Lares goianos Passam por Boom de Consumo

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O avanço do consumo ocorrido no País nos últimos anos tem seu retrato fiel nos domicílios goianos. A comparação dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2002 com os de 2009, divulgados na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, se por um lado os goianos compram mais produtos da linha branca, por outro estão deixando de adquirir equipamentos indispensáveis para seus antepassados, como filtro de água e rádio.

Em 2002, por exemplo, cerca de 252 mil lares contavam com máquinas de lavar roupa. Esse número passou para 551 mil em 2009. Sete anos depois, o percentual de domicílios no Estado que conta com a praticidade do equipamento passou de 16,6% para 29,6%. No caso de computadores, o crescimento é ainda mais alto. Em 2002, 129 mil residências contavam com o aparelho digital. Em 2009, esse número saltou para 543 mil, passando de 8,35% para 29,2%. Em todos os casos em que foi utilizado a porcentagem foi considerado o aumento do número total de lares, que passou de 1,516 milhão em 2002 para 1,858 milhão em 2008. No caso dos filtros de água, o percentual de residências com o produto passou de 77,5% para 70%.

A estabilidade econômica, o aumento do poder aquisitivo das classes baixas, o acesso ao crédito e as políticas sociais são fatores pontuados pelo economista Dmilson Carlos Dias que podem ter favorecido o consumo da população. Já o sociólogo Gustavo de Faria Lopes pontua a conjuntura da economia internacional, os acordos bilaterais e multilaterais do Brasil com outros países e a quebra de barreiras alfandegárias, que facilitam a entrada de produtos importados no País.

Dmilson explica que Goiás acompanha a tendência nacional e que apresentou um crescimento e evolução tecnológica significativos nos últimos anos. Além disso, ele destaca a postura adotada pelo atual governo federal como sendo uma facilitadora do consumo de bens duráveis. As políticas sociais e a facilitação de acesso ao crédito, na visão do economista, deram maior poder de compra às classes baixas, que vinham sendo pouco exploradas pelo mercado.

Ele classifica as classes C e D como possuidoras de um enorme potencial de consumo, uma vez que são as maiores classes do Brasil e explica: “O crescimento de Goiás nos últimos 12 anos contribuiu para descentralizar a renda em um local onde o contingente populacional é grande.”

O sociólogo Gustavo de Faria avalia que o aumento do poder de compra do que chama de nova classe média do Brasil fez surgir um novo nicho de consumo, com novas procuras. Paralelo a isso, o economista Dmilson acrescenta que uma das consequências geradas pela concentração acentuada da renda era a repressão de demandas, ou seja, as vontades de consumo que nunca puderam ser supridas e que, agora, diante do quadro atual e da possibilidade de acesso, as pessoas podem satisfazê-las. “É uma tendência que vai ao encontro do crescimento do Estado”, diz.

O comerciante Pedro Leite da Rocha mora em Goiás há três anos. Ele veio de Capinópolis (MG) com a família. Hoje, ele divide a casa com a mulher, duas filhas e a mãe. Quando aqui chegou, teve de comprar tudo novo. Geladeira, que foi adquirida há poucos meses, fogão, televisão, computador, telefone, todos os bens foram comprados nesse período.

O que facilita mais para comprar hoje em dia, na visão de Pedro, são as condições de pagamentos que as lojas oferecem. “O parcelamento sem juros conquista qualquer pessoa”, arremata. Outro motivo é a conquista do crédito, que ele acredita ter ficado mais fácil nos últimos anos. A renda do comerciante está em torno de três salários mensais. Apesar de morar de aluguel, Pedro diz que se planejar bem os gastos é possível adquirir qualquer eletrodoméstico.

Fonte: Jornal O Hoje