Praça Cívica: Obras começam segunda-feira
Fim do estacionamento será a principal mudança. Recursos vieram do PAC Cidades Históricas
No último ano para o fim do prazo das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, a requalificação da Praça Cívica finalmente deve sair do papel. Na segunda-feira, o prefeito Paulo Garcia (PT) fará o lançamento das intervenções e a empresa vencedora da licitação instala o canteiro de obras, no centro da praça. Tapumes devem ser instalados, isolando o local, e o estacionamento ficará proibido.
A principal e primeira mudança em relação a situação atual será a remoção de todo o asfalto e retirada do estacionamento. O pavimento será substituído por blocos intertravados, pedra portuguesa e granito vermelho. O projeto prevê ainda a restauração da fonte luminosa, com funcionamento semelhante ao projeto original assinado pelo arquiteto Atílio Correia Lima. A ideia é que a praça recupere traços do projeto original da década de 1930, quando foi projetada.
O projeto inicial foi feito pelo governo do Estado e doado para a Prefeitura para que entrasse no PAC Cidades Históricas. Assim, o poder municipal enviou três propostas específicas para avaliação do Comitê Gestor do PAC. Somente a requalificação da Praça Cívica foi aprovada. O custo total previsto é de R$ 12,5 milhões. O prazo estipulado em edital é de dez meses, prorrogáveis.
O secretario municipal de Desenvolvimento Sustentável, Paulo César Pereira, avalia que o tempo estabelecido é suficiente para que as intervenções sejam feitas. Além disso, ressalta que há mecanismos de acompanhamento do andamento das obras para que fiquem prontas no prazo. “Na condição de engenheiro, avalio que é um tempo viável. O prazo foi pensado dentro do dimensonamento ideal”, diz.
Pereira salienta que o projeto vai mudar a paisagem urbana da cidade, já que a intenção é restabelecer a condição de praça, como um espaço para convivência. “As intervenções farão uma alteração significativa, que avalio ser extremamente positivo. Vamos devolver às pessoas praça, que conta parte da história de Goiânia, e um espaço de convivência do goianiense. Vamos mudar conceitualmente o espaço, resgatando o seu projeto original”, afirma.
PROJETO
Além da remoção do pavimento, o projeto prevê a restauração da fonte luminosa e limpeza, recuperação, tratamento e proteção com verniz especial das peças em bronze do Monumento das Três Raças. Outra mudança é o destaque à estátua de Pedro Ludovico, atualmente instalada próximo ao prédio do palácio que leva o seu nome. Ela será removida do local onde está para ser colocada no centro da Praça Cívica, com pedestal e placa indicativa.
A primeira grande mudança que o goianiense verá, já no início das obras de requalificação, é o fim do estacionamento no interior da Praça Cívica. Atualmente, parte da história de Goiânia serve como estacionamento para servidores que trabalham nos órgãos públicos ali instalados. Pelo menos mil carros e motos são estacionados diariamente no local e são vigiados por flanelinhas e lavadores catalogados pelo poder público.
O fim da fonte de renda é justamente a preocupação dos flanelinhas que trabalham no local. Um deles relatou à reportagem que trabalha há 20 anos na praça. “Cheguei aqui era criança, com meu pai, que trabalhava por aqui. Agora vivo disso. Pago meu aluguel com o dinheiro que tiro daqui”, diz. Ele ainda não sabe qual será o futuro com a proibição de estacionamento. “Não nos disseram nada. Vão nos colocar na rua, assim do dia para a noite?”, indaga.
Uma funcionária pública, que preferiu não se identificar, afirma que o fim das vagas para carros na Praça Cívica vai prejudicar os trabalhadores. Segundo ela, o Centro da cidade não oferece vagas suficientes para estacionamento, o que vai criar confusão e engarrafamento. “Já estou procurando um lugar para parar meu carro”, afirma.
Já o economista Sergio Colichio, de 73 anos, vê com bons olhos as mudanças. Para ele, a requalificação vai embelezar a cidade e transformar o local em lugar para pedestres. “É preciso trazer Goiânia de volta para os moradores, é isso que falta”, afirma.
Cerca de mil carros passarão a disputar vagas de estacionamento
Com a retirada dos veículos do interior da Praça Cívica, serão pelo menos mil carros de servidores públicos a mais disputando vagas nas ruas e estacionamentos privados do Setor Central. Somente nas proximidades da praça são pelo menos dez estacionamentos particulares, com preços que variam de R$ 5 a hora até R$ 280 pelo valor do estacionamento mensal. Somente um deles possui 250 vagas cobertas, sem contar as vagas de gaveta, que precisam de manobristas.
O proprietário de uma das garagens da região, Salim Rogério Bittar, afirma que há vagas suficientes nas garagens próximas para abrigar todos os veículos atualmente estacionados na praça. “Não faltam vagas por aqui, o que falta é consciência do cidadão. O goianiense está acostumado com a facilidade. Estaciona em locais proibidos e no meio da praça”, provoca.
O secretário municipal de Desenvolvimento Sustentável, Paulo César Pereira, diz que a proibição vai criar um desconforto inicial, mas a finalidade do projeto é o bem maior para a população de Goiânia. “A gente tem de parar de pensar a cidade para os carros. A requalificação do Centro é uma busca para preparar a cidade muito mais para o pedestre do que para os veículos e também para a qualidade de vida”, diz.
Fonte: Jornal O Popular (Eduardo Pinheiro)