Agropecuária: Preços de terras em Goiás subiram 323% em 12 anos
Valor médio do hectare goiano passou de R$ 2.790 em 2002 para R$ 11.823 em 2013. Maior alta ocorreu na Região Sudoeste do Estado, mostra levantamento do Banco do Brasil
O bom desempenho dos preços das commodities, os investimentos feitos na modernização da produção agropecuária e a instalação de muitas agroindústrias em Goiás valorizaram muito as terras do Estado. Os preços médios das terras destinadas à exploração agrícola e pecuária subiram 323% entre 2002 e 2013, segundo levantamento feito pelo Assessoramento Técnico em Nível de Carteira (ATNC) do Banco do Brasil (BB) em todas as regiões do País.
Em Goiás, a valorização foi acima da média brasileira de 308% no período, puxada pela evolução dos preços em municípios do Sudoeste do Estado, principalmente em Mineiros, Jataí, Palmeiras de Goiás e Rio Verde. O valor médio do hectare goiano passou de R$ 2.790,00 em 2002 para R$ 11.823,00 em 2013. As terras para lavoura subiram mais que as da pecuária: 328%.
O gerente executivo de Agronegócios do BB, Ivandré Montiel da Silva, explica que as áreas com maior evolução são as que possuem forte vocação para grãos, como soja e milho. Segundo ele, os preços no município com maior valorização, Mineiros, foram puxados pelo crescimento da produção de soja e milho, além dos investimentos feitos por usinas do setor sucroalcooleiro na região.
COMMODITIES
A valorização das commodities no mercado internacional estimulou a produção e a demanda por terras, inflacionando os preços. O crescimento das exportações de soja para países como a China também ajudou nesse processo. “Apesar de vermos hoje uma estabilização nos preços dos grãos, a série histórica mostra que eles se estabilizaram bem acima de patamares anteriores”, destaca.
Com isso, os produtores passaram a investir mais na produção. A carteira de Agronegócios do BB em Goiás passou de R$ 6 bilhões em 2010 para R$ 12,1 bilhões este ano. O gerente executivo de Agronegócios do BB, Antônio Carlos Chiarello, explica que Goiás registrou um crescimento das operações para investimento, visando estruturar e modernizar as propriedades.
Os produtores também investiram em tecnologia para melhorar a qualidade da terra, o processo produtivo e a produtividade. Margens mais remuneradoras e o menor índice de inadimplência da série histórica do crédito rural (0,6% nas operações vencidas há mais de 60 dias) também indicam uma consolidação do setor. “O ativo terra é um bem de capital e está relacionado à geração de riquezas”, diz Ivandré Montiel.
Hectare em Rio Verde pode sair por R$ 50 mil
O economista e analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, conta que o hectare em Rio Verde já está custando R$ 50 mil em média. Ele atribui esta valorização à estabilidade de renda conquistada pelos produtores, que nos últimos anos conseguiram acertar seus passivos e não tiveram grandes perdas. A chegada de grandes indústrias ao Estado, como Perdigão e Cargill, além da ampliação de indústrias regionais, como a Comigo, elevaram o esmagamento de grãos e a demanda pela matéria-prima.
Regiões como Cristalina também investiram pesado na irrigação de suas lavouras. A produtividade e a safrinha cresceram muito. Agora, para que esse cenário fique ainda mais positivo, Pedro acredita que falta investir em infraestrutura, como ferrovias e hidrovias para escoamento da produção, ampliação da irrigação e integração lavoura-pecuária.
ESPECULAÇÃO
Proprietário do Grupo Reis, com imobiliárias em Rio Verde, Jataí, Mineiros, Santa Helena e Morrinhos, Waldir Alves da Silva, atribui boa parte dessa valorização à especulação. Mas, segundo ele, as terras do Sudoeste goiano também têm boa qualidade por já abrigarem lavouras há mais de cinco anos e estarem mais tecnificadas, com correção de calcário e acidez, por exemplo.
Ele conta que há menos de dois anos uma propriedade de 42 alqueires, de terra altamente produtiva, chegou a ser vendida por R$ 180 mil o alqueire, mas com pagamento parcelado - uma entrada e o restante dividido em cinco safras, com parcelas indexadas pela soja. “Aqui, a soja é um indexador, assim como a arroba do boi em outras regiões”, explica.
Mas o boato desta venda especial se espelhou e todos passaram a inflacionar suas terras, mesmo não tendo a mesma qualidade. Atualmente, a cotação do alqueire para lavoura oscila entre 3 e 4 mil sacas de soja. Considerando a saca a R$ 50, o preço pode chegar a incríveis R$ 200 mil.
No País, valorização chegou a 308%
O economista e analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Pedro Arantes, conta que o hectare em Rio Verde já está custando R$ 50 mil em média. Ele atribui esta valorização à estabilidade de renda conquistada pelos produtores, que nos últimos anos conseguiram acertar seus passivos e não tiveram grandes perdas. A chegada de grandes indústrias ao Estado, como Perdigão e Cargill, além da ampliação de indústrias regionais, como a Comigo, elevaram o esmagamento de grãos e a demanda pela matéria-prima.
Regiões como Cristalina também investiram pesado na irrigação de suas lavouras. A produtividade e a safrinha cresceram muito. Agora, para que esse cenário fique ainda mais positivo, Pedro acredita que falta investir em infraestrutura, como ferrovias e hidrovias para escoamento da produção, ampliação da irrigação e integração lavoura-pecuária.
ESPECULAÇÃO
Proprietário do Grupo Reis, com imobiliárias em Rio Verde, Jataí, Mineiros, Santa Helena e Morrinhos, Waldir Alves da Silva, atribui boa parte dessa valorização à especulação. Mas, segundo ele, as terras do Sudoeste goiano também têm boa qualidade por já abrigarem lavouras há mais de cinco anos e estarem mais tecnificadas, com correção de calcário e acidez, por exemplo.
Ele conta que há menos de dois anos uma propriedade de 42 alqueires, de terra altamente produtiva, chegou a ser vendida por R$ 180 mil o alqueire, mas com pagamento parcelado - uma entrada e o restante dividido em cinco safras, com parcelas indexadas pela soja. “Aqui, a soja é um indexador, assim como a arroba do boi em outras regiões”, explica.
Mas o boato desta venda especial se espelhou e todos passaram a inflacionar suas terras, mesmo não tendo a mesma qualidade. Atualmente, a cotação do alqueire para lavoura oscila entre 3 e 4 mil sacas de soja. Considerando a saca a R$ 50, o preço pode chegar a incríveis R$ 200 mil.
No País, valorização chegou a 308%
O preço do hectare para a agropecuária no País disparou 308%, saltando da média de R$ 2,6 mil para R$ 10,6 mil entre 2002 e 2013.
O diretor de Agronegócios do Banco do Brasil, Clenio Severio Teribele, avalia que o encarecimento da terra revela o avanço patrimonial dos empresários do campo. “Isso mostra um ganho que até agora era pouco visível”, afirma. “A valorização da terra foi extraordinária na última década.”
O aumento mais significativo do custo do hectare foi verificado na pecuária. A terra para a criação de gado ficou 343% mais cara, passando de R$ 1,5 mil em 2002 para R$ 6,8 mil no ano passado. Já a terra para a lavoura teve uma valorização de 245% no período - de R$ 5,7 mil para R$ 19,8 mil. A diferença entre os preços para cada ramo ocorre em razão da utilização de máquinas e fertilizantes, por exemplo, como é o caso da agricultura, o que eleva o gasto para viabilizar as lavouras.
NORTE
Entre as regiões, o destaque foi a disparada dos preços no Norte (509,7%), onde o hectare agrícola passou de R$ 995 para R$ 6,06 mil. Para a criação de gado, o custo da terra saltou 365,79%. O Banco do Brasil avalia a alta como reflexo da migração da fronteira agrícola a partir do Centro-Oeste. “O mundo está descobrindo a Região Norte”, diz Teribele.
Apesar do aumento patrimonial dos produtores do Norte, o Ministério da Agricultura trabalha com uma redução de 9,7% do valor bruto da produção (VBP) para a região neste ano. Em 2013, a pecuária e a agricultura do Norte atingiu R$ 19,68 bilhões em VBP. A estimativa do ministério é uma geração de riqueza no campo de R$ 17,7 bilhões em 2014.
ENFRAQUECIMENTO
O recuo na renda indica a tendência de queda no preço das commodities no mercado internacional e deve ser mantida, avalia o Banco do Brasil.
Para Teribele, os preços devem se estabilizar acima da média de anos anteriores ao boom iniciado em 2001. “As commodities vão ter pressão de preço (em 2014 e 2015), mas vão se manter acima da série histórica”, prevê.
Fonte: Jornal O Popular (Lúcia Monteiro)