Em nome da nostalgia, goiano investe no Orkuti
Da saudade do Orkut, que foi desativado em setembro do ano passado, surgiu o Orkuti, com “i” no final. Com mais de 189 mil usuários em pouco mais de quatro meses, a ideia brasileira tem entre os apoiadores um empresário goiano. Francisco Ribeiro de Souza Neto, de 24 anos, é um dos quatro investidores que colaboram para que o site fique no ar em nome da nostalgia do antigo sucesso do Google, com características dele e algumas novas funcionalidades.
“Gostava do Orkut e nunca deixei de usá-lo até seu fim. Seu ponto forte era a quantidade de troca de informações nas comunidades, o que não existe no Facebook.” Os grupos de usuários reunidos para discutir temas apresentados em tópicos estão de volta no Orkuti, muitos com os mesmos nomes que tinham na antiga rede, um dos principais convites da ideia brasileira, juntamente com scraps, depoimentos e joguinhos.
Em 30 de setembro, o site da gigante de buscas saiu do ar e as funcionalidades que ficaram populares, principalmente no Brasil, também. O programador de São Mateus (ES), Alex Becher, de 35 anos, lançou o Orkuti no mesmo dia. No outro, o empresário goiano ficou sabendo, quando sua esposa mostrou a novidade na internet. “Como tenho uma empresa e já trabalhava com redes de segurança, resolvi oferecer suporte”, lembra.
Instabilidade
A possibilidade de continuar a mandar scraps, escrever depoimentos para os amigos, além dos famosos joguinhos e comunidades, fez com que a rede viralizasse. Porém, a página não aguentou o fluxo e um dos principais problemas era a instabilidade. Já no primeiro dia foram 10 mil acessos e, com isso, o servidor caiu. Becher precisou procurar ajuda, mas o número de usuários inscritos aumentou ainda mais, quando Francisco Neto ofereceu sua contribuição: servidores de grande porte fora do Brasil.
O primeiro tinha o custo para o criador da rede social de R$ 19,90 ao mês com direito a poucas visitas ao site. Depois, com os investimentos, os custos com servidores somam R$ 5 mil mensais. Por parte de Francisco Neto, R$ 2 mil. “São mais de três servidores que suportariam mais de um milhão de usuários e sem limite para crescimento”, explica sobre a infraestrutura oferecida, que possuía e agora é responsável por manter o site e guardar informações.
“Uma rede social é dinâmica e se adapta tanto na parte de desenvolvimento como na parte estrutural. Vi que estava no começo e que poderia crescer com novos recursos.” O investimento, porém, ainda não dá retorno. O empresário avalia que os resultados virão em médio prazo, com um ano ou um pouco mais. E diz que o desafio agora é atender as novas ideias que os próprios usuários sugerem com uma equipe ainda enxuta.
Primeiro milhão
A meta da equipe do Orkuti é chegar a 1 milhão de usuários cadastrados até o final de 2015. Ao todo, são oito pessoas envolvidas, sete de São Mateus (ES) e Francisco, atualmente como sócio, em Goiânia. Eles reconhecem que ainda é preciso ajustes e mais tempo para mostrar a capacidade da rede, que acreditam que tem potencial para atender principalmente quem sente saudade do finado Orkut.
O site criado em 2004 foi líder do mercado por sete anos, até 2011, quando foi ultrapassado pelo Facebook no Brasil e chegou a 34,4 milhões de visitantes únicos. No ano passado, o Orkut ainda recebia 4 milhões de usuários, de acordo com dados de junho do ConScore. Com novidades que reúnem inclusive características da rede de Zuckerberg, o Orkuti cresce e promete mais recursos nos próximos meses para os usuários espalhados por dez países.
Mas o foco é conquistar os brasileiros, já que ainda está disponível somente em português. “E estamos bem resguardados, procuramos e o Google não nos respondeu. Além disso, o Orkut não existe mais, foi descontinuado, e por mais parecido que seja com a nova rede não tem relação nenhuma com ela.” E as motivações para acreditar no projeto vão além do aumento de usuários, mas na estrutura.
É que o empresário de Goiânia conheceu a esposa e engenheira da computação Mábia Oliveira das Neves Ribeiro, de 26 anos, no Orkut. E isso foi possível por causa da estrutura da antiga rede, segundo ele, que permite essas interações. Foi pela comunidade Linux que se conheceram, em 2011. “Ficamos amigos e começamos a bater papo. O casamento aconteceu este ano, no dia 7 de fevereiro”.
Além do casamento, o Orkut também possibilitou que o empresário acostumado a trabalhar com operadores de internet começasse a ingressar no mercado de mídias digitais. E ele parece querer manter essa nova área entre seus projetos futuros: é que estão em seus planos mais trabalhos na área de rede social, mas ainda é segredo.
Fonte: Jornal O Popular