Ditadura não mais nas ruas

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Logradouros e obras públicas com nomes de ditadores podem ser mudados

A Comissão Nacional da Verdade (CNV), que investiga crimes cometidos durante a ditadura militar, vai propor, em seu relatório final, que todas as obra públicas do País que tenham nome de presidentes militares ou de pessoas envolvidas com a tortura e desaparecimentos sejam alterados. O documento deve ser entregue à presidente Dilma Rousseff assim que os trabalhos forem concluídos.

Entre as 29 obras que constarão com essa recomendação irretocável da CNV, estão a Rodovia Castelo Branco (SP), o elevado Costa e Silva (Minhocão) e a Rua Sérgio Fleury – homenagem ao delegado Sérgio Paranhos Fleury, considerado um dos maiores torturadores do período –, as duas últimas na cidade de São Paulo.

A medida tem se repetido nas comissões estaduais da verdade Brasil afora. Na capital paulista, o prefeito Fernando Haddad promulgou uma lei que permite alterar nomes de logradouros que prestem homenagem a "autoridade que tenha cometido crime de lesa-humanidade ou graves violações de direitos humanos".

Um levantamento feito pelos Correios, a pedido do jornal O Globo identificou 727 CEPs de ruas, travessas, praças, becos que lembram nomes de cinco presidentes militares e o dia 31 de março, data do golpe de 1964.

O assunto já foi tema de reportagem no Diário da Manhã. No dia 27 de novembro, a reportagem Ditadores nas Ruas abordou a questão mostrando que além de logradouros, várias unidades de ensino de Goiás carregam nomes de homens que comandaram a ditadura que durou praticamente 21 anos.

Entre os exemplos está o da Avenida Castello Branco, via de grande relevância para o trânsito da Capital que passa pelo Setor Coimbra e Bairro de Campinas. Primeiro-general presidente a entrar no cenário político com a derrubada de João Goulart, Humberto Castello Branco assinou atos institucionais, como o que institucionalizou o golpe de 31 de março e o que acabou com o pluripartidarismo e instituiu o bipartidarismo, apenas Arena (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro) disputariam as eleições “controladas”.

Outro exemplo é o da Escola Municipal Marechal Castello Branco, no Jardim Guanabara III. Humberto Castello Branco, que era membro do Grupo da Sorbonne nas Forças Armadas, morreu, em 1967, em um misterioso acidente de avião. O militar também dá nome a uma instituição de ensino "Presidente Castello Branco", instalada à Avenida Minas Gerais, bairro de Campinas.

Embora estes exemplos sejam de Goiânia, esta não é uma situação que se restringe à Capital. No interior, colégios estaduais ainda carregam nomes de líderes da ditadura. Entre eles estão o Colégio Estadual Castello Branco em Anápolis e o Colégio Estadual Presidente Costa e Silva em Jandaia, município da região sul do Estado situado a 120 km de Goiânia.

Em Goiânia 

Ruas e avenidas

 Avenida Castello Branco, Campinas
 Rua Ernesto Geisel, Residencial Flamingo
 Avenida 31 de Março, Vila Legionárias
 Rua Presidente Ernesto Geisel - Jardim Presidente
Escolas

 E. M. Marechal Castello Branco, no Jardim Guanabara III
 Escola "Presidente Castello Branco", instalada à Avenida Minas Gerais, bairro de Campinas.
 Escola Municipal Marechal Ribas Júnior
 Arthur da Costa e Silva - Colu, Setor Universitário
 Cmei [Centro Municipal de Educação Infantil] Presidente Costa e Silva, Vila Redenção
Os números da repressão

 64 Ano do golpe de Estado no Brasil
 15 Número de mortos e desaparecidos no Estado de Goiás
 479 Número de vítimas no Brasil pós-64
 2.000 Número de índios mortos na ditadura

Fonte: DM