Pressionada, CMTC anuncia mudanças

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Acuada diante da insatisfação popular traduzida em dois protestos recentes e queixas generalizadas dos passageiros (leia abaixo), a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) reagiu ontem com uma série de medidas emergenciais que também vão atingir o trânsito de Goiânia. Em conjunto com as Agências Municipais de Trânsito e de Obras (AMT e Amob), a empresa anunciou a implantação de corredores exclusivos para os ônibus e a proibição de estacionamento nas avenidas T-7, T-9 e 85.

Para implantar os corredores exclusivos, haverá, ainda, o fechamento das ilhas centrais para impedir as conversões à esquerda e retirada dos semáforos de três tempos.

As medidas são as primeiras a ocorrer na infraestrutura dos chamados eixos principais do sistema de transporte de Goiânia após a licitação (em 2008). Segundo garante o presidente da CMTC, Marcos Massad, elas vão “dar velocidade”, além de não ser a única alteração de imediato (veja quadro).

Hoje, ele garante que haverá mais ônibus em pelo menos três das linhas que vinham sofrendo com maior demora, superlotação e, consequentemente, insatisfação – as linhas 019, 020 e 021. Na 019, o número de viagens a mais nos horários de pico já está definido. “Serão quatro viagens a mais e nas outras vamos avaliar melhor a demanda”, informou Massad.

Ontem à tarde Marcos Massad admitiu mais uma vez que fará uma revisão nas alterações promovidas em 27 linhas, em vigor desde fevereiro. Pela manhã, havia ocorrido o segundo protesto no Terminal da Praça da Bíblia por causa dessas mudanças que, segundo os usuários, fez reduzir o número de ônibus nas linhas e assim aumentar a demora.

Mas um dos promotores de Justiça que acompanham a questão, Érico de Pina, não vê a falta de ônibus como um problema resultante das alterações. “A falta de ônibus vem de antes e se agravou com as mudanças, com a falta de fiscalização pela CMTC”, avalia ele.

MP decide se entrará com ação

Os promotores da área de Defesa do Consumidor do Ministério Público (MP) estadual Érico de Pina e Murilo de Morais e Miranda devem se reunir na sexta-feira com a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). Segundo Érico, será a última reunião antes de o MP decidir por ajuizar ação contra a CMTC.

Entre os vários questionamentos dos promotores, está a falta de consulta e de divulgação prévia à população de usuários do sistema sobre as alterações nas 27 linhas que tiveram impacto sobre a rotina de aproximadamente 65 mil passageiros. Isto, apesar de a CMTC ter garantido no mês passado que o indicativo dos ajustes operacionais surgiu após pesquisas no sistema depois da licitação. Na ocasião, a companhia sustentou que fez levantamentos com passageiros dentro de terminais, verificando as demandas dos bairros, além de pesquisas sobe e desce e de origem e destino.

“Ou falta ônibus ou há incompetência para gerir. Ou as empresas operam com qualidade e eficiência ou largam o sistema”, reclama Érico, que pretende exigir que o presidente da CMTC apresente os autos de infração aplicados e as multas pagas pelas empresas.

O presidente da Agência Municipal de Trânsito Transportes e Mobilidade (AMT), Miguel Tiago, disse que o fechamento das ilhas pode não ser concluído em março, “embora seja intenção”, disse, reconhecendo que os órgãos municipais tinham prorrogado duas vezes – desde outubro –, a implantação dos corredores de ônibus, exigida pelo MP.

O prazo mais recente termina neste mês, quando a licitação completa dois anos. Além da CMTC e da AMT, a Agência Municipal de Obras (Amob) estará envolvida nas alterações.

Quanto ao rebaixamento de calçadas para estacionamento – o que afeta os pedestres –, Miguel Tiago pede a colaboração dos comerciantes para que o rebaixamento só ocorra nos casos permitidos – no quais a construção foi feita recuada. “Se os comerciantes não cooperarem, vão prejudicar o conjunto da sociedade”, afirmou.

Fonte: O Popular