Paulo Garcia explica porque errou ao optar por ciclovias na capital
Paulo Garcia chegou ao Jornal Opção um tanto abatido para mais uma sabatina com a equipe de jornalista em sua gestão. Mas não por conta da avaliação baixa que ela tem tido por parte da população: uma gripe o afetava. “Fazia muito tempo que eu não gripava. Eu pensei que estava conseguindo escapar desta vez também, mas ela me pegou”, relata, com a pitada de humor que lhe é característica.
O prefeito de Goiânia é assim: mesmo com os problemas batendo à porta, não perde a linha. E foi assim que discorreu sua conversa com os repórteres, ressaltando feitos, principalmente na área da educação. O prefeito cobrou também da imprensa que procurasse outros ângulos de abordagem de temas polêmicos, como a questão da saúde. “Nunca vi uma equipe de jornalismo sair para fazer uma matéria nas clínicas e postos de saúde da capital para saber a origem das pessoas que são atendidas.” Paulo diz que o número de pacientes cadastrados como “goianienses” na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é de 4,5 milhões. Três vezes a população da cidade.
Ao ser alertado sobre se cumpriria a promessa de executar cem quilômetros de ciclovias na capital, o petista foi além: “Vou entregar tudo o que prometi em campanha. Pode escrever aí. Aliás, faço um desafio: pegue o meu plano de governo e, no dia 31 de dezembro de 2016, me cobre tudo que está no plano de governo e que eu não tenha feito.”
Euler de França Belém — Falam por aí que as ciclovias estão paradas. Estão?
Estão, mesmo. E aproveito aqui para dizer que erramos ao fazer a opção pelas ciclovias.
Elder Dias — E como ficam agora os ciclistas? Havia previsão de uma ciclovia para a Avenida 85, que o sr. disse que seria feita, mas até agora, mesmo com a intervenção, não foi iniciada. Como vai ficar isso?
Repito, eu estou convicto que nós erramos em fazer a opção pela ciclovia. Falo isso porque há três espaços preferenciais para bicicletas: a primeiro é a ciclovia — que é algo exclusivo, mais caro e que existe nos corredores. O único corredor pronto que temos, na verdade, é o da Avenida Universitária ou Rua 10. No corredor da 85, a parte que foi executada até agora foi para melhorar a mobilidade. E melhorou muito, principalmente depois da sincronização semafórica. Agora, está um espetáculo. Temos pesquisa de satisfação dos usuários de carro e ônibus com aprovação de mais de 90%. Por incrível que pareça, onde os corredores foram implantados — mesmo parcialmente, como na 85 — reduz o tempo de viagem para todo mundo, para ônibus e carros, embora de fato melhore mais para os ônibus.
Então, sobre os corredores, temos o da Avenida Universitária pronto; o da 85 parcialmente executado, na parte realizada com recursos próprios — o restante é verba federal e está sendo licitado agora na 85; o mesmo vale para o corredor da T-63.
Elder Dias — O que falta na T-63?
Falta completar a ciclovia, que foi interrompida na passagem sobre o Córrego Cascavel, onde falta uma ponte, e para no Setor Nova Suíça, quando deveria se estender até o Flamboyant. Mas os estudos para transposição das barreiras estão concluídos, mas esse corredor não está completo, assim como também não está o da 85. A única coisa — que foi determinação minha, porque acho que podemos nos antecipar — foi a marcação do espaço preferencial para ônibus para agilizar logo a melhoria da qualidade do transporte coletivo. Por isso que essas ciclovias não estão implantadas.
Cezar Santos — O sr. dizia que errou na preferência por ciclovias. Por quê?
Erramos porque deveríamos ter feito opção pelas duas outras modalidades de espaço para as bikes: as ciclofaixas e as vias cicláveis. São coisas diferentes: ciclovias são exclusivas de bicicletas; ciclofaixas, que são áreas de utilização compartilhadas; e, agora, ganhamos um estudo agora de 100 quilômetros de vias cicláveis, que devem ser preferenciais para o uso de bicicleta, seja para se locomover no dia a dia, seja esportivamente ou por lazer. A sinalização é feita só com uma marcação vertical e horizontal simples, com placas que dizem aos motoristas para terem uma atenção mais direcionada aos ciclistas. É uma via estudada para quem vai de um bairro a outro mais fácil para ser utilizada pelo ciclista. Então, há placas nos postes e uma sinalização voltada para a bicicleta no solo.
Nós ganhamos esse estudo de uma ONG [organização não governamental] e já está pronto. Onde eu acho que errei? Deveríamos ter optado por fazer 100 quilômetros de vias cicláveis, que fica mais barato de fazer. Mas vamos fazer isso agora. De qualquer forma, as ciclovias vão continuar sendo feitas.
Elder Dias — Em sua campanha, havia o compromisso de mais de 100 quilômetros de ciclovias. Eles já sabem dessas mudanças.
Vamos entregar 100 quilômetros de vias para os ciclistas.
Elder Dias — Mas vão transformar isso em ciclofaixas?
Não necessariamente.
Elder Dias — Mas isso será funcional para o ciclista?
Todas as obras serão funcionais. Estivemos reunidos com grupamentos ciclísticos, que hoje são vários e que já estão a par dessas ideias e querem dessa forma, também. Nos corredores pode haver ciclovias, mas em determinado trecho utilizar ciclofaixa. Aliás, no mundo hoje, se você viajar para fora, o que é mais utilizado são as vias cicláveis com compartilhamento total das avenidas e ruas entre carros, ônibus e ciclistas. A cidade de Paris é quase toda assim.
Cezar Santos — Só para reforçar, o que o sr. vai entregar do que prometeu durante a campanha?
Vou entregar tudo o que prometi em campanha. Pode escrever aí. Aliás, faço um desafio: pegue o meu plano de governo e, no dia 31 de dezembro de 2016, me cobre tudo que está no plano de governo e que eu não tenha feito.
Veja a entrevista completa aqui.
Fonte: Jornal Opção (Via: onibusrmtca.blogspot.com.br)