O descrédito e a desconfiança da população com os políticos

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Os goianienses mantêm o descrédito e a desconfiança em relação aos governantes e aos políticos, situação agravada com as manifestações de ruas que ocorrem no País desde o dia 20 de junho passado, atesta levantamento feito pelo Instituto Serpes nos dias 29 de junho e 1º de julho. Dos 421 entrevistados, 4,8% não avaliaram e 4% disseram não ter acompanhado.

À pergunta do que acham da postura dos governos e de parlamentares, 54% dos entrevistados da Capital disseram que, de momento, vão agir conforme cobranças da população, mas pouco depois tudo será igual. Outros 19,5% dos pesquisados se mostram mais pessimistas: acham que nada vai mudar.

A parcela otimista soma 19,7%: são os que acham que os detentores de mandatos eletivos - Executivo ou Legislativo - vão se comportar de agora em diante mais de acordo com os anseios da população. Dos entrevistados, 4% afirmaram que não acompanharam a repercussão e 2,6% não opinaram.

Questionados sobre a reação da presidenta Dilma Rousseff (PT) aos protestos de rua, 48,7% dos entrevistados pelo Serpes afirmaram que ficou aquém do esperado. Já 30,2% responderam que a petista respondeu corretamente como era de se esperar. Outros 4% afirmaram não ter acompanhado e 17,1% não avaliaram.

Sobre as reações de governos e do Legislativo, os entrevistados de 25 a 34 anos e que têm curso superior são os que menos acreditam que tudo vai continuar como antes - 16,4% e 11,9%, respectivamente. No grupo de 25 a 34 anos, a maioria - 63,76% - acha que os políticos vão rever a postura apenas inicialmente. É também o maior percentual na divisão de curso superior - 62,4%.

O goianiense na faixa de 16 a 24 anos é o que mais acredita que os políticos vão se comportar mais em sintonia com os desmandos populares - 26,8%. O percentual cai para 12,7% na faixa etária de 25 a 34 anos. Entre os entrevistados de 50 anos ou mais, 22,9% afirmaram acreditar em mudanças permanentes.

Os eleitores com curso superior são os mais exigentes em relação às respostas da presidenta Dilma Rousseff - 58,4% dos entrevistados consideraram insuficientes as medidas do governo federal. O índice cai a 30,2% no grupo que afirmou ler e escrever, a 49,1% entre os que têm ensino fundamental e a 47,3% dos com ensino médio. Por faixa etária, os entrevistados com 50 anos ou mais são os menos satisfeitos com o comportamento da presidenta da República após as manifestações de rua - 52,3%.

POLÍCIA

47% dos entrevistados na pesquisa Serpes em Goiânia consideraram que  a polícia agiu de forma adequada em relação às manifestações populares. Outros 31,4% consideram o comportamento mais violento do que deveria ser, enquanto 11,9% defenderam que a polícia deveria ter agido de forma mais enérgica.

O maior apoio à ação da polícia vem do grupo que lê e escreve: 58,1% acham que agiu em cumprimento ao que estabelece a lei. Entre os que têm curso superior, 51,5% aprovaram o comportamento policial. O percentual cai para 42,6% no grupo que tem ensino médio e 45,4% de nível fundamental.

A defesa por maior rigor da polícia é maior entre o grupo com nível superior: 16,8% defenderam uma atuação mais enérgica. Entre os que leem e escrevem, o percentual desce a 9,7%. Os entrevistados com nível fundamental e médio têm percentual semelhante: 10,2% e 10,7%.

Os jovens de 16 a 24 anos são os que mais condenaram a atitude da política - 36,6% acham que foi excessiva na violência. É também nessa faixa o maior percentual dos que defenderam atuação mais enérgica - 19,3%. Na faixa de 50 anos ou mais, 25,7% consideraram mais violenta do que deveria.

IMPRENSA

45,6% dos goianienses entrevistados pelo Serpes elogiaram a cobertura da imprensa às manifestações de rua. Já 22,8% consideraram excessivo o destaque às posições de grupos mais radicais dos protestos. Um total de 18,5% respondeu que não houve destaque suficiente às reivindicações dos manifestantes. 4,3% disseram repudiar o trabalho da imprensa pela falta de apoio à polícia.

A pesquisa mostra que entrevistados com curso superior são os que mais criticam a cobertura da imprensa por conta do excessivo destaque a atitudes violentas ou por não ter dado informações suficientes sobre as cobranças - 28,7%, cada. Homens - 49% -, o grupo entre 35 e 49 anos  -51,9% -, e com ensino fundamental -51.8% - são os que mais elogiam a cobertura.

Os entrevistados com curso superior são maioria dos que disseram ter participado das manifestações: 14,9%, enquanto que o grupo de ensino médio aparece com 13,6% e fundamental, 8,3%. Entre os que leem e escrevem, 90,7% acompanharam pela imprensa.

Saúde e corrupção,  as maiores preocupações dos goianienses

Saúde e corrupção são as principais reivindicações da população de Goiânia, segundo o levantamento feito pelo Instituto Serpes.

55,8% dos entrevistados disseram que a saúde é a demanda mais importante da população. 33,5% apontaram a corrupção dos políticos como o principal problema para os moradores da cidade. A educação ficou em terceiro lugar, com 19,5%.

O preço das passagens de ônibus, que foi o motivo causador inicial das mobilizações pelas ruas das principais cidades brasileiras, aparece em sétimo lugar na lista das principais reivindicações da população.

Para 19%, a aplicação de recursos públicos na realização da Copa das Confederações e na Copa do Mundo é outro problema apontado pelos goianienses.

A falta de segurança pública foi apontado por 18,8% dos entrevistados.

14,5% indicam a falta de atenção dos políticos e governos com os interesses da população como outro fator de preocupação.

Para 58% dos entrevistados, as manifestações de rua teriam sido perfeita se não houvesse baderna. 20% disseram não ter restrição alguma às manifestações. 14,2% avaliaram os protestos, mesmo pacíficas, como perigosas para a vida pública.

A corrupção foi indicada como principal problema por 41, 6% dos eleitores que têm curso superior. Entre os que apenas leem e escrevem e que cursaram ensino fundamental, o percentual foi de 27,9% e 24,1%, respectivamente. Mulheres - 63% -, eleitores de 25 a 34 anos - 60,9% - e que leem e escrevem - 65,1% - foram os que mais apontaram a saúde como maior reivindicação. Entre os homens, a corrupção foi apontada por 40,7% como o problema que exige mudança com maior urgência.

Fonte: Diário da Manhã