Táxi na faixa exclusiva - bom pra quem?
São 32 as cidades brasileiras que contam com mecanismos de prioridade ao transporte por ônibus, como corredores ou faixas exclusivas. Destinar um espaço prioritário ao modal é uma necessidade quando este carrega tantos ou mais passageiros do que a soma das demais pistas. Considerando que uma faixa exclusiva de ônibus é capaz de transportar dez vezes mais pessoas por hora do que uma via para carros e que, no Brasil, 85% dos deslocamentos são feitos por ônibus considerando o transporte coletivo, não há dúvidas: priorizá-lo é uma urgência.
Um ambiente urbano desenhado para que o ônibus trafegue livremente nas vias gera impactos sociais, ambientais e econômicos para as cidades. As pessoas ganham tempo, pois a viagem é mais rápida; a pista livre demanda menos veículos nas ruas, reduzindo as emissões, e melhorando a qualidade do ar; consequentemente, vidas são salvas pelo aumento da segurança no corredor; e os cofres públicos economizam milhões todos os anos com menos acidentes e mortes. Estudo da rede EMBARQ mostrou, por exemplo, que Bogotá (Colômbia), que conta com o BRT TransMilênio, vai poupar US$ 288 milhões ao reduzir mortes e colisões entre 1998 e 2017.
Só a população brasileira que utiliza os corredores e faixas corresponde a cerca de 30% dos usuários desta infraestrutura em todo o mundo, conforme o BRTData.org. São 12 milhões de pessoas transportadas diariamente nos 682 km existentes. Um recurso escasso, mas que está em expansão com a implantação de novos corredores BRT e faixas exclusivas, contudo, disputa a concorrência com outro serviço de transporte: o táxi.
Um estudo feito no corredor da Av. Rebouças, em São Paulo, descobriu que para cada ônibus circulando por lá, havia quatro táxis no horário de pico. Das 17h às 20h, enquanto 855 táxis trafegaram por lá, a média foi de 226 ônibus a uma velocidade média de 7km/h. A conclusão foi que, sem a presença dos táxis, a velocidade média do ônibus poderia aumentar 25% no sentido bairro e 19% no sentido centro, portanto os táxis deveriam ser proibidos de usar as faixas.
Felizmente, a permissão, concedida em 2004, foi revogada há dois meses por decisão do Ministério Público. Obviamente, proibir taxistas de utilizar as faixas exclusivas é uma medida que não os agrada. Em Belo Horizonte, por exemplo, houve protestos por parte deles para utilizar o espaço do BRT MOVE, alegando que eles não prejudicariam seu tráfego. Será mesmo?
Fonte: TheCityFix Brasil/Maio-2014