Mobilizações voltam a tomar ruas
Em Goiânia, manifestantes fecharam a BR-153 durante a manhã. Outro grupo se reuniu em frente o HC. No Centro, trabalhadores aderiram ao Dia Nacional de Lutas.
Manifestos orquestrados por centrais sindicais em todo o País repercutiram também em Goiás. Logo nas primeiras horas da manhã de ontem, um grupo fechou a BR-153, em Goiânia, impedindo o tráfego de veículos e causando um engarrafamento de oito quilômetros. A mobilização também tomou conta de ruas no Centro da capital, entre a Praça do Bandeirante e o Centro Administrativo, mas não houve confronto com a força militar ou atos de vandalismo.
Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a BR-153 foi interditada na região do Setor Vale dos Sonhos, sentido Anápolis. Além disso, foi parcialmente fechada no sentindo Goiânia, no setor Jardim Paraíso, no perímetro urbano de Aparecida de Goiânia. A rodovia foi liberada por volta das 8h30.
Na manhã do mesmo dia, manifestantes se reuniram em frente ao Hospital das Clínicas (HC), da Universidade Federal de Goiás, no Setor Universitário. O grupo era composto, principalmente, por professores da UFG e técnicos administrativos. A principal reivindicação era contra a terceirização do HC. Eles também pediam mais investimentos na saúde, educação, melhores condições de trabalho. Contratação de mais funcionários para a unidade também figurou no rol de pedidos.
Dia Nacional de Lutas
A Praça do Bandeirante (região central de Goiânia) também serviu para manifestos na manhã de ontem. Um grupo ganhou as ruas, por volta das 10 horas. Previamente agendado, o movimento faz parte do dia de protestos organizado nacionalmente por diversas centrais sindicais, que o batizaram de Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações. Houve atos programados para diversas cidades, em todo o País.
Em uníssono os grupos pediam – como reivindicações – o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução salarial. Clamavam ainda pela aceleração da reforma agrária, querem a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) à educação e de igual montante do Orçamento da União, para a saúde. Também pedem pela valorização da aposentadoria e fim de leilões de poços de petróleo.
Bloqueios
A circulação do transporte coletivo na Avenida Anhanguera foi interrompida. Também houve bloqueio de trânsito nas avenidas Goiás, Araguaia e Tocantins. A Polícia Militar (PM) manteve equipes nos locais, acompanhando todas as manifestações. Os protestos, revelou a corporação, seguiram de forma pacífica.
Rodovias são fechadas no interior de Goiás
A onda de protestos ganhou repercussão nas redes sociais. No microblog Twitter foi postada a informação de que a BR-153 foi interditada na altura do quilômetro 303, próximo a Itapaci (região do trevo da cidade, a 235 quilômetros de Goiânia). Manifestantes bloquearam a via e atearam fogo em pneus.
Na GO-080, trecho entre Goianésia e Barro Alto, manifestantes interditaram as duas pistas da rodovia. Eles queimaram pneus e, para atrapalhar o tráfego, espalharam objetos na via. O grupo, conforme apurado pelo O HOJE, seria integrante dos movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Camponês Popular. Eles pediam alterações nas políticas de reforma agrária no País.
Em Anápolis, professores, alunos e servidores da Universidade Estadual de Goiás (UEG) – com algumas unidades em greve há quase 80 dias – também realizaram protesto (leia matéria na página 10). Os manifestantes alegam que o governo estadual não repassa o total de recursos a que a UEG tem direito e que muitos cursos e alunos sofrem com carência de estrutura e professores.
Greve geral será proposta hoje
Reunidos em protesto na zona sul de São Paulo, cerca de cinco mil sindicalistas aprovaram a realização de uma greve geral de trabalhadores em todo o País. O pedido foi encabeçado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), que preside a Força Sindical.
“O governo abandonou e virou as costas para os trabalhadores. Não é possível viver com a inflação e o desemprego que já atinge os trabalhadores nas fábricas. Não é possível viver com uma política tão recessiva”, disse Paulinho. O sindicalista afirmou que irá se reunir hoje com as centrais, onde a greve geral será proposta.
Colocada em votação ontem, a greve geral foi aprovada pela maior parte dos manifestantes. Paulinho pediu, ainda, a demissão de Guido Mantega, ministro da Fazenda. Os trabalhadores, que estavam na ponte do Socorro, saíram em marcha em direção ao largo Treze de Maio, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Enquanto passavam pela avenida Santo Amaro, vários comerciantes fecharam as portas. “Pode deixar tudo aberto, somos trabalhadores. Não precisa fechar a porta. Não somos vândalos nem bandidos”, diziam diretores do sindicato, que se revezam no microfone no carro de som.
Durante a manifestação, os metalúrgicos, de cerca de 35 fábricas da região, deixaram uma faixa livre para não atrapalhar o transito.
Enquanto caminhavam, os manifestantes repetiam gritos de guerra, sobretudo contra a presidente Dilma. (Folhapress)
Bloqueios em onze Estados
Manifestantes bloquearam ontem rodovias em Goiás e em pelo menos dez Estados, totalizando ao menos 25 pontos fechados. Os atos fizeram parte do Dia Nacional de Lutas, organizado por centrais sindicais.
Em São Paulo, a rodovia Anhanguera foi interditada em dois pontos no sentido da capital. A rodovia Cônego Domênico Rangoni, que faz parte do sistema Anchieta-Imigrantes e liga São Paulo ao litoral, também teve pontos de interdição.
Em Alagoas, a BR-101 foi tomada por manifestantes em quatro pontos. Houve ainda bloqueios na BR-423, em Delmiro Gouveia, e na BR-316, em Atalaia. O acesso ao aeroporto, na região metropolitana de Maceió foi dificultado por um bloqueio na BR-104.
Pela manhã, cinco rodovias federais do Rio Grande do Sul tinham pontos bloqueados: BR-293, em Pinheiro Machado e Capão do Leão; a BR-285, em São Borja; a BR-116, em Caxias do Sul; a BR-153, em Erechim; e na BR-386, em Carazinho. Na Bahia, a BR-101 foi fechada em três pontos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, as interrupções começaram às 7 horas. Outras rodovias federais e estaduais que estavam bloqueadas foram logo reabertas.
Seis rodovias foram interditadas na Paraíba, segundo a polícia. Os bloqueios ficam nas cidades de Cajazeiras, Souza, Olho D’água, Caaporã, Mamanguape e Cabedelo. Na serra catarinense, a BR-116, em Correia Pinto (SC), esteve bloqueada por manifestantes desde as 10 horas. Cerca de mil pessoas ocuparam o posto de pedágio da rodovia. Em Natal (RN), segundo a Polícia Rodoviária Federal, cerca de 6 mil manifestantes interditaram a BR-101 na altura do km 94, nas imediações da Governadoria.
Pernambuco
Duas rodovias federais que cortam o interior de Pernambuco também foram interditadas por manifestantes que apoiam o Dia Nacional de Luta. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, foram bloqueadas a BR-428, na altura da cidade de Santa Maria da Boa Vista (Sertão), e a BR-423, no trecho que passa por Águas Belas (Agreste).
Pela manhã, oito rodovias chegaram a se paralisadas pelo grupo, que colocou entulhos e tocou fogo em objetos, mas seis foram liberadas. Trabalhadores sem terra interditam em Mato Grosso a BR-163, na altura da ponte sobre o rio Teles Pires, no município de Sorriso, e a BR-364, na serra de São Vicente.
Pará
No Pará, três rodovias estaduais foram bloqueadas desde as 8h. No fim da manhã, o único bloqueio que permaneceu é da PA-275, entre Curionópolis e Parauapebas, no sudeste do Estado. O bloqueio é feito por integrantes do MST. Mais cedo, a PA-124 foi bloqueada por mototaxistas perto de Salinópolis. A PA-151 também foi bloqueada em local próximo a Barcarena, que concentra indústrias. Nos dois casos, as rodovias foram liberadas às 10h. (Folhapress)
Fonte: Jornal O Hoje