Ideb: Goiás em 1º no ensino médio
Relatório que O POPULAR teve acesso com exclusividade mostra avanços nas notas da rede pública
O ensino médio da rede estadual em Goiás atingiu o primeiro lugar no ranking nacional do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb), conforme relatório do Ministério da Educação (MEC) que O POPULAR obteve com exclusividade ontem. Os dados devem ser divulgados oficialmente hoje pelo governo federal. De modo geral, toda a rede pública (incluindo a municipal e federal) apresentou evolução nas notas e melhorou a posição em relação aos outros Estados. Entretanto, a rede particular ficou praticamente estagnada em Goiás, comparando os índices com os últimos divulgados - de 2011.
Além de avançar alguns décimos na nota, Goiás foi favorecido pelo fato de muitos Estados terem piorado a nota do Ideb no ensino médio público. A rede estadual passou de quinto para primeiro. Isso porque melhorou a nota de 3,6 para 3,8 e os outros quatro Estados que estavam na frente em 2011 pioraram a nota. A situação mais crítica foi a de Santa Catarina, que em 2011 estava em primeiro com nota 4,0. Caiu para quarto com 3,6. Na rede estadual, 16 Estados tiveram piora na nota e 2 apresentaram a mesma nota. Na rede particular, 18 pioraram e 5 estagnaram (incluindo Goiás - que manteve a nota 5,5).
A nota do ensino médio da rede estadual foi favorecida pela alta taxa de rendimento - um dos dois indicadores usados no cálculo do Ideb. O outro é a média das provas aplicadas aos alunos. Em Goiás, a taxa de rendimento - que é baseada em indicadores de aprovação, reprovação e abandono escolar - foi a melhor do País nesta faixa de ensino na rede estadual: 0,88. Em 2011, estava em 0,83. Já a nota média de proficiência em Língua Portuguesa e Matemática passou de 4,37 para 4,33, ficando em 8º. A nota do Ideb é calculada multiplicando a taxa de rendimento pela média de proficiência.
Na rede particular, Goiás teve seu melhor momento no ensino médio em 2009, quando atingiu nota 5,8. Antes estava em 5,7 e em 2011 passou para 5,5. Mesmo assim, ganhou posições de Mato Grosso, Bahia, Ceará, Piauí e Tocantins, que pioraram suas notas, mas perdeu para Mato Grosso do Sul, que passou de 5,5 para 5,6 entre 2011 e 2013.
Ainda na rede particular, a taxa de rendimento ficou em 0,96 em Goiás no ensino médio, contra 0,95 em 2011, ficando atrás apenas do Paraná. A média das provas de Matemática e Português ficou em 5,75, pior que há dois anos quando foi de 5,82. Neste ponto, Goiás ficou em 11º, sendo favorecido novamente pela alta taxa de rendimento.
PRIMEIROS ANOS
Nos anos iniciais do ensino fundamental, a rede estadual passou de 5,3 para 6,0 e atingiu patamar educacional médio dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma das principais metas estabelecidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep). A rede estadual responde por 30% dos alunos matriculados entre o 1º e 5º ano do ensino fundamental.
Considerando a evolução desde o primeiro Ideb, em 2005, a nota dos anos iniciais do ensino fundamental da rede estadual passou de 3,9 para 6,0, sendo que em Goiás esta fase de ensino sempre esteve acima da meta estipulada pelo Inep. As metas foram criadas para que até 2021 todas as redes de ensino cheguem à nota 6, considerada padrão de país da OCDE. No caso da rede estadual, a meta nesta fase de ensino para o ano passado era de 5,0.
Os dados aos quais O POPULAR teve acesso ontem não revelam as notas obtidas pelas redes municipais goianas, mas constam as notas da rede pública, que incluem esferas municipais, estaduais e federais. O mesmo acontece com as notas dos anos finais do ensino fundamental.
A rede particular nos anos iniciais evoluiu de 6,7 para 6,8, com uma taxa de rendimento de 0,99. Quando se atinge 1, significa que todos os alunos foram aprovados dentro da faixa de ensino. Nenhuma rede de nenhum Estado de nenhuma fase de ensino atingiu esse índice máximo.
PIORA
A estagnação da rede particular nos anos finais do ensino fundamental (que envolve alunos do 6º ao 9º ano, dos 11 aos 14 anos de idade em média) fez com que Goiás perdesse posição para Tocantins e Roraima, que conseguiram passar dos mesmos 5,8 de Goiás em 2011 para 5,9 no ano passado. A situação só não foi pior porque a rede particular conseguiu melhorar em um décimo a taxa de rendimento, passando para 0,96.
Na rede estadual, Goiás só ficou atrás de Minas Gerais, que passou de 4,4 para 4,7. Ganhou posições de São Paulo e Acre, que melhoraram mas não tanto quanto Goiás, e de Mato Grosso e Santa Catarina, que viram seus índices piorarem.
MEC é questionado sobre possível atraso em divulgação
Em meio a suspeitas de que o governo federal está retardando a divulgação dos números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) por conta do período eleitoral, o ministro da Educação, Henrique Paim, reconheceu ontem que o indicador “coloca em xeque” a gestão de Estados e municípios na área.
“Esse governo é um governo que tem um DNA voltado para a questão da avaliação e para a divulgação de dados. Temos muita tranquilidade em relação a isso. O resultado do Ideb coloca em xeque gestão dos Estados e municípios, por isso temos todo o cuidado em divulgar, vocês (dirigindo-se a repórteres) serão avisados”, afirmou o ministro, que participou de café da manhã no Palácio da Alvorada com a presidente Dilma Rousseff e o matemático Artur Ávila, vencedor da Medalha Fields.
O resultado do Ideb deve ser divulgado oficialmente hoje pelo Ministério da Educação (MEC).
Criado em 2007, o índice é medido a partir do cálculo da taxa aprovação escolar e médias de desempenho em exames aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) - para escolas e municípios, são utilizadas as médias de desempenho da Prova Brasil; para Estados, as do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Questionado sobre a possibilidade de ser chamado pela Comissão de Educação do Senado para explicar o atraso na apresentação do Ideb, Paim afirmou que iria ao Congresso prestar esclarecimentos “com a maior satisfação”.
Em nota, a Casa Civil comunicou que é “totalmente improcedente” a informação divulgada pelo jornal O Globo de que já teria recebido o resultado do Ideb. “A Casa Civil não recebe, analisa ou divulga os dados do Ideb, sendo esta uma atribuição exclusiva do Ministério da Educação e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)”, informou, em nota.
Fonte: Jornal O Popular