Usuários Fecham Terminal praça da Bíblia

O protesto começou às 7h30, quando dezenas de pessoas que esperavam o ônibus Terminal Cruzeiro/019, há mais de uma hora, sugeriram a iniciativa. Imediatamente, os usuários que aguardavam as outras linhas aderiram ao movimento e todos fecharam as entradas do terminal, impedindo os ônibus de entrar ou sair, e exigiam a presença dos chefes da Metrobus.
Um funcionário da Metrobus, que não quis se identificar, bateu boca com um grupo de manifestantes revoltados e teve que sair do terminal escoltado por policiais. Por volta de 10h, o diretor técnico da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo, Denício Trindade, compareceu ao Terminal Praça da Bíblia e admitiu as falhas no sistema de transporte coletivo de Goiânia. “Sabemos que tem falhas nas linhas alimentadoras e estamos trabalhando para solucionar os problemas, o mais rápido possível. O sistema viário de Goiânia precisa ser reformulado. Somente em fevereiro, foi registrado aumento de 25% de veículos particulares nas ruas da cidade, o que dificulta o trânsito.” Denício prossegue: “O Terminal Praça da Bíblia necessita de reforma, urgente, para ser adequado ao crescimento da demanda. Quanto mais aumentam os ônibus, mais aumenta o número de usuários, a demanda não para de crescer, o que causa a demora e a superlotação.”
O impasse só terminou por volta de 11h, quando uma comissão de oito usuários foi até a sede da CMTC, onde participou de reunião com representantes das empresas de transporte coletivo. Com a ajuda da tropa de choque, os ônibus voltaram a circular, aos poucos.
“O povo precisa se organizar para ser ouvido”
Com a paralisação dos ônibus, milhares de pessoas não foram ao trabalho, ontem pela manhã. Todos garantem, porém, que o protesto valeu a pena. A babá Cláudia Moura da Cruz, 35, mora no Recanto das Minas Gerais e trabalha no Setor Universitário, onde entra no trabalho ao meio dia. “Eu pego três ônibus. Saio de casa às 10h, para chegar no serviço meio-dia e mesmo assim, só chego atrasada. O cartão integração não adianta nada, porque os ônibus de todas as linhas demoram muito. Mesmo que não tenha que vir ao terminal, a gente tem que ficar esperando um tempão.”
A diarista Raimunda Lins, 63, mora no setor Colina Azul, em Aparecida, e trabalha no setor Negrão de Lima. Ela diz que já ficou mais de uma hora esperando o ônibus do Terminal Cruzeiro, justamente o 019. “Eu saio de casa 5h30, para chegar no serviço às 9h. Hoje não fui ao trabalho, mas valeu. O povo tem é que se unir muito mais e gritar, pra ver se alguém escuta. Pagamos caro pela passagem, só andamos em pé e amassados, e os chefões do transporte ainda aparecem na televisão falando que está tudo bem. É um desaforo.”
A recepcionista Aline Silva, 21, mora no setor Negrão de Lima e trabalha no setor Marista. “Todo dia chego atrasada e amassada. Já cheguei a ficar mais de uma hora esperando o 019. Já passava de hora do povo se manifestar.” O agente de saúde Sidney Rodrigues, 33, usuário do ônibus 020, gostou de participar da manifestação. “O povo precisa se organizar para ser ouvido.” (Maria José Sá)
Fonte: Jornal o Hoje