Usuários reclamam de superlotação dos ônibus

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Com a chegada do novo ano, boa parte da população acredita que algumas mudanças vão ocorrer para melhorar a qualidade de vida da população na cidade. Entretanto, quase sempre os velhos problemas persistem, como é o caso do transporte coletivo, que continua um péssimo serviço público, conforme usuários de Aparecida e de Goiânia.

Mesmo com as intensas manifestações que varreram o País em junho do ano passado, que cobravam, entre outras melhorias, a qualidade no serviço de transporte público, a situação continua a mesma. Ônibus estão superlotados, independente de estarem circulando no horário de pico ou em fluxo normal. Além disso, mesmo seguindo a escala de férias, o atraso dos ônibus permanece o mesmo.

Para Marivana Gomes dos Santos, moradora do Parque Atheneu, isso acontece devido à falta de punição para as empresas que exploram o transporte público.

“Se tivesse alguma punição, os representantes teriam condições de fazer novos planejamentos para mudar essa realidade”, diz Marivana.

Ela conta que, mesmo acordando muito cedo, sempre chega atrasada no trabalho.

“Chego no ponto de ônibus às 6 horas da manhã, mas, mesmo assim, o ônibus sempre atrasa”, ressalta a usuária.

A dona de casa Mônica Ferreira da Silva reclama que, independente de ser período de férias, a demora para embarcar em um ônibus é a mesma que em época de fluxo normal.

“Não existe mais essa questão de que os ônibus demoram apenas em horário de pico, pois, todas as vezes que vou para o ponto de ônibus, nunca consigo embarcar rapidamente”, salienta.

Rejane de Fátima, moradora da Cidade Vera Cruz II, em Aparecida de Goiânia, conta que na região onde mora praticamente todos os dias tem que esperar o ônibus com pelo menos uma hora e meia de antecedência.

“Antigamente, os ônibus eram mais pontuais, mas atualmente esse compromisso está sendo desrespeitado. Praticamente, tenho que esperar uma hora e meia para embarcar”, explica.

A superlotação nos coletivos é outro problema citado pelos usuários. No trajeto dos ônibus, boa parte dos passageiros permanece na cabine de entrada, pois é impossível passar na catraca pela falta de espaço.

Ontem, a reportagem do Diário de Aparecida constatou que vários ônibus circulavam lotados, principalmente a linha 020, que interliga o Terminal do Cruzeiro ao Terminal Izidória, em Goiânia, e a linha 211, da Praça da Bíblia, que circula entre o Terminal do Cruzeiro e a Vila Brasília. Também estavam lotados ônibus da linha 006, que sai do Termina Vera Cruz em direção ao Centro de Goiânia.

“Eu acho um absurdo termos de pegar um ônibus superlotado. Além de disponibilizar mais ônibus, eles deveriam pensar mais na população dos bairros mais carentes”, protesta Rejane de Fátima.

Ela conta que os filhos dela têm que levantar bem cedo para não chegarem atrasados na escola.

“Eles acordam às 5h30 para pegar o ônibus das 6h para que às 7h30 estejam na porta da escola, porque entram às 8h. Mas é complicado, deveria ter mais ônibus ou os que têm deveriam passar no horário correto”, enfatizou.

Falta planejamento, diz especialista

Especialista em Engenharia de Trânsito da PUC Goiás, o professor Benjamim Jorge Rodrigues dos Santos afirma que o Estado de Goiás deveria ter um órgão independente para fiscalizar a qualidade do serviço prestado na Região Metropolitana de Goiânia e em Aparecida.

De acordo com ele, o tempo de espera no ponto de embarque deveria ser fixado em até 20 minutos. Além disso, todos os pontos, bem como os ônibus, deveriam ser monitorados e os veículos com mais de cinco anos não poderiam circular pela cidade.

Fora essas melhorias, o professor ressalta que a cidade deveria adotar o transporte via metrô, pois iria diminuir o tempo de locomoção dos usuários do transporte público.

“Não acredito que o serviço do Veículo Leve sobre Trilhos, conhecido como VLT, vai contribuir para melhorar o transporte da cidade, pois possui a mesma funcionalidade que o ônibus do Eixo Anhanguera”, afirma Benjamim Rodrigues.

Segundo ele, caso o metrô fosse instalado, possibilitaria que a população utilizasse mais o transporte, diminuindo acidentes de trânsito, poluição do ar e também problemas relacionados com estacionamento.

“Defendo que seja criado um planejamento integrado do trânsito para Goiânia, priorizando o serviço de transporte. Para isso, é preciso implantar corredores exclusivos para esse novo modelo. Além de interligar as 21 cidades, ele vai melhorar o serviço precário existente em nossa cidade”, enfatizou o professor. (Acaray M. Silva)

Fonte: Diário de Aparecida