Usuários Fecham Terminal praça da Bíblia

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Milhares de usuários fecharam o Terminal Praça da Bíblia, das 7h30 às 11h, ontem, revoltados com o atraso e más condições de funcionamento do transporte coletivo de Goiânia. Tanto as 18 linhas alimentadoras que saem do Terminal, quanto os demais ônibus do Eixo Anhanguera, paralisaram as atividades. De acordo com policiais militares que estavam no local, “foi uma manifestação espontânea, sem grandes atos de violência ou vandalismo, apesar de alguns ônibus terem sido atingidos por pedras. Mas não foi necessário o uso da força policial”.

O protesto começou às 7h30, quando dezenas de pessoas que esperavam o ônibus Terminal Cruzeiro/019, há mais de uma hora, sugeriram a iniciativa. Imediatamente, os usuários que aguardavam as outras linhas aderiram ao movimento e todos fecharam as entradas do terminal, impedindo os ônibus de entrar ou sair, e exigiam a presença dos chefes da Metrobus.

Um funcionário da Metrobus, que não quis se identificar, bateu boca com um grupo de manifestantes revoltados e teve que sair do terminal escoltado por policiais. Por volta de 10h, o diretor técnico da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo, Denício Trindade, compareceu ao Terminal Praça da Bíblia e admitiu as falhas no sistema de transporte coletivo de Goiânia. “Sabemos que tem falhas nas linhas alimentadoras e estamos trabalhando para solucionar os problemas, o mais rápido possível. O sistema viário de Goiânia precisa ser reformulado. Somente em fevereiro, foi registrado aumento de 25% de veículos particulares nas ruas da cidade, o que dificulta o trânsito.” Denício prossegue: “O Terminal Praça da Bíblia necessita de reforma, urgente, para ser adequado ao crescimento da demanda. Quanto mais aumentam os ônibus, mais aumenta o número de usuários, a demanda não para de crescer, o que causa a demora e a superlotação.”

O impasse só terminou por volta de 11h, quando uma comissão de oito usuários foi até a sede da CMTC, onde participou de reunião com representantes das empresas de transporte coletivo. Com a ajuda da tropa de choque, os ônibus voltaram a circular, aos poucos.


“O povo precisa se organizar para ser ouvido”
Com a paralisação dos ônibus, milhares de pessoas não foram ao trabalho, ontem pela manhã. Todos garantem, porém, que o protesto valeu a pena. A babá Cláudia Moura da Cruz, 35, mora no Recanto das Minas Gerais e trabalha no Setor Universitário, onde entra no trabalho ao meio dia. “Eu pego três ônibus. Saio de casa às 10h, para chegar no serviço meio-dia e mesmo assim, só chego atrasada. O cartão integração não adianta nada, porque os ônibus de todas as linhas demoram muito. Mesmo que não tenha que vir ao terminal, a gente tem que ficar esperando um tempão.”

A diarista Raimunda Lins, 63, mora no setor Colina Azul, em Aparecida, e trabalha no setor Negrão de Lima. Ela diz que já ficou mais de uma hora esperando o ônibus do Terminal Cruzeiro, justamente o 019. “Eu saio de casa 5h30, para chegar no serviço às 9h. Hoje não fui ao trabalho, mas valeu. O povo tem é que se unir muito mais e gritar, pra ver se alguém escuta. Pagamos caro pela passagem, só andamos em pé e amassados, e os chefões do transporte ainda aparecem na televisão falando que está tudo bem. É um desaforo.”

A recepcionista Aline Silva, 21, mora no setor Negrão de Lima e trabalha no setor Marista. “Todo dia chego atrasada e amassada. Já cheguei a ficar mais de uma hora esperando o 019. Já passava de hora do povo se manifestar.” O agente de saúde Sidney Rodrigues, 33, usuário do ônibus 020, gostou de participar da manifestação. “O povo precisa se organizar para ser ouvido.” (Maria José Sá)

Fonte: Jornal o Hoje