Novo aeroporto de Goiânia só em 2016
Motivos apontados pela Infraero são alterações em projeto original e revisão no orçamento
O novo aeroporto de Goiânia não será entregue no dia 15 de novembro, como prometeu a presidente Dilma Rousseff em visita à capital este ano. Sob a alegação de alteração no projeto e revisão do orçamento, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) afirmou que a conclusão seguirá o cronograma previsto em contrato, com data de entrega em 4 de abril de 2016. A informação foi confirmada pela Secretaria de Aviação Civil (SAC).
“As obras de infraestrutura, que permitiriam ao novo terminal estar em pleno funcionamento em novembro de 2015, tiveram seu planejamento revisto em funções de alterações ocorridas no escopo original do projeto e a revisões que foram realizadas no orçamento de investimentos da Infraero. A conjugação desses dois fatores fez com que optássemos por manter o prazo previsto em contrato, ou seja, início das operações em abril de 2016”, diz nota da Infraero.
A empresa estatal não detalha quais são as alterações do projeto. A nota afirma que o novo terminal está concluído. No entanto, lista os espaços destinados aos concessionários prestadores de serviços, como as lojas comerciais, bancos, restaurantes, lanchonetes e guichês das companhias aéreas, entre as obras que faltam ser finalizadas. Na parte de infraestrutura, apenas 16,9% do projeto foi execução, conforme dados de junho.
A reforma e ampliação do Aeroporto Santa Genoveva se arrasta há uma década. A obra, que começou em março de 2005, passou por embargo judicial, paralisação por falta de verba e até greve de funcionários. Em março deste ano, durante visita à Goiânia, a presidente Dilma Rousseff anunciou a retomada da construção e garantiu: “As obras do pátio e da pista vão começar precisamente no dia 6 de abril. Eu quero assumir um compromisso de que elas estarão prontas até novembro”.
O início das obras ocorreu exatamente no prazo estipulado pela presidente, mas a data de entrega tem sido um ponto de divergências desde seu anúncio. No dia 1º de abril, o líder do empreendimento da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) em Goiânia, José Eduardo Bernat, afirmou em entrevista que o novo terminal seria entregue, em novembro, de forma parcial.
Na semana seguinte, o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, e o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, vieram à capital vistoriar a construção e afirmaram que os embarques e desembarques na nova área estariam em funcionamento em novembro. Mas em junho, a Infraero informou que estava revisando o planejamento em relação às obras de infraestrutura do espaço e admitiu a possibilidade de não iniciar as operações do novo terminal em novembro. Por meio de nota, informou na época que os recursos para o empreendimento estavam garantidos no orçamento da União tanto para 2015 como para 2016, mas ressaltou que os ajustes feitos recentemente pelo governo federal poderiam comprometer o cronograma.
Consórcio
A assessoria de imprensa do consórcio Odebrecht e Via Engenharia, responsável pela construção do novo aeroporto, preferiu não se pronunciar. O consórcio alega que apenas executa o contrato gerido pela Infraero.
Processo de mudança pode demorar mais
100 dias do fim do prazo anunciado pela presidente Dilma Rousseff para a entrega da obra no Aeroporto Santa Genoveva, a comunidade aeroportuária do local já tratava a possibilidade de transferência das operações para este ano como improvável. O clima diante da promessa de conclusão da obra em 15 de novembro era de descrédito. “Pela experiência que tenho, esse processo demora de um a dois anos. Esse terminal deve ir mudando gradativamente. Você não transfere a operação de seis companhias aéreas de uma hora para outra. É uma mudança grande, passando inclusive da operação de solo para fingers” , disse um piloto que trabalha no local. Ele, assim como a maioria dos entrevistados, prefere não ser identificado para não ter desgastes.
Chefes de operações da maioria das companhias preferiram não comentar a data provável da mudança. No entanto, o gerente de uma das empresas, que pediu para não ser identificado, afirmou que a expectativa das grandes companhias é de iniciar, o mais rápido possível, os trabalhos no prédio erguido do outro lado da pista de pouso. “Visitamos o novo terminal em maio, mas ainda não temos um start da Infraero para programar a mudança.”
A gerente de loja Helkilena Sousa Brelaz, de 35 anos, disse ter expectativa de ir para no novo endereço, pois acredita que o fluxo de pessoas será maior, mas alega que a Infraero ainda não a procurou para tratar do assunto. “Sabemos que haverá outra licitação para os pontos comerciais de lá.”
Há desejo de que o atual terminal continue aberto
Muitos comerciantes acreditam que o terminal atual do aeroporto Santa Genoveva continuará recebendo passageiros das empresas de aviões menores, como a Azul. A prova disso, segundo os permissionários, é a entrada de novas lanchonetes, ainda em construção, na praça de alimentação.
Funcionários de um quiosque inaugurado na última quarta-feira informaram que a franquia de sorvetes assinou contrato de dois anos. “Ninguém faz um investimento desses para ficar pouco tempo”. A reportagem procurou a companhia citada pelos permissionários para saber se a ela deve permanecer no terminal atual. Por meio da assessoria, a empresa disse apenas que “por parte da Azul ainda não há definição sobre a mudança de operação em Goiânia”.
Fonte: Jornal O Popular 1 e 2