Jardim Goiás entre os bairros que mais mudaram desde 2005, constata comissão

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Em campo pela primeira vez desde o início dos trabalhos deste ano, grupo que estuda a nova Planta de Valores Imobiliários de Goiânia confere atuais perfis de cinco locais: Parque das Laranjeiras, vilas Alto da Glória e Maria José, Jardim Goiás e Residencial Aldeia do Vale. Equipe volta a se reunir nesta sexta-feira, 14, excepcionalmente no período da manhã, das 8 às 12 horas

Durante quatro horas, a Comissão para Elaboração da Planta de Valores Imobiliários e Tabela de Preços de Construções conferiu em campo as configurações de cinco dos 671 bairros que compõem a Capital: Parque das Laranjeiras, vilas Alto da Glória e Maria José, Jardim Goiás e Residencial Aldeia do Vale, respectivamente. In loco, eles validaram o indicativo de que o Jardim Goiás, hoje o quinto metro quadrado mais caro da cidade, segundo pesquisa do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Goiás (Creci-GO); registra uma das maiores alterações de perfis no delineamento urbano da Capital desde a última atualização da base de dados imobiliários da prefeitura, no ano de 2005. A inauguração do Parque Municipal Flamboyant Lourival Louza foi um dos propulsores desta mudança.


'O Parque Flamboyant transformou a paisagem urbana e, sem dúvida, é um dos elementos que impulsionaram o célere desenvolvimento da região Sul. Hoje, o Jardim Goiás é símbolo da explosão imobiliária na Capital', pondera o secretário municipal de Finanças, Jeovalter Correia que, embora não integre a comissão, fez questão de acompanhar a visita técnica. De acordo com a mestre em Ecologia e Produção Sustentável, Maria Aparecida de Oliveira, a ocupação do Jardim Goiás era inexpressiva até os anos 90. Cenário alterado, no entanto, como efeito da estratégia adotada, a partir dos anos 70, para implantação no local  e nas imediações de grandes equipamentos como autódromo internacional (1974), Estádio Serra Dourada (1975), Shopping Flamboyant (1981), Carrefour (1988), Palácio das Campinas Venerando de Freitas Borges (Paço Municipal - 2000), Wal Mart e Sams Club (ambos em 2005).

Mas, apesar dos altos investimentos para fazer do local um vetor de desenvolvimento da cidade, o adensamento residencial do setor seguiu de forma morosa.  A evolução da ocupação urbana só começa a ser observada em 2007, mesmo ano da inauguração do parque, cuja construção iniciou em 2005. 'Com localização privilegiada, fazendo parte de uma região de expansão comercial vista como um dos centros importantes de desenvolvimento da Capital, aliada à crescente demanda por lazer e melhor qualidade de vida, (o setor) desperta de forma ambiciosa o interesse dos investidores', explica a especialista.

'O bairro criado para ser residencial, gradativamente, foi se transformando em um espaço voltado para uma intensa articulação de mercado que, com celeridade, transformou-se num polo comercial e de lazer na escala urbana.' Segundo ela, os condomínios horizontais construídos nas imediações também foram um fator importante para a modificação da configuração espacial do Jardim Goiás.

Desigualdades
O rápido processo de desenvolvimento urbano conexo aos 10 anos de desatualização da Planta de Valores criou anomalias como o fato de hoje, na base de dados da prefeitura,  o metro quadrado  territorial em frente ao Parque Flamboyant ter valor similar ao do Setor Perim e da Vila João Vaz. Semelhança, no entanto, que não existe no mercado. No Jardim Goiás, perto do Parque Flamboyant, há lote à venda por R$ 950 mil. No Perim, por R$ 150 mil.

'Há situações de muita desigualdade não só frente a outros locais, mas dentro do próprio bairro. Atualmente, por exemplo, o metro quadrado em um conjunto de apartamentos mais antigos que existe na Avenida E, perto do Colégio Militar, custa quase R$ 900 enquanto o metro quadrado de apartamentos de altíssimo padrão em frente ao Parque Flamboyant custa R$ 230. Situações que atestam que a atualização da planta é importantíssima para se fazer justiça fiscal em Goiânia', argumenta a representante da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin), Vera Sotkeviciene.

E há valores ainda mais baixos. Na base da prefeitura, há metro quadrado no Jardim Goiás cotado a R$ 79. Valor que faria, por exemplo, um terreno de 400 metros no bairro custar apenas R$ 31.600. De acordo com levantamento do Creci, divulgado no ano passado, o metro quadrado do Jardim Goiás, custa, de fato, R$ 4.851. Em 2011, o valor era R$ 3.382.

A visita técnica realizada nesta quinta-feira, 13, também abrangeu o Parque das Laranjeiras e a Vila Maria José, ambos na região Sul da cidade, que não estavam no roteiro traçado inicialmente mas que, durante o trajeto, chamaram atenção da equipe pelo alto índice de empreendimentos em construção nesses locais. O grupo, inclusive, conversou com moradores dos bairros com objetivo de melhor entender o processo de mudança em cursos nessas localidades.

O empresário e morador do Parque das Laranjeiras, Ricardo Kadito, afirmou que atualmente há condomínios horizontais em construção no bairro. 'Uma vizinha vendeu um imóvel aqui por R$ 315 mil. Antes aqui era barato', acrescenta a  aposentada Francisca de Brito Soares, também moradora do local. Em seguida a comitiva seguiu, respectivamente, para a Vila Alto da Glória, situada nas imediações do Laranjeiras; Vila Maria José, Jardim Goiás e terminou a rota no Residencial Aldeia do Vale, que ainda é parcialmente desabitado.

Aldeia do Vale
O empreendedor do condomínio, Paulo Roberto da Costa, conversou com o grupo sobre a necessidade de Plantas de Valores (PV's) diferentes dentro do Aldeia, principalmente em relação à área não urbanizada e que só será colocada à venda no próximo ano. 'Aqui, temos lotes de dez mil metros quadrados. Se, por exemplo, for colocado a R$ 400 o metro quadrado, será R$ 4 milhões. Não tem jeito. Está muito longe', exemplifica o empresário.

O representante da Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação (Seplanh), Celeocy Cotrim, solicitou que seja apresentado à comissão um detalhamento da composição do Aldeia do Vale.  O objetivo é ter subsídio para amparar as decisões do grupo. 'A Planta de Valor deve ser a mais próxima possível do preço de mercado. Não tenho dúvida, precisa ser mais condizente com a realidade, mas as diferenças em relação à cidade precisam ser consideradas', afirma Paulo Roberto, que propôs quatro diferentes cotações para o condomínio. A sugestão ainda será apreciada pelos membros da comissão.

A ida à campo, que se repetirá até o final do trabalho dos técnicos, previsto para o próximo dia 28, funciona como mecanismo complementar à metodologia utilizada para estudo da atual situação dos bairros da Capital. Hoje, a comissão se embasa em análises de mapas, tabela de valores aplicados no ano de 2005, relatório com inscrições de todos os imóveis, subsídios tecnológicos como visualização de mapas e imagens captadas via satélite, além de vistas panorâmicas de 360° na horizontal e 290° na vertical como amparo às decisões em grupo.

Há também estudos resultantes do cruzamento entre os registros de imóveis feitos na prefeitura ao longo de 2015 e avaliações de mercado a cargo do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de Goiás (Sindimóveis) e da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), entidades que têm dois representantes na comissão. Do grupo ainda fazem parte membros do poder público municipal, do Governo de Goiás e da Câmara Municipal de Goiânia, conforme estabelece o Código Tributário Municipal (CTM). O objetivo da equipe, que se reúne diariamente desde o início de agosto, é identificar situações de desvalorização, neutralidade ou valorização no comparativo entre os dados da base de dados da prefeitura e as práticas de mercado.

Horário excepcional
Ao longo de 13 reuniões, que começaram no dia 03 de julho, a Comissão para Elaboração da Planta de Valores Imobiliários e Tabela de Preços de Construções apreciou 266 dos 671 bairros da Capital. A média é de 22 locais atualizados a cada encontro. Ao todo, 405 localidades precisam ser avaliados até o próximo dia 28.

A reunião desta sexta-feira, 14, excepcionalmente, acontece das 8 às 12 horas, como atendimento a pedido de parte dos vereadores que integram o grupo. Via de regra, as deliberações ocorrem no período vespertino, das 14h às 18 horas. A meta é concluir os trabalhos até o final no mês para encaminhar à Câmara o Projeto de Lei (PL) da nova Planta de Valores Imobiliários no início de setembro. Antes da apreciação em plenário, no entanto, haverá a realização de audiências públicas para discussão do tema. O prazo final para tramitação da matéria na Casa é o dia 20 de dezembro.

Base
A Planta de Valores é um documento que subsidia o poder público municipal em cálculos de desapropriações imobiliárias, dos impostos Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Territorial Urbano (ITU), alienação de áreas públicas e de Imposto Sobre Transmissão de Imóveis (ISTI). É, ainda, o valor oficial para definição dos preços dos imóveis dos órgãos públicos, do patrimônio do Município. A última atualização dessa base de dados ocorreu no ano de 2005.

Giselle Vanessa Carvalho, da editoria de Finanças - Secretaria Municipal de Comunicação (Secom)
Fonte: Prefeitura de Goiânia
Fotos: Roberto Barrich's