“O transporte é regular, por causa do trânsito”
Cileide Alves, Editora-executiva de O Popular
Marcos Massad, presidente da CMTC, foi sabatinado por leitores no Face a Face
Provocado pela leitora do POPULAR Renata Santos de Oliveira a definir se o transporte coletivo de Goiânia é ótimo, bom, regular ou ruim, o presidente da Companhia Metropolitana de Trânsito (CMTC), Marcos Massad, admitiu que ele é apenas regular.
Enquete: Presidente da CMTC, Marcos Massad disse em entrevista ao Face a Face, de O Popular, que o transporte coletivo de Goiânia é regular. E você, o que acha?
A CMTC, responsável pela gerência e fiscalização do transporte, recebe críticas de usuários, pelas alterações nas linhas, atrasos nos horários, redução de ônibus e terminais e veículos superlotados. A greve dos motoristas, segunda-feira, que prejudicou cerca de 400 mil pessoas somou-se a essas queixas.
Massad disse neste Face a Face,que o congestionamento do trânsito e a falta de corredores exclusivos para o transporte coletivo são os principais responsáveis pelos problemas. Segundo Massad, a CMTC conclui um projeto para construção de 11 corredores exclusivos em Goiânia.
O projeto com pedido de empréstimo já foi aprovado pela Corporación Andina de Fomento (CAF). Agora precisa ser aprovado pelo Senado. Ele acredita que durante a gestão de Paulo Garcia será possível implantar o primeiro desses corredores, o Norte-Sul, ao custo aproximado de R$ 70 milhões.
(Marcos Paulo) - Por que não usar o próprio sitpass para integrar a viagem? O Cartão Integração não burocratiza?
Concordo em parte. Mas o Cartão Integração está ali com a sua identidade, CPF e foto, enquanto o sitpass ele (o passageiro) poderia pegar e entregar para qualquer outro. Com o Cartão Integração, não, porque ele tem um código de barra como se fosse um cartão de crédito. O Cartão Integração é muito bom e tira o pessoal dos terminais.
(Rogério Ribeiro) - O senhor acredita que existem problemas no transporte coletivo ou seria apenas imaginação das pessoas?
Existem vários problemas. Inclusive, o prefeito Paulo Garcia, a AMT e eu discutimos soluções para o transporte e também para o trânsito, pois os dois estão muito ligados. Vou dar um exemplo: nos terminais do Eixo Anhanguera, como o da Praça da Bíblia e o da Praça A, não existem mais condições para os passageiros. As plataformas são pequenas. Existem pessoas que estão andando vários quilômetros para pegar o Eixo Anhanguera. Quando o governador Marconi Perillo deu o subsídio - não sou contrário a ele - migrou todo mundo para o Eixo Anhanguera. No terminal da Praça da Bíblia, onde caberiam 30 mil pessoas, passam 90 mil. Na Praça A é a mesma coisa e não tem como crescer. Na Praça da Bíblia vão estender o terminal 15 metros para cada lado. Mas é ainda insuficiente. Por isso colocamos o Eixo Anhanguera na licitação (depois foi retirado). A frota da Metrobus hoje está sucateada. O próximo governador vai ter de dar uma atenção adequada ao Eixo. E não só a ele. O Terminal do Cruzeiro é a gestão que a gente quer. É o que a gente quer, mas falta muito. Estive também em uma reunião na CAF (Corporacion Andina de Fomento). Estavam a Argentina, Bolívia, Paraguai, Colômbia, Chile, Brasil. Já foi criada a Associação de BRTs (sigla em inglês para Trânsito Rápido de Ônibus), que são corredores exclusivos. Você faz uma via exclusiva de transporte de primeira qualidade com R$ 2 milhões por quilômetro, enquanto para o metrô gasta 100 milhões por quilômetro. O prefeito já determinou que a gente fizesse o projeto executivo do corredor Norte/Sul. Vamos fazer quase 50 quilômetros de corredor. Já está aprovada a carta consulta na CAF. São 75 milhões de dólares que eles vão nos emprestar e 75 milhões de dólares a Prefeitura tem de desembolsar (para vários corredores). Só para o Norte/Sul são 70 milhões de reais. Vamos fazer em dois anos, de ponta a ponta, do Veiga Jardim até a Região Noroeste. Vamos tirar a metade das pessoas da Região Noroeste do Padre Pelágio. Aí sim, vamos folgar o Eixo Anhanguera. Há problemas, sim, mas as soluções estão sendo dadas.
(Rogério Abreu) - A greve da última segunda é consequência de uma estrutura falida do transporte coletivo. O que precisa ser feito a curto e a médio prazos para melhorar o transporte em Goiânia?
A greve é ilegal. Eu não quero nem falar nisso. A solução, são os corredores.
(Maria Isabel Assis Pereira) - Os usuários do transporte coletivo poderão ser indenizados pelos transtornos?
O que a população passou é uma falta de respeito, foi uma falta de educação, é tudo que pode ser humilhado. Mas isso não é culpa do poder público, principalmente da CMTC. Volto a repetir, se tivesse feito todo o trâmite legal, nós teríamos tomados as precauções, divulgado em rádios, TVs, jornais, de que ia haver greve. Iríamos dar a resposta à população, pegar frota e dividir. Não diríamos que ia resolver, teria de tirar 30% da frota, que é muita coisa para uma frota que está sacrificada com tantos carros nas vias, mas pelo menos amenizaria. Não seria caos total.
(Marco Eugênio) - O senhor usa ônibus para ir trabalhar?
Eu queria até pegar o Citybus; ele passava na porta do condomínio onde eu moro e aqui (no Setor Universitário, onde fica a CMTC). Mas, infelizmente, eu não paro na companhia, tenho de ir a cada terminal, ao Paço, resolver problemas, por isso eu não pego.
(Renata Santos de Oliveira) - Nosso transporte coletivo é ótimo; bom; regular ou ruim?
É regular, pelo caos do trânsito. Dada a velocidade, não é bom. Mas não é ruim. Em breve nós teremos ele bom. Principalmente com a implantação do corredor Norte/Sul e de outros corredores. O transporte só vai melhorar junto com o trânsito. Em 2005, um ônibus saía do Jardim Maranata (em Aparecida) até o Centro (de Goiânia) e voltava em 50 minutos. Hoje gasta 2 horas. Diminuiu-se o número de passageiros nos últimos cinco anos, mais pessoas tiveram oportunidades de comprar moto, carro e isso atrapalhou o trânsito. Nós carregamos hoje em torno de 800 mil passageiros nos dias úteis. Temos de dar preferência ao usuário de transporte coletivo.
(Silvio José Silva Júnior) - Por que o senhor não pede para sair? Todo dia me sinto pior que sardinha na lata. Tome uma atitude que convença os usuários...
Há algumas facções que pedem todos os dias para que eu saia. Mas eu sei de onde vem isso, politicamente, nos últimos meses. Não sou o dono do cargo aqui, é o prefeito que manda e tem dito que está satisfeito com o meu trabalho. Estou muito satisfeito em poder ajudar a população e a buscar recursos para a melhoria do transporte.
(Sérgio Vieira Costa) - As empresas de ônibus pagam salários baixos aos trabalhadores e prestam um serviço ruim aos usuários. Os empresários do setor vão bem. A quem cabe a responsabilidade de solucionar o problema?
Ao Ministério do Trabalho. Eles (os motoristas) estão reivindicando melhores salários, e eu não sei se os salários deles estão baixos ou não. Sou sempre a favor dos empregados e dos usuários do transporte coletivo, mas não sou eu que dito normas de quanto é que tem de ganhar um motorista. A forma de gerir o sistema está supermoderna. A nossa central de sistema operacional é uma das melhores do mundo. É um sistema novo, que foi gasto mais de 50 milhões de reais. Agora, não adianta você ter só uma boa forma de gerenciar se você não tem os corredores. Bogotá tem uma central de controle inferior à nossa e lá funciona tudo bem por que tem corredores.
(Janete Ferreira) - Um turista que chega em Goiânia consegue andar de ônibus? O senhor acha que os pontos são bem identificados e que os itinerários são claros?
Sim. Ele consegue andar de Citybus. Nós temos distribuído (folhetos do Citybus) nos hotéis. No transporte coletivo eu até diria que há realmente algumas falhas para que ele (o turista) possa andar, porque não está identificado (o itinerário) nos pontos. Já estamos fazendo a licitação e vamos colocar todas as linhas e itinerários. Vai ter um mapinha (nos pontos).
(Warley Couto) - Hoje não há concorrência e as empresas nos tratam como querem. Não temos alternativa na hora de escolher.
Nós temos cinco empresas hoje no sistema. Em todas as linhas nós temos duas empresas trabalhando. Como nosso sistema é integrado, tem-se de integrar uma linha com a outra. Você sai de qualquer ponto da Região Metropolitana de Goiânia e vai até a outra com a mesma passagem. Num passado bem próximo, pagava-se três, quatro passagens, para uma empregada doméstica ir trabalhar. Foi na nossa gestão que nós unificamos todos os nossos bilhetes. Fizemos a unificação tarifária em toda a Região Metropolitana.
(Frederico Augusto) - A Metrobus não substituirá os ônibus do Eixo Anhanguera, que já têm cerca de 12 anos de uso?
A idade média de uso de um ônibus articulado é de 10 anos. Mas, no Eixo Anhanguera, não é. Renovamos a concessão (com a Metrobus) até o final de dezembro. Seja quem for o governador do Estado, tem de licitar ou então investir na renovação de frota e de modernização no Eixo Anhanguera. Isso ficou definido para janeiro.
Fonte: Goiás Net