kajuru é um nanico que não obteve votos suficientes para integrar a Câmara Federal. E diante do aparente sucesso nas urnas, foi retumbante o fracasso de não perceber as normas rígidas eleitorais.
O radialista Sandes Júnior (PP) foi outro rejeitado pela população, mesmo sendo um dos raros políticos goianos a apresentar um projeto de emenda constitucional e conseguir plasmar suas ideias na Carta Magna. Detentor de cinco mandatos (dois estaduais e três federais), ele pode fazer falta se levar em conta o volume de trabalho já protagonizado.
José Mário Schreiner (PSD) é outro que ficou de fora, apesar do aparente favoritismo. Presidente licenciado da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg) e líder dos produtores rurais, além de pretendente a herdeiro dos votos de Ronaldo Caiado, não chegou lá. Era quase certo. Agora amarga a suplência e pode até assumir, mas não será com o gosto de vitória.
O maior fracasso, todavia, é a derrota da deputada federal Iris Araújo (PMDB). Campeã de votos nas eleições de 2006 e 2010, ela viu cair em mais da metade o desempenho nas urnas. Afastada dos grandes debates públicos, apesar de contar com pedigree político, pois já foi até candidata a vice-presidente do País, Iris perdeu as eleições após presenciar uma injustiça interna: se engalfinhou dentro do partido para que o marido fosse candidato, criando rusgas com inúmeros peemedebistas.
O marido foi vitorioso na seleção interna contra o empresário Júnior Friboi, todavia, deixou que candidatos como Daniel Vilela (PMDB) e Lucas Vergílio (SDD) estourassem seus redutos eleitorais. Isso sem contar o intruso delegado Waldir (PSDB), que penetrou fundo em seu eleitorado da região Noroeste e Aparecida de Goiânia. Resumo da ópera: perdeu por conta de uma má articulação, que não repartiu votos suficientes para que pudesse elegê-la e por uma surpresa inesperada.
Outro rejeitado pelas urnas é o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e agrônomo Edward Madureira (PT). Disputado a peso de ouro por partidos em 2013, optou pelo PT de forma pouco estratégica: competiu na sigla com políticos melhores de voto no segmento universitário e da educação, caso de Mauro Rubem e Olavo Noleto.
Estes três se embolaram e perderam uma segunda vaga para o PT considerada como certa. O subchefe para Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Noleto, então, era considerado favorito e pelas ruas se observou que sua campanha não custou barato.
Mauro Rubem (PT), ainda deputado estadual, deu um salto muito acima do que poderia. Considerado um político atuante, apesar de polêmico, resta agora acompanhar a Assembleia Legislativa através do noticiário.
Outra surpresa foi a derrota do ex-secretário de Saúde, o médico Antônio Faleiros (PSDB). Ex-deputado federal e braço direito nos governos Henrique Santillo e Marconi Perillo, ele não conseguiu retornar à Câmara Federal. Homem de grande cultura, disposto a realizar uma boa atuação na casa, deve voltar – de fato – ao governo.
CANTOR
Dentre os famosos, o cantor José Rico (PMDB), da dupla Milionário e José Rico, amargou uma votação ridícula para sua estatura: 26.086 votos. Nos bastidores, a informação é de que o cantor esperava uma grande virada de sufrágios nas urnas apenas pelo nome e hits emplacados na década de 1970. Quando um político tradicional tentou explicar que existem outras 'estradas da vida', não tão longas, para se vencer as eleições, o rei da voz de dó do peito ignorou e disse que sabia lidar com seus 'fãs'. Os votos de Rico não o colocariam nem mesmo na Assembleia. E a maledicência ainda circula dentro do PMDB: "Os fãs de Milionário e Zé Rico já morreram, são de quatro décadas atrás. Tinha que ser candidato na década de 1980. Atrasou 30 anos".
Outras derrotas marcaram as eleições, caso do fim de linha para Valdivino de Oliveira (PSDB), suplente de deputado federal e ex-secretário estadual de Fazenda do governo Iris Rezende. Mesmo com tamanho currículo, resta a ele se curar da derrota, que já era considerada esperada.
Outro conhecido na política goiana é o professor Cleovan Siqueira (PSD), ex-deputado estadual que tenta refundar o PL – partido desaparecido desde que surgiu o PR. Ele teve míseros 856 votos.
Na mesma linha, Marcão do Jardim Canedo (PTN) conseguiu 411 votos. É fácil ainda se lembrar de Marcão: é o candidato que prometeu, se eleito, ajudar financeiramente a família e os amigos. Com o resultado, vai ter que encontrar outra forma de auxiliar os companheiros. Se bem que, pela quantidade de votos, não terá muitos problemas para ajudar o numerário diminuto de amigos.
Dentre as decepções familiares, novamente a vereadora Tatiana Lemos (PCdoB), filha da deputada estadual Isaura Lemos e do ex-vereador Euler Ivo, não emplacou. Aprisionada na Câmara Municipal de Goiânia, já que não pôde ser candidata a deputada estadual, por conta da atuação da mãe concorrente, resta a Tatiana, a cada quatro anos, uma tentativa inglórIa: tentar se eleger deputada federal.
Assembleia enterra sonhos de retorno
A Assembleia Legislativa de Goiás também passou longe para muita gente. O pastor Jefferson Rodrigues (PRB), lançado pela Igreja Universal do Reino de Deus, não se elegeu. Diga-se, os candidatos da igreja fracassaram – Gilvan Máximo, no mesmo partido, tentou carreira federal, mas nem ameaçou ganhar as eleições.
Outro evangélico rejeitado pela casa é o deputado estadual Daniel Messac (PSDB). Apoiado por igrejas da Assembleia de Deus e denunciado na Operação Poltergeist, ele não conseguiu se manter na casa. Terá tempo suficiente agora para se defender das acusações do Ministério Público.
Outro evangélico ignorado pelas urnas é o ex-deputado estadual Samuel Almeida (PSDB), que já foi presidente da Assembleia Legislativa e agora foi esquecido pelos eleitores.
Se os cristão custaram a obter votos para entrar na casa, imagine o ator Zé Capeta (PRB). Com esse nome, não obteve votos para vencer uma disputa de vereador – menos de mil sufrágios.
COMUNICAÇÃO
A bancada da comunicação fará falta na casa, em partes. Deputado e líder do PSDB, Túlio Isac não conseguiu se reeleger. Era o único dos deputados que entrava em bola dividida para defender o governador, agindo com agressividade. Fará falta nas polêmicas e nas expressões engraçadas.
Já o radialista e deputado Elias Júnior (PMN) também não retorna ao Legislativo. Diga-se, pela produtividade, sequer parece ter estado quatro anos na casa. Passou de rosto conhecido para desconhecido em poucos anos.
Fora Virmondes Cruvinel Filho (PSD) e Charles Bento (PRTB), dentre os eleitos, os demais vereadores de Goiânia mergulharam em uma disputa sem sucesso. Clécio Alves (PMDB), presidente da Câmara de Goiânia, perdeu novamente.
Elias Vaz (PSB), Felisberto Tavares (PT), Cristina Lopes (PSDB), Paulo Magalhães (SDD), dentre outros, se entrelaçaram nas pernas ao tentar dar um salto maior do que podem. Todos caíram e voltam novamente para a Câmara.
Já os ex-deputados, saudosistas, tentaram voltar a todo custo para a casa. Alguns deles, como a ex-primeira dama de Anápolis e ex-deputada Onaide Santillo (PSDB) e Afrêni Gonçalves (PSDB), que já teve momentos memoráveis como líder do governo, não conseguiram articular boas campanhas.
Por sua vez, muitos políticos que tentaram a reeleição foram rejeitados, caso do deputado Francisco Gedda (PTN), antes braço direito do ex-governador Alcides Rodrigues e de toda a oposição. Há dois meses, se aventurava a até articular os opositores tendo em vista uma candidatura de Júnior Friboi. Agora, tende a ser uma sombra prestes a desaparecer da política goiana.
Jovens como o deputado Frederico Nascimento (PSD), filho do empresário e ex-secretário de Planejamento Oton Nascimento, ficarão de fora do Legislativo por um ou outro equívoco. Nascimento, no caso, ficou muito distante dos holofotes durante o mandato e não conseguiu contabilizar votos suficientes para reeleição.
O mesmo aconteceu com Karlos Cabral (PT), de Rio Verde, e Nélio Fortunato (PMDB), representante de Trindade, que também poderão acompanhar os embates da casa por meio da TV Assembleia.
Na mesma linha, dentre os políticos mais jovens, Wagner Siqueira (PMDB), filho do ex-deputado Wolney Siqueira e um dos seguidores do empresário Júnior Friboi, não conseguiu êxito – fechando um ciclo de sucesso nas urnas dentre os ex-dirigentes da combalida Comurg.
QUALIFICADO
A casa sentirá falta do delegado de polícia e deputado estadual Marcos Martins (PSDB), que perdeu a disputa. É um debatedor qualificado sobre segurança pública, mas pouco investiu em comunicação, estando afastado da mídia na maior parte do tempo.
Na mesma linha, dos que não voltam para os próximos anos se incluem Wellington Valim (PSL), Ozair José (PT), Pedro Canedo e Carlos Alberto Leréia (PSDB) – que até foi humilde e tentou sair de um gabinete federal para estadual, mas acabou possivelmente tendo sua imagem desgastada pelos constantes elogios de um controverso empresário goiano.
Dos que se apresentavam como novidade, coronel Macário (PRB) e a jovem Deborah Evellyn (PCdoB), presidente do DCE da PUC (GO), também considerada a 'musa das eleições 2014", não conseguiriam a eleição nem se juntassem seus votos – o que seria impossível devido a linha ideológica dos dois.
Fonte: DM (WELLITON CARLOS)