Obra do BRT ainda deve plantar 11 mil árvores na região do corredor em Goiânia

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Intervenção já foi responsável por derrubar 1.141 espécimes desde 2015 e 6.306 foram plantadas, mas Amma pede 17,1 mil novos exemplares.

Desde que as obras do Bus Rapid Transit (BRT) Norte-Sul começaram em Goiânia, em maio de 2015, 1.141 árvores, entre palmeiras (como os 100 exemplares cortados esta semana) e outras espécies, foram extirpadas ao longo dos 22 quilômetros de corredor exclusivo que contemplam a construção. Neste mesmo período, o consórcio responsável pela obra já replantou 1.306 espécimes ao longo do corredor e outras 5 mil mudas em locais diversos da cidade, de acordo com as empresas responsáveis, totalizando 6.306. Apesar de um número maior de replantio do que de retirada, faltaria ainda ao consórcio replantar quase 11 mil árvores pela cidade. 

A quantidade replantada está aquém do estipulado porque a compensação ambiental prevê 15 árvores repostas a cada 1 retirada, o que soma 17.115 espécimes. Os dados, no entanto, não estão referendados pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), que é quem firma o acordo de compensação ambiental. Mas este número já seria mais do que o previsto no projeto básico do corredor, em relação ao que deve ser plantado apenas ao longo da extensão do BRT. A estimativa é que novas árvores no corredor somariam 15.059, isso sem levar em consideração o replantio em outros locais.

Nesta mesma estimativa do projeto básico, 2.351 árvores seriam extirpadas entre os 22 quilômetros de obras, ou seja, ainda restariam 1.210 espécimes vegetais a serem derrubadas apenas para a passagem do corredor de ônibus em Goiânia.

No entanto, válido lembrar que ao menos uma dessas árvores será preservada. Isso porque, em 2016, uma lei municipal declarou como patrimônio histórico a gameleira da Avenida Goiás Norte com a Avenida Eurico Viana, no Setor Parque das Nações. Com isso, a obra teve de se adaptar e uma bifurcação nas pistas dos ônibus foi realizada.

Avenida Goiás Norte

Dentre as árvores já plantadas, a maior parte se encontra no trecho entre a Praça do Trabalhador e a Avenida Perimetral Norte, justamente onde as primeiras extirpações ocorreram, ainda em 2015. A retirada dos flamboyants que enfeitavam a via foi a primeira polêmica da obra do BRT. O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) contabilizou 169 árvores da espécie retirada da Avenida Goiás Norte à época. Além disso, constatou que não havia licença ambiental que indicasse a compensação pelos cortes nos vegetais.

O promotor da 81ª Promotoria de Justiça, Marcelo Fernandes de Melo, impetrou ação civil pública pedindo a paralisação das obras do BRT até que se tivesse a definição do projeto executivo da construção, contendo a licença ambiental adequada com a devida compensação. Houve pedido de liminar pela paralisação. Mas a justiça não deferiu a liminar e o caso segue a espera da decisão do mérito.

Em março de 2017, o Paço Municipal, já na gestão Iris Rezende (MDB), retomou as obras que estavam paradas desde outubro do ano anterior e abriu nova frente de trabalho. Iniciou a construção no trecho entre o Terminal Isidória e a Avenida Rio Verde. Os trabalhadores do consórcio chegaram a derrubar 141 árvores, a maioria paineiras, que ficavam no canteiro central da via, o que gerou críticas da população. Os problemas ficaram ainda piores porque já em julho do mesmo ano a obra do BRT teve nova paralisação.

A construção foi retomada após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Federal em Goiás (MPF-GO), mas o acordo foi de que o trecho entre o Terminal Isidória e o Terminal Cruzeiro do Sul não fosse realizado no momento. A razão é que o local tem recursos do Orçamento Geral da União (OGU), sem contrapartidas municipais, e não pode ter modificações no contrato. Assim, não há definição sobre quando novas árvores serão replantadas nesse trecho.


Amma ainda vai definir áreas que receberão compensação da Rua 90

Na tarde desta quarta-feira (10), o presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), Gilberto Marques Neto, esteve reunido com representantes do consórcio responsável pela construção do Bus Rapid Transit (BRT) Norte-Sul de Goiânia para discutir onde serão plantadas as árvores de compensação àquelas que foram derrubadas nesta última semana no trecho da Rua 90 entre a Praça do Cruzeiro e a Rua 115. 

Ao todo, 844 espécimes podem ser extirpados de todo o trecho entre a Praça Cívica e o Terminal Isidória e, pelos cálculos da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), cerca de 100 palmeiras que estavam ao longo da pista central, destinada aos ônibus, já foram retiradas. 

A Amma ainda vai definir, tecnicamente em quais locais da cidade serão necessárias a colocação de novas árvores. Além disso, já está prevista o plantio de espécies ao longo do próprio trecho, tanto no canteiro central quanto nas calçadas. Já está certo que a compensação ambiental do BRT Norte-Sul vai fazer parte do programa de reposição da vegetação em troca das árvores de jamelão que estão espalhadas pela cidade. 

A ideia deste programa é que se faça o plantio de espécies nativas do Cerrado ao lado dos jamelões e, quando esta nova árvore atingir a idade adulta, as espécies frutíferas serão retiradas. Isso porque os frutos dos jamelões, ao caírem nas ruas e calçadas e em contato com a água das chuvas, tornam o piso escorregadio, tornando os locais com riscos de acidentes e, assim, a ideia é que eles sejam trocados por espécies que não produzem frutos deste mesmo tipo ou parecido.

Os técnicos da Amma também confirmaram a constatação da Seinfra de que as palmeiras na Rua 90 estavam plantadas sobre o asfalto, apenas com uma fina camada de substrato. Com isso, a raiz principal não conseguia atingir o lençol freático e receber nutrientes, o que fazia com que as árvores não conseguissem crescer como o esperado.

Após a definição dos locais de plantio, o consórcio vai fazer a ação e apresentar relatório aos técnicos da Amma, que vão supervisionar se o trabalho foi feito e referendar se a compensação ambiental foi cumprida, na proporção estimada de 15 árvores plantadas para cada uma replantada. Não há um prazo para o cumprimento, podendo se estender até ao final da obra.