“É notório o preconceito sobre Goiânia e a música sertaneja”
Sobre o artigo “Eu não conhecia nem quero conhecer (a música do) cantor Cristiano Araújo” (Jornal Opção Online), o autor Edmar Oliveira afirma que sentiu a morte de Chico Anysio e Millôr Fernandes por conhecê-los. Da mesma forma, sinto a morte de Cristiano Araújo (foto), que não era ídolo de uma música só e eu senti, e muito, sua morte. A grande questão é que ele ainda não tinha entrado na panelinha dos pseudointelectuais do eixo Rio-São Paulo.
Goiânia é uma cidade rica em cultura e não é só sertanejo, não. O preconceito sobre minha cidade e a música sertaneja é notório. As pessoas que não se agradam do gênero fazem de tudo para desmerecê-lo, simplesmente por se acharem mais cultos que os sertanejos. A palavra “cultura” é relativa, uma vez que os índios têm a sua, mas nenhum conhecimento intelectual e nem por isso deixam de ser cultos, porém de sua maneira — e nem eu nem ninguém tem o direito de achar que um silvícola não tem cultura. Quem tem esse pensamento está sendo ignorante.
Nossa revolta com Zeca Camargo não foi pelo fato de ele não conhecer o cantor, mas, sim, desmerecer seu trabalho que ele sequer tem conhecimento. A falta de respeito com sua memória e com sua família foi desnecessária. No alto de seu ostracismo televisivo, tentou se reerguer à custa de um ídolo de verdade, que arrastava multidões e que vai deixar muita, mas muita saudade. Na tentativa tresloucada de se manter em foco, fez um dos comentários mais medíocres e desnecessários de sua vida. A pessoa para ser famosa tem de fazer parte do grupinho dele? E no dia em que Zeca morrer, quem vai a seu velório? E se me acharem “sem cultura”, já li Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer, Émile Durkheim, Karl Marx, Max Weber. Sou graduada e pós-graduada, porém caipira, com muito orgulho. Sou goianiense, logo sou sem cultura? Vamos parar com esse preconceito! E viva a música, seja ela de qual gênero for!
E-mail: danielainvernizzi@yahoo.com.br
“Cada um tem um gosto particular”
Lucas Castelano
Parabéns pelo texto, Edmar Oliveira. É uma pena ter ficado tão extenso, porque muitos se perderão no meio do caminho. Acredito que você, ao saber da notícia fatídica, não chorou, não se comoveu e não fez parte do luto coletivo. Claro que não você não o conhecia como pessoa, tampouco como artista. Todos os que não o conheciam não se surpreenderam com a notícia. Aquela multidão que entrou em luto coletivo faz parte dos milhares de fãs declarados e anônimos. A mídia deu tanto foco porque sabia do potencial de ibope que essa notícia causaria; ora, ele era conhecido pela maioria brasileira e pelos principais programas de TV das principais emissoras. Eu não entendo quando o tal Zeca Camargo quis comparar essa triste e real passagem à “falta de cultura” de grande parte da sociedade, em um momento delicado como esse, em que as pessoas ainda estão fragilizadas, em situação instável. Todas as citações de todos os filósofos nunca conseguirão expressar o sentimento da dor da perda em sua plenitude. Cada um tem um gosto particular e talvez o que é bom para mim talvez você nem conheça.
E-mail: acusticomtv@hotmail.com
“Como alguém pode definir que uma cultura seja superior a outra?”
Andreza Faria
Sou goiana, de nascença e coração, e assim como você, Edmar Oliveira, não era fã de Cristiano Araújo; tampouco chorei sua morte no Facebook — gosto de artistas que provavelmente são os que você citou como “cultura e arte”, mas me senti extremamente ofendida com seus comentários. Também me senti envergonhada que ainda exista gente que se coloca em uma posição de superioridade simplesmente pelo gosto musical. Não consegui engolir também sua citação de que Goiânia é “atrasada culturalmente”. Como alguém pode definir que uma cultura seja superior a outra? Eu acho a cultura goiana linda!
Não era fã, mas a morte de Cristiano Araújo me abalou, sim, assim como comoveu muitos pelo País. Comove porque foi uma tragédia, porque ele era novo, porque era um artista e, que me desculpem os “ditadores de cultura”, tinha talento, sim. Só por isso arrastou multidões a seus shows e, consequentemente, a seu funeral. A música sertaneja pode não ser seu estilo, como também não é o meu, mas não se deve jamais menosprezar quem quer que seja por não pensar como você. Não é porque gosta de Chico Buarque que alguém é mais intelectual do que um fã do Amado Batista; muito pelo contrário, inteligente e admirável mesmo é aquele que consegue respeitar todos os estilos e ver a beleza em cada um deles. Não menospreze os outros para se elevar: você pode ser melhor do que isso.
E-mail: andrezasfaria@hotmail.com
“Qual partido no poder agiria de forma diferente?”
Elcival Machado
Vivemos um sistema político baseado em barganhas entre o governo, Congresso e empresários. Em troca de cargos comissionados, a maioria absoluta dos partidos nesta República carcomida hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de votos. Empresários financiam campanhas eleitorais de governos e deputados no afã de que eles votem leis que os beneficiem na redução de impostos e benefícios fiscais. Por isso, muitos empresários ficam cada vez mais ricos à custa do Estado brasileiro, pois se beneficiam com a redução, a isenção e a sonegação de impostos. De modo geral, a política brasileira (independente de qual partido esteja no poder) impõe um tipo de relação entre atores políticos que envolve primordialmente a concessão de benefícios públicos. Qual o santo partido no poder agiria diferente? Não se trata de poupar PT e cia., mas apenas de abranger o campo de análise crítica da real situação da tradicional e corrupta política brasileira.
Elcival Machado é sociólogo.
“Opinião coerente sobre o tema”
Adriana Borges
Perfeito, o artigo “Planos de educação querem experimentar a Ideologia de Gênero nesta geração de crianças” (Jornal Opção Online), do professor Orley José da Silva. Tem sido raro ver uma opinião coerente acerca do tema. Tudo que se vê, ou entra na linha “preconceito” ou “intolerância religiosa”. Que bom que ainda haja cabeças pensantes nesse mundo! Parabéns pelo artigo, um dos melhores que li nos últimos tempos.
Fonte: Jornal Opção