Goiânia e Aparecida atraem R$ 12 bi

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Apesar da desaceleração da economia, os dois municípios conseguem concentrar investimentos.

Com posições estratégicas no País e donas dos 1º e 3º maiores Produtos Internos Brutos (PIB) de um Estado que tem crescido acima da média nacional, Goiânia e Aparecida de Goiânia conseguem concentrar grandes investimentos privados mesmo num momento em que a economia nacional está em desaceleração.
Contando os empreendimentos que estão em obras, os já lançados e aqueles em fase de elaboração e aprovação de projetos, as duas cidades terão em até cinco anos mais de R$ 12,2 bilhões em recursos aplicados (veja quadro), o que equivale, por exemplo, a quase 11% de toda a riqueza goiana gerada no ano passado.

NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Os negócios imobiliários - entre casas, apartamentos e salas comerciais - perfazem o maior volume de investimentos em Goiânia e Aparecida.

Ao todo, são 189 empreendimentos que terão R$ 8,6 bilhões em recursos, segundo levantamento da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO). Oitenta por cento deles estão em fase de obras.

Nessa conta não entram os shoppings centers, cujo crescimento também funciona como indicador positivo da economia. No total, entre construções e ampliações, o setor tem programado mais de R$ 1,3 bilhão em investimentos nas duas cidades.

A movimentação no mercado hoteleiro também garantiu um grande volume de recursos para ambos os municípios, com previsão de R$ 687 milhões. Até 2016, serão, pelo menos, mais sete novos hotéis já com projetos consolidados ou em fase de obras (mas o sindicato da categoria sinaliza que haverá mais unidades).
Outros dois grandes empreendimentos na área médico-hospitalar estão programados para Goiânia, ambos no Setor Marista - o hospital Premium (na Avenida D) e o complexo Órion (nas Avenidas Portugal com Mutirão), que também terá espaço para hotel, escritório e shopping.

Para o presidente da Ademi-GO, Ilézio Inácio Ferreira, o grande volume de recursos e a aposta das incorporadoras nos setores imobiliário e de negócios funcionam como um termômetro da confiança que os empresários estão tendo na economia das duas cidades, assim como de todo o Estado, que está entre os que mais crescem no País, porcentualmente. “E o mercado imobiliário foi um dos que mais contribuíram para este aumento”, destaca o dirigente.

Com a forte vocação para o agronegócio, Goiás se beneficiou da alta demanda por commodities agrícolas e alimentos no mercado nacional e internacional, o que permitiu uma posição de destaque no País nos últimos anos, característica que saltou aos olhos dos investidores, explica o consultor empresarial e membro do Conselho Regional de Economia de Goiás (Corecon), José Luiz Miranda.

Aliado a isso, está a posição estratégica de Goiânia e Aparecida (que estão próximas do Porto Seco de Anápolis), fator importante para a logística das empresas, na distribuição de produtos e matérias-primas, acrescenta José Luiz.

FATORES

Todos esses fatores acabam compondo uma cadeia: boa situação econômica e localização atraem novas empresas e investimentos, que geram novos empregos e, consequentemente, mais dinheiro a economia local.
O resultado dessa sequência de fatores impacta diretamente o setor de habitação e o comércio e, por isso, tantos novos empreendimentos habitacionais (voltados principalmente para uma classe média com demanda reprimida por moradia) e centros de compras (para uma população que aumentou o poder de consumo), analisa José Luiz, que também é professor de graduação.

Segundo o economista, entre todos os Estados nacionais, o único que tem uma situação de expansão de investimentos comparada a de Goiás é o Rio de Janeiro, mas por motivos diferentes.

“Lá, o grande motor de expansão são as obras da Copa do Mundo, das Olimpíadas e os investimentos da Petrobras na exploração do pré-sal. E estes se propagam por várias outras áreas”, esclarece o economista.

Economista vê risco de “superprodução”

Embora o grande crescimento nacional tenha se dado em 2010, com recordes em vários setores da economia, o economista José Luiz Miranda afirma que, naquela ocasião, a expansão estava centrada no estímulo e facilitação ao crédito, que levou a um alto comprometimento da renda das famílias e aumento da inadimplência até os dias atuais. Hoje, com a maior seletividade na concessão ao crédito, a renda para o consumo é fruto principalmente do trabalho, frisa José Luiz.

Mas apesar do cenário positivo, existe um risco de “superprodução”, informa o economista. O cenário internacional (que era de crise) tende a melhorar e afastar os investimentos do Brasil, já que haverá mais opções. Além disso, pode ser que haja uma “superprodução” nas áreas que estão sendo fortemente impulsionadas, como habitação, por exemplo. “Os riscos sempre existem. Mas não quer dizer que vão acontecer. Por isso, não bastam apenas incentivos fiscais; é preciso uma política de Estado consistente, investimento em infraestrutura e uma ação parlamentar mais efetiva”, defende.

Fonte: Jornal O Popular