Decisão sobre Eixo Anhanguera ficará para Próximo Governador

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Metrobus quer prorrogar concessão por mais 20 anos. Câmara julgará pedido depois das eleições

Carla Borges

A decisão sobre a prorrogação da concessão do Eixo Anhanguera e os consequentes investimentos de aproximadamente R$ 200 milhões que precisam ser feitos na linha deve ficar para o próximo governador do Estado, que será eleito em outubro. A Metrobus, empresa estatal que detém a concessão, pediu sua prorrogação por mais 20 anos, mas a proposta está parada desde o ano passado na Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (CDTC/RMG), esperando um acerto entre o governador Alcides Rodrigues e o prefeito Paulo Garcia (inicialmente era entre Alcides e Iris Rezende).

Ontem, o presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Marcos Massad, e o diretor de Operações da Metrobus, Luciano Leão, admitiram ao POPULAR que a decisão deve ser do próximo governador, apesar de o contrato em vigência vencer no dia 31 de dezembro deste ano. O presidente da CDTC e secretário estadual de Cidades, Paulo Gonçalves, garante que a decisão sairá ainda neste ano, mas confirma que ela só deve ser tomada depois das eleições. "Para não misturar política com uma coisa técnica", justifica Gonçalves.
Na hipótese de a concessão vencer e não haver uma definição, Marcos Massad adianta que a linha poderá voltar temporariamente para a responsabilidade do Município. "Se isso acontecer, a CMTC assume e depois faz a licitação, ou prorroga a concessão, caso o próximo governador tenha interesse", explica o presidente da CMTC, acrescentando que para haver a prorrogação, o Estado tem de apresentar garantias de que fará os investimentos necessários, principalmente para renovação da frota - hoje mais de 90% dos ônibus têm mais de dez anos de uso - e reformas e adequações dos terminais de passageiros do Eixo Anhanguera.

"A CMTC não renova a concessão nem por um dia se não houver os investimentos necessários", assevera Massad. Ele garante que não há interesse da Prefeitura de Goiânia em licitar a linha, abrindo-a para empresas privadas. "Entendemos que o governo do Estado tem de subsidiar mesmo, somos contra a privatização da linha e o benefício é bem-vindo, mas não abriremos mão dos investimentos que devem ser feitos". O cálculo de R$ 200 milhões contempla a troca da frota atual, de 120 ônibus mais 12 de reserva, e reformas dos terminais, sem o prolongamento do Eixo Anhanguera, como previsto em projeto.

O diretor de Operações da Metrobus reconhece que tanto o pedido apresentado à CDTC quanto os investimentos da empresa estão parados. "A decisão sobre a prorrogação será do próximo governador", diz. "Ficamos na expectativa de uma decisão política, acertada entre o governador e o prefeito de Goiânia, que ainda não foi anunciada", afirma Luciano Leão.

Ele lembra que a Metrobus fez investimentos nas plataformas de passageiros do Eixo Anhanguera e na reforma dos terminais do Jardim Novo Mundo, da Praça A e do Dergo. O próximo seria o da Praça da Bíblia, mas, como a intervenção é maior - orçada em R$ 800 mil - foi necessário fazer licitação e o processo está na Secretaria da Fazenda aguardando um parecer.

Presidente


O secretário estadual de Cidades e presidente da CDTC, Paulo Gonçalves, afirma que é preciso apreciar o pedido da Metrobus de prorrogação da concessão antes do fim do ano, quando ela vence. "De qualquer forma, temos de julgar esse requerimento, é uma questão legal", explica. "Antes do final do ano teremos a solução", assevera.


A possibilidade é de que a decisão da Câmara seja anunciada no mês de novembro. "Não queremos que nenhum candidato tire proveito nem que haja qualquer tipo de interferência, porque a decisão será técnica", justifica Gonçalves. Falta também a escolha do novo presidente da Metrobus. O cargo está vago desde a saída de Francisco Gedda, que deve disputar a eleição para deputado.

O Eixo Anhanguera é a maior linha de Goiânia, com 13,5 quilômetros. Diariamente recebe 180 mil passageiros, que contam com subsídio de 50% no valor da passagem. Ele conta com 5 terminais e 107 ônibus, sendo 5 biarticulados. Do total de veículos que atende o Eixão, 96 precisam ser substituídos por terem mais de 10 anos e 40 novos precisam ser adquiridos caso haja extensão da linha até o Conjunto Vera Cruz, a Vila Mutirão e o Jardim das Oliveiras, em Senador Canedo.

NA HISTÓRIA

Indefinição se arrasta

A resposta ao pedido da Metrobus de prorrogação da concessão do Eixo Anhanguera por 20 anos era esperada para maio, quando o prefeito Paulo Garcia e o governador Alcides Rodrigues anunciariam um pacote conjunto para trânsito e transporte coletivo. Ele foi anunciado em maio, com a promessa de criação de corredores preferenciais para ônibus, mas nada que com efeito direto sobre o eixo. No dia 10 de maio, véspera da reunião da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo em que seria votada a decisão, o governador e o prefeito se reuniram. No dia seguinte, a CDTC anunciou que adiaria a decisão por mais 30 dias, para que o prefeito e o governador discutissem melhor. A discussão se arrasta desde 2007, quando a Prefeitura fez licitação para as demais linhas de Goiânia e deixou o eixo de fora, a pedido do governador, que tinha interesse em prorrogar a concessão.

Fonte: O Popular
Imagem: Wallacepinheiro