Atacado: A menina dos olhos do mercado goiano

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Dentre os setores que movimentam a economia goiana, o comércio atacadista tem se destacado puxando a arrecadação de impostos, gerando empregos e servindo de ponto de distribuição para praticamente todo o País. Com um faturamento de quase R$ 30 bilhões em 2009, crescimento de 14,25% sobre o ano anterior e média brasileira de 4,1%, o setor espera superar este percentual nacional em 2010, no Estado, segundo perspectiva da Associação dos Distribuidores e Atacadistas de Goiás (Adag).

Em faturamento, o atacado goiano ocupa o terceiro lugar no País, atrás somente de Minas Gerais e São Paulo. Já em número de empresas, só perde para São Paulo, desconsiderando empresas de distribuição de derivados de petróleo. São 7 mil empresas cadastradas com CNPJ ativo, 200 delas associadas à Adag e responsáveis por um faturamento de 29,4 milhões e 2,1 milhões arrecadados em ICMS pelo Estado, conforme conta o presidente da entidade, Dalton de Souza Barros Thomaz, levando em conta os dados oficiais da Secretaria da Fazenda de Goiás (Sefaz), com base em 2009.

Já em 2010, o último Boletim do ICMS, que traz dados de janeiro a setembro deste ano, mostra um salto de 66% na arrecadação deste imposto pelo setor sobre igual período de 2009. A soma alcança R$ 1,221 bilhão. Em todo o ano passado, foi arrecadado R$ 1.147 bilhão.


Vantagens da posição estratégica

Três fatores principais são apontados pelo presidente da Associação dos Distribuidores e Atacadistas de Goiás (Adag), Dalton de Souza Barros Thomaz, como motivadores do desempenho goiano. O primeiro é a posição estratégica e geográfica do Estado, que concentra 120 milhões de consumidores em um raio de 1,2 mil quilômetros. Em seguida, vem a Legislação Tributária, pois, segundo Dalton, “Goiás foi a primeira unidade da federação que, em 1994, recebeu incentivos fiscais, permitindo que os produtos tivessem competitividade”.

Ele lembra ainda da “vocação” de empresários que migraram de regiões como Líbano, Síria e Armênia, há mais de 60 anos, para as cidades de Anápolis e Goiânia (especialmente em Campinas), onde abriram suas lojas, abastecendo o setor varejista do Centro-Oeste, Norte e Nordeste.

Dalton avalia que, em função destes fatores, surgem inúmeras novas oportunidades com o crescimento populacional, com a conjuntura econômica favorável e com aumento do poder aquisitivo do brasileiro, especialmente da classe C. “Hoje já são mais de 1 milhão de clientes varejistas.”

Além dos incentivos, Sílvia Ferreira, gerente de distribuição de uma das maiores distribuidoras de Goiânia, a Pérola Distribuição, atribui o crescimento do setor à organização. “De um lado está o governo que agiliza os processos de escrituração. Do outro, o segmento procura mecanismos para se desenvolver”, avalia a gerente da distribuidora, com sede em Anápolis e loja em Goiânia. Sílvia conta que a empresa, com 1,2 mil funcionários empregados, já contabiliza um crescimento de 30% em 2010 sobre o ano passado e projeta crescer mais 30% em 2011.

Empresário de uma rede de distribuição no Estado, a JC Distribuição, José Costa Neto avalia que a elevação do poder de consumo e a localização privilegiada também têm ajudado no crescimento do setor. Sua empresa, atualmen te, possui uma frota de , quase 300 veículos e emprega mil pessoas diretamente.


Empregos

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Goiás (Sinat), Paulo Diniz, o segmento atacadista no Estado emprega 20 mil trabalhadores diretos e tem frota de aproximadamente 4 mil veículos, movimenta mais de 40% das cargas do Estado, o que equivale a cerca de 50 mil toneladas por mês.

Diniz lembra que a retomada da performance do comércio atacadista goiano aconteceu a partir de 1994, em consequência da Lei 12.462, que reduziu a base de cálculo do ICMS. “Sem isso, estávamos fadados ao esquecimento. As empresas goianas se informatizaram, modernizaram os centros de distribuição e houve o desenvolvimento de uma cultura de mudança de comportamento”, enumera o sindicalista.

Para ele, o setor ainda vai enfrentar desafios no futuro e deve lutar para a continuidade dos incentivos fiscais, pela utilização de técnicas mais modernas, como escrituração fiscal eletrônica, além da capacitação profissional e o desenvolvimento cultural. (A.P)

Fonte: Jornal O Hoje