Goiânia: Uma cidade formada por 17 municípios

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Crescimento de cidades vizinhas intensifica processo de conurbação em Goiânia. Nos últimos anos, Goiânia registrou um surpreendente crescimento urbano, criando novas demandas para o poder público

A evolução do crescimento da região metropolitana de Goiânia tem feito a Capital experimentar o mesmo processo de expansão que viveu São Paulo há cerca de 30 anos, que hoje tem 39 cidades em sua região metropolitana e uma população superior a 20 milhões de pessoas.

Especialistas acreditam que o fato de cidades vizinhas já estarem “coladas” em Goiânia só se intensificará nos próximos anos, o que demandará cada vez mais investimentos na prestação de serviços do poder público. Hoje, a região metropolitana de Goiânia conta com 17 cidades e uma população de 2,1 milhões de habitantes, de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso de Goiânia, a conurbação (união de um ou mais municípios) é mais intensa com Aparecida de Goiânia, onde, em algumas regiões, é impossível mensurar onde é uma ou outra. Segundo o IBGE, a população de Aparecida saltou de 42 mil em 1980 para 455 mil em 2010. Um crescimento de 904,7% em 30 anos.

Apesar de a Grande Goiânia ser composta por 17 cidades, em três já é possível observar a intensificação no processo de conurbação: Aparecida, Trindade e Senador Canedo vivem situações semelhantes, onde determinadas regiões já estão praticamente dentro da Capital.

A população desses outros dois municípios também apresentou explosão no crescimento populacional. Trindade tinha 30 mil habitantes em 1980 e atualmente conta com 104 mil. Já em Senador Canedo, a população subiu de 23 mil em 1980 para 84 mil em 2010.

Unificação

O superintendente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de Goiás, Edson Roberto Vieira, explica que a expansão dos municípios que compõem a Grande Goiânia não acontece na mesma proporção que outras grandes metrópoles do país, mas essa é uma tendência.

Vieira explica que o custo de vida, influenciado principalmente pelo valor da moradia nas metrópoles, é um dos fatores mais importantes para explicar o crescimento das cidades vizinhas a Goiânia.

O superintendente do Instituto Mauro Borges, ligado a Secretaria Estadual de Gestão e Planejamento, Aurélio Troncoso, destaca que um dos fatos que contribuem para o inchaço da região metropolitana de Goiânia é o êxodo rural, fenômeno que não se restringe somente a Goiás, mas a todo país.

“A mecanização do campo expulsou as pessoas da área rural e, chegando à cidade, o custo de viver na Capital é muito caro. Com isso, as pessoas passam a migrar para os municípios vizinhos, criando cidades dormitórios (a população trabalha na Capital, mas dorme em outro município”.

De acordo com ele, as cidades dormitórios se expandiram principalmente nos últimos cinco anos. Como exemplo, Troncoso cita Senador Canedo, Trindade, Inhumas, Goianira, Aragoiânia e Goianápolis.

Expansão gera uma série de problemas 

A expansão das cidades no entorno de Goiânia acaba gerando alguns problemas, que são sentidos principalmente nos municípios vizinhos à Capital, onde a demanda por serviços do poder público é grande e as prefeituras não dão conta de responder em tempo hábil.

“Esse crescimento gera uma demanda em cima do poder público em termos de tudo. Você tem criar vagas em escolas, no sistema de saúde e ofercer transporte de qualidade. Todo um aparato público para atender as pessoas precisa ser criado e nem sempre há um crescimento de tributos na mesma proporção em que a população cresce. Então, os governos locais ficam pressionados”, ressalta o superintendente do IBGE, Edson Roberto Vieira.

Além dos problemas clássicos nas áreas de educação, saúde, segurança e mobilidade urbana, Vieira lembra que, em muitos casos, a infraestrutura urbana deixa a desejar. “Algumas áreas de expansão urbana não têm as mínimas condições necessárias para receber as pessoas e acaba gerando outros problemas. Loteamentos são lançados sem qualquer infraestrutura que possa minimizar os problemas dessa população”, ressalta o superintendente.

Terra do ‘nem’

Outro problema está relacionado à divisa dos municípios, já que determinadas regiões, por estarem no limites de duas cidades, ficam abandonadas. E, em alguns casos, os impostos podem ser gerados pelos dois municípios. “Há regiões onde não há uma definição muito clara do que é Goiânia, Senador Canedo ou Trindade e quem perde com isso é a população, que fica desassistida”, diz Aurélio Troncoso, superintendente do Instituto Mauro Borges.

Apesar dos problemas, que são cada dia mais gritantes, quando se analisa a junção das cidades vizinhas à Capital, o superintendente do IBGE cita que devido ao crescimento, Aparecida ganhou independência em relação a Goiânia, passando a ter uma dinâmica própria de desenvolvimento. “Há um setor de serviços, indústria e comércio que cresceu e se desenvolveu na região, promovendo uma dinâmica local”, explica.

Ele acredita que esse fato pode se repetir com os demais municípios que integram a região Metropolitana de Goiânia. Troncoso concorda e lembra o caso de Anápolis, que, no passado, foi cidade dormitório de Goiânia, mas que hoje – industrializada e independente -, faz o papel inverso, atraindo pessoas para trabalhar no município. “Atualmente, Goianápolis é a cidade dormitório de Anápolis em substituição a Goiânia”, arremata.

Fonte: Jornal O Hoje