Túnel Jaime Câmara: Situação de deterioração e risco a usuário

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Inaugurado, mas longe de estar acabado. O Túnel Jaime Câmara, construído na Avenida Araguaia, que serviria para permitir a integração entre os Parques Mutirama e Botafogo, vem se deteriorando e representa um risco para pedestres, motoristas e meio-ambiente. A conclusão é da engenheira civil Ana Cristina Rodovalho Reis, especialista em avaliação e perícias.

Em maio do ano passado, Ana Cristina emitiu, sob encomenda do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), um laudo técnico com foco na drenagem do túnel, inaugurado em outubro de 2013. O estudo, no entanto, foi além e encontrou outras deficiências, que foram ignoradas pela Prefeitura de Goiânia, responsável pela construção e manutenção do local.

Ontem, à pedido do POPULAR, a engenheira esteve no túnel e constatou que a situação é ainda pior do que encontrou no ano passado. “O processo de deterioração de uma obra como esta é muito rápido. Dá para perceber que o túnel está abandonado”, comenta Ana Cristina.

Além das várias falhas no acabamento, outras situações chamaram a atenção da profissional, o que põe em risco quem transita pelo túnel. As instalações elétricas estão expostas. Fios, disjuntores e outros elementos que fazem parte do projeto do local estão sem qualquer tipo de isolamento.

Na laje, desprotegida, em que as claraboias e os pórticos do túnel são facilmente acessados por qualquer pedestre que transite pelo local, várias rachaduras são encontradas. “Isto significa que a água infiltra por estas rachaduras e vai, aos poucos, comprometendo a estrutura”, relata a engenheira civil.

A calha que deveria fazer o escoamento de água da parte superior do túnel apresenta acúmulo de lixo e terra e pode acelerar o processo de infiltração de água, por conta das rachaduras no concreto.

Goteiras

Dentro do túnel, mesmo sem chuva, é possível perceber algumas goteiras e vários pontos em que as infiltrações já dão sinais nas vigas de aço que sustentam a laje. “Com o tempo a estrutura vai perdendo a resistência. Se continuar assim, em 15 ou 20 anos o túnel estará comprometido”, estimou.

Do lado de fora, nas laterais do túnel, alguns buracos por onde a água vem infiltrando já começam a aparecer e com o tempo, caso não haja a intervenção, a tendência é de que o problema se agrave.

Riscos

Este mesmo laudo técnico já havia sido mostrado pelo POPULAR em agosto do ano passado e, desde então nenhuma providência foi tomada para corrigir falhas básicas que comprometem a segurança de quem transita pelo local.

O túnel não possui as exigências básicas para prevenção de incêndio requeridas pela Norma Técnica 35/2014 atualmente em vigor. Dentre elas, há falta de segurança estrutural contra incêndio, iluminação especial e extintores e hidrantes. Também não foi encontrado sistema de controle da fumaça, com capacidade para retirar do interior gases quentes, em possível incêndio.

A perita destaca que há ainda um risco ignorado, de que haja um acidente no local envolvendo o transporte de produtos químicos. “Se um produto vazar de um caminhão que se acidenta aqui dentro, por exemplo, tudo irá parar dentro do Córrego Botafogo. E nada disso foi pensado.”

Para os pedestres, além dos riscos com a exposição de parte da instalação elétrica, a restrição de trânsito dentro do túnel e a falta de urbanização do local provocaram a criação de um atalho perigoso. Um caminho alternativo vem sendo trilhado no canto do túnel, beirando a cerca do Mutirama. Ao lado, o talude construído para a passagem do túnel, que em alguns pontos ultrapassa os 4 metros de altura.

“As pessoas fazem isto (se arriscam em criar caminhos alternativos) pela falta de conforto que a obra trouxe”, alerta Ana Cristina. “O túnel coloca em risco a população. É até difícil qualificar o quanto”, complementa.

Sinalização

As condições de uso do túnel também são questionadas pela perita. Segundo ela, é preciso que se melhore a sinalização no entorno do local, para evitar que um acidente ocorra no futuro, sobretudo relacionado à altura do túnel, de 4,8 metros.

A única placa que informa sobre o dado está nas entradas do local. “Imagina se um caminhão que transporte algo que extrapole este limite tente trafegar por aqui. Mesmo que ele veja a placa, isto só vai ocorrer quando ele estiver entrando”, alertou a engenheira Civil.

Fonte: Jornal O Popular