Ipês: 80 mil árvores embelezam Goiânia

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Apesar do clima seco e quente que dão tom cinza à cidade, Goiânia recebe um novo colorido nesta época do ano. Trata-se da floração dos ipês, que exibe cores exuberantes e vivas, proporcionando um espetáculo de beleza em vários locais da Capital goiana, como vias públicas, praças, parques e bosques. As flores dos exemplares arbóreos típicos do Cerrado são sinal de defesa em relação à baixa umidade climática e aparecem uma única vez ao ano, entre os meses de agosto e setembro.

Na Capital, existem em média 80 mil exemplares de ipês, conforme o Plano Diretor de Arborização Urbana de Goiânia (Pdau) elaborado pela Agência Municipal de Goiânia (Amma). Eles são de várias cores, como rosa, roxo, amarelo e branco, e podem atingir uma altura de 4 a 30 metros. A recomendação é que as mudas dos ipês sejam plantadas em locais onde não haja fios de rede elétrica, para não atrapalhar o seu crescimento e não causar dados à fiação. Além do embelezamento, a planta não prejudica as calçadas, porque a raiz tem crescimento para baixo (sistema radicular pivotante).

Para o diretor de Áreas Verdes e Unidades de Conservação da Amma, Antonio Esteves, cada espécie de ipê possui uma característica específica. “O amarelo, por exemplo, pode ter folhas lisas, felpudas ou serrilhadas, com formação de folhas por ramo e é uma árvore de médio porte.” O diretor explica ainda que os ipês-roxos têm folhas lisas, às vezes serrilhadas nas pontas, e os exemplares brancos têm folhas arredondadas.

Já os ipês-rosas possuem folhas grandes e a árvore é de grande porte. “Quanto às flores, em todas as espécies, são em formato de um cacho. Esse é um dos períodos em que o Cerrado fica ainda mais bonito, pela exuberância do bioma e pelo desenvolvimento das plantas como forma de sobrevivência”, enfatiza do diretor da Amma. De acordo com ele, o clima é favorável para certas árvores. O tempo seco reflete o auge da floração dos ipês. “Isso por conta do estresse hídrico e da baixa umidade do solo que resultam na queda das folhas para dar lugar às flores”, esclarece.

Antonio Esteves informa que o embelezamento das árvores se dá pelo ciclo de evolução do exemplar arbóreo, sendo que no período chuvoso elas armazenam água para que possam sobreviver no período de seca. “Esse armazenamento permite o surgimento das folhas, de cor verde vibrante. Com o fim das chuvas, a árvore entra em processo de caducifólia, que é quando as folhas secam e caem”, conclui o diretor.

Floração

Durante o processo de caducifólia, as folhas caem para que os ipês diminuam a transpiração e, consequentemente, reduzam o consumo de água. “É aí o início da floração, processo que permite perpetuação da árvore, porque nas flores acontece a reprodução que dá origem às sementes que vão germinar e dar origem às novas árvores”, explica o diretor. Ele ainda ressalta que existe uma sequência de floração que normalmente dura, em média, uma semana.

Primeiro florescem os ipês rosa e roxo, seguidos do branco e depois o amarelo. O caraíba de pequeno porte floresce no início do período da seca. “O ipê-amarelo, que é de grande porte, tem floração mais tardia, no final do período da seca. Existe também o ipê-tabaco, que floresce o ano todo, independente do clima”, classifica.

Exuberância

Quem passa pela Avenida Pedro Ludovico Teixeira, no Parque Oeste Industrial, neste período, se encanta com as delicadas flores dos ipêsrosas, cuja beleza é ressaltada pelos dias de sol. A aposentada Maria de Jesus, que mora no Setor Central, foi uma delas. “Não costumo passar por aqui, mas como tive que fazer uma viagem a Rio Verde e aqui é a saída para a cidade, me deparei com essa beleza e estou encantada.” A aposentada fez questão de registrar o momento do espetáculo proporcionado pela floração, tirando várias fotos no local. “Pena que é muito rápido, mas compensa ficar aqui admirando a exuberância dessa linda árvore rosa.”

Já a proprietária de um restaurante na mesma avenida, Valdenice Rosa, conta que todo ano aguarda ansiosa a floração dos ipês. “Moro aqui na Avenida Pedro Ludovico Teixeira há 15 anos e não me canso de apreciar a beleza dessas árvores.” Para ela, a via, que é na sua maioria comercial, vira ponto turístico nesta época do ano, porque muitas pessoas visitam o local exclusivamente para prestigiar a beleza dos ipês. “Esse é mais um cartão-postal desta cidade, que é conhecida como uma das capitais mais arborizadas do País”, afirma.

Inspiração

Já o músico Luciano Maia, que também vende caldo de cana na avenida há 11 anos, revelou que a beleza da floração dos ipês é também fonte de inspiração para a composição de suas canções. “Foi aqui debaixo desse ipê que compus a música Sementinha, onde expresso minha preocupação com o meio ambiente e aproveito para chamar a atenção daqueles que ainda não entenderam a importância da sua preservação”, diz. “Espero poder ver essa beleza ainda por muitos anos”, completa.

Plante a Vida

Além dos 80 mil exemplares de ipês, a arborização viária de Goiânia ainda conta com mais de 950 mil árvores, de 328 diferentes espécies arbóreas, fato este que coloca a Capital entre as cidades mais arborizadas do Brasil. Para manter essa característica, o prefeito Paulo Garcia faz questão de manter o Programa Plante a Vida, que já distribuiu à população mais de 1,5 milhão de mudas de árvores nativas do Cerrado, entre elas os ipês. As mudas são produzidas nos viveiros da Amma e da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e somam mais de 70 espécies diferentes. “Além dos ipês, temos também cajá-manga, caju, cajazinho, guapeva, mutamba, nó-de-porco, jenipapo, pau-formiga, angico, caroba, quaresmeira e várias outras”, cita Esteves. As mudas são distribuídas em ações promovidas pela Prefeitura de Goiânia e utilizadas na recuperação de nascentes e ampliação de matas ciliares, mas qualquer cidadão pode requerer duas mudas distintas para plantar em sua calçada.

"Lá fora a tarde cai no horizonte

E o ipê amarelo do vizinho

Pingou o dia todo em meu quintal

Um tapete bordado, flor a flor.

É como se Midas tocasse o dia

E tudo em ouro se transmutasse”

Lenise Marques, poema Ipê Amarelo

CURIOSIDADES

Árvore símbolo do Brasil — Handroanthus albus

Popularmente é conhecido no Brasil por ipê-amarelo-da-serra, ipê-ouro, ipê-amarelo, ipê-da-serra, ipê, aipê, ipê-branco, ipê-mamono, ipê-mandioca, ipê-pardo, ipê-vacariano, ipê-tabaco, ipê-do-cerrado, ipê-dourado, ipezeiro, pau-d’arco-amarelo, taipoca.
Altura: cerca de 30 metros.

Tronco reto ou levemente tortuoso, casca externa grossa, cinza-rosa, com fissuras longitudinais esparsas e profundas.

Com ramos grossos, tortuosos e compridos, o ipê-amarelo-da-serra possui copa alongada e alargada na base. As raízes de sustentação e absorção são vigorosas e profundas.

Fonte: DM