Prefeitura quer ampliar área urbana de 61% para até 70% do território da capital
Mais espaço para crescer e mais especulação. Medida é criticada por entidade do setor
Goiânia deve crescer rumo à periferia, possivelmente nas regiões sudoeste, oeste ou noroeste, segundo projeto da Prefeitura que deve ser debatido na Câmara Municipal ainda neste semestre. A intenção é a expansão da macrozona construída da capital, que hoje permite a urbanização em 61% do território. Segundo o projeto, esse índice, caso a proposta seja aprovada, deve variar entre 65% a 70% da área. O estudo está pronto, mas o Paço pretende iniciar discussões internas com vereadores e sociedade civil.
Dentro da Prefeitura, o projeto é tratado como um ajuste geométrico do traçado da cidade. Na configuração atual, há bairros isolados, cercados de áreas rurais, o que dificulta a chegada de equipamentos urbanos.
Com a mudança, também seria possível aumentar o número de lotes na capital voltados à moradia popular. Esse aspecto faz com que o projeto ganhe o apoio do setor imobiliário e de vereadores.
Na visão dos empresários, há baixa oferta de lotes para a construção, o que eleva o preço do metro quadrado na capital. Os novos loteamentos poderiam abrigar até 20 mil famílias com renda entre três e seis salários mínimos.
A proposta já possui o apoio do vereador Anselmo Pereira (PSDB), presidente da Câmara. Ele negociou para que o prefeito Paulo Garcia (PT) desse andamento ao projeto já pronto na Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação.
Especulação
Há receio no Paço, e junto a vereadores e empresários, de que o projeto seja entendido como favorecimento à especulação imobiliária. Foi o que ocorreu na última discussão sobre o tema, em 2011.
A vice-presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO), Maria Ester de Souza, argumenta que a proposta de expansão urbana reforça o aspecto especulativo e atende ao setor imobiliário. Ela explica que o mercado deseja expandir a cidade para supervalorizar o vazio que fica: ao levar loteamentos para a extrema periferia da cidade, na divisa com outros municípios, todas as áreas que estão no caminho passam a ter valor maior.
A arquiteta e urbanista afirma ainda que Goiânia já é uma das cidades mais espraiadas do Brasil, não sendo necessária a expansão da macrozona construída. “Devemos entender disso que o prefeito assinala que vai atender a esse segmento.” Para Maria Ester, há necessidade de moradia, mas há necessidade maior de cidade, ou seja, água, esgoto e asfalto.
Fonte: Jornal O Popular