Água do João Leite no tanque
Goiânia vive os prejuízos da tão esperada chuva, que caiu na cidade na segunda-feira e ontem no início da noite. A precipitação de ontem deixou cerca de 100 mil pessoas sem energia elétrica por mais de 12 horas. Os raios e ventos derrubaram inúmeras árvores, danificando fiações elétricas de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Trindade. A primeira chuva que caiu em alguns pontos da Capital na segunda-feira já havia prejudicado o fornecimento de água para 166 bairros. Por isso, muitas residências de Goiânia ficaram sem luz e também sem água durante todo o dia de ontem.
A normalização da distribuição total da água prevista para hoje foi adiada devido aos problemas elétricos. A Saneago informou que hoje será feita uma verificação e provavelmente a distribuição será liberada na sexta-feira. Já a Celg garantiu que os trabalhos estão sendo intensificados para que os reparos sejam feitos o mais rápido possível. O presidente da Celg, Carlos Antônio Silva, disse ontem à tarde que 15 mil pessoas ainda estavam sem energia. "Todo o problema será sanado até a noite de hoje (ontem)."
A dificuldade na distribuição da água se agravou com a falta de energia elétrica que prejudicou os trabalhos de bombeamento. Os aparelhos são movidos a energia elétrica e ficaram paralisados desde a noite de terça-feira. Anteriormente, o fornecimento de água havia sido interrompido por causa da qualidade da água, que foi alterada devido ao excesso de sujeira levada pelas águas da chuva ao Ribeirão João Leite. A Saneago faz um trabalho de escoamento dos reservatórios para que a água suja seja liberada e entre água com qualidade. Após isso é realizado o tratamento da água para o produto ser liberado. Segundo o superintendente da Saneago responsável pela região metropolitana, Rivadávia Matos, a vazão do Ribeirão João Leite foi expandida em dois metros para que os trabalhos sejam facilitados, assim a fuga de água suja será acelerada.
A Celg informou que a força da chuva e dos ventos rompeu cabos e danificou transformadores. Em todo o Estado, ocorreram 1.100 descargas elétricas atmosféricas. A força do vento, em alguns pontos de Goiás, atingiu 80 quilômetros por hora, informou a companhia. A reportagem não conseguiu contato com o Instituto Nacional de Meteorologia. O presidente da Celg justifica que a forte chuva e os vendavais são eventos naturais inevitáveis. "Tivemos ações fortes contra a carga elétrica. A região Centro-Oeste é uma área de grande propensão a queda de raios", disse Carlos Antônio. Ele afirma que existe sistema de proteção nas redes elétricas da Capital, "mas não em todas".
Para o presidente da companhia energética, o fato de Goiânia ser uma capital arborizada também tem seu lado negativo. "A fiação elétrica da cidade não é subterrânea, qualquer queda de árvore interrompe o fornecimento de energia", disse. Ele garantiu que grande número de árvores caiu ontem à noite. Carlos Silva garantiu que uma equipe maior está trabalhando para garantir o serviço à população. "Estão sendo priorizados pontos em que há maior população". O presidente ressalta que a Celg está preparada para resolver o problema.
A assessoria de imprensa da Comurg informou que durante todo o dia de ontem foram recolhidas 21 árvores que caíram devido à chuva. Os trabalhos de poda também estão sendo feitos para evitar novos problemas.
A comerciante Sulanei Moraes Lima, 51 anos, que mora no Residencial Sonho Verde, em Goiânia, está há dois dias sem água e 19 horas sem energia. "Na minha casa tudo é eletrônico, o portão é eletrônico", disse. Sulanei afirmou que não pôde lavar roupas e teve de solicitar os serviços de uma lavanderia. "Achei que era uma queda de energia normal, mas me enganei", reclama.