Metrô em Goiânia: um projeto a estudar!
A maioria das cidades no mundo, já adotaram esta solução
Alguns números são capazes de convencer a todos sobre a necessidade inadiável de se promover um estudo técnico, econômico e financeiro sobre a viabilidade de Goiânia vir a implantar um transporte de massa sob a superfície, o conhecido metrô(subway, underground).
São contundentes os seguintes números: taxa média geométrica de crescimento anual populacional no período 2000-2010, 2,23%. No Estado foi de 1,84% e no Brasil, 1,17%. Na região metropolitana a taxa média de crescimento da população, nos últimos 10 anos, chega a quase 3% ao ano, alcançando em 2017, 2,17 milhões de habitantes; número de veículos licenciados em 2016, 1,12 milhão de automóveis ; número de passageiros do atual sistema de transporte público 600 mil/dia; taxa de crescimento econômico do setor Serviços uma das maiores do país; pontos de atratividade de atividades políticas, de saúde e de educação e, finalmente, o crescimento contínuo da Economia do Centro Oeste nos últimos vinte anos, superior à média nacional, resultando na atração de grandes distribuidoras de mercadorias e serviços visando o mercado do extremo Oeste, Norte e parte do Nordeste brasileiro. Em face do crescimento urbano intenso da capital qualquer sistema de transporte público de superfície, por mais moderno que seja, não alcançará a velocidade média desejável para a locomoção da grande massa de público, em especial nos horários de pico.
Com este cenário e entendimento é que acreditamos que a única saída viável sustentável no futuro para a melhoria real do transporte público em Goiânia e região metropolitana é a de implantação do metrô interligado ao sistema de transporte de superfície.
A maioria das cidades no mundo, com mais de um milhão de habitantes e crescimento populacional contínuo, já adotaram esta solução. As exceções, e são poucas, que adotaram a solução do transporte público sobre a superfície são aquelas cidades nas quais o crescimento populacional se estabilizou, o trânsito está ordenado em razão do traçado urbano e o número de veículos permanece estável e/ou com baixo crescimento.
A conjuntura política atual envolvendo o Governo do Estado, a Prefeitura de Goiânia e o Ministério das Cidades é conveniente para um pleito financeiro que cubra o investimento em um projeto de viabilidade técnica, econômica e financeira que recomende a decisão mais adequada a adotar. Avalio que um projeto desta dimensão e tecnicalidade exija um prazo de cerca de 24 meses para as conclusões preliminares que, se aprovadas políticamente, demandaria mais uns 12 meses para a definição conclusiva da melhor operação, levando em consideração as obras físicas, a escolha da melhor tecnologia de tração, a energia de suporte, a economicidade que se exige do transporte público, o fluxo de caixa e as fontes financeiras de longo prazo que bancaria o projeto de implantação e a forma mais adequada de acordar uma parceria público privada e a conexão com o transporte de superfície existente. Entre as ações iniciais, o estudo de viabilidade e a implantação das linhas consideradas essenciais estimo um tempo entre 6 a 8 anos. Por isso , afirmo, é inadiável que o poder público comece a agir agora para encontrar a solução definitiva para o transporte de massa da região metropolitana de Goiânia, que pode ser um transporte integrado do metrô sob a superfície com as diversas linhas de ônibus sobre a superfície, conforme acontece nas principais cidades do mundo, ou, se for o caso, reforçar a opção pelo sistema “BRT”. Nenhum sistema em operação pode ser considerado perfeito porque não é estável, as cidades “se movem” num dinamismo que reflete os negócios, os postos de trabalho, as atrações populares, os atendimentos públicos e as coisas em moda!
A seguir listo as principais regiões metropolitanas no mundo que possuem o sistema integrado metrô/ônibus e a extensão das linhas , com mais de 200 km, sob a superfície:
Xangai, 567 km; Pequim, 442 km; Nova Iorque, 418 km; Londres, 408 km; Chicago, 360 km; Tóquio, 292 km, Seul, 286 km; Moscou, 269 km; Madrí, 293 km; Paris, 212 km. A seguir diversas cidades cujas extensões das linhas são inferiores a 200 km, como Berlim, Viena, Cairo, Lisboa, Porto, Buenos Aires, São Paulo(81 km), Rio de Janeiro(57 km), etc.
O número de cidades supridas com metrô continua crescendo. Nos primeiros quinze anos deste século quarenta e cinco novos sistemas foram inaugurados, dentre eles os de Brescia, Itália, Yongin, Coréia do Sul, Harbin e Zhengzhou, na China. O continente asiático lidera essa expansão com vinte e três novos sistemas dentre os quarenta e cinco.
O sistema metrô de Londres foi inaugurado em 1863 e eletrificado em 1890. È o mais antigo do mundo. Para se ter uma ideia da vantagem em termos de tempo que um sistema de metrô oferece, vou citar um exemplo pessoal. Estava em Londres, no centro da cidade, próximo à estação de metrô denominada Oxford Circus, quando, na estação próxima, tomei o metrô para ir ao Arena O2, que fica situada depois do rio Tâmisa. Levei 15 minutos até parar na estação que fica embaixo do estádio. Dias depois fiz o mesmo trajeto de ônibus, levou 1,15 (uma hora e 15 minutos). A diferença se deve aos tipos de trajeto. Sobre a superfície tem-se que obedecer aos sinais de transito e a concorrência com os demais tipos de transporte(carros, motos, bicicletas, etc). Sob a superfície o trajeto “é retilíneo, o mais possível” e não existem sinais de trânsito nem a competição com outros veículos, e essas condições permanecerão para sempre. Para ser considerado um sistema de metrô exige-se: ser independente do restante do tráfego; ser frequente, com tempo de espera reduzido e controlado e ser organizado em rede, através de estações em vários níveis interligadas ao transporte de superfície. É importante que as distâncias entre as estações de parada sejam, no mínimo, de 1 km, para que se alcance uma velocidade média conveniente.
As principais tipologias de metrô existentes no mundo são as do tipo anel; as do tipo anel com linhas radiais; as do tipo linhas radiais; as do tipo linhas secantes; em malha ortogonal; as em cruz com linhas comuns.
A definição do tipo de metrô a adotar dependerá do estudo de viabilidade técnica e econômica, que levará em conta diversos fatores como a atual linha existente sobre a superfície, topologia da região, tipo de terreno, redes de água/esgoto, iluminação, águas pluviais, necessidade de desapropriações, etc, etc.
O custo da implantação de uma linha de metrô sob a superfície dependerá de todos esses fatores mencionados e, é óbvio, que custará “mais caro” se comparada ao transporte tradicional de superfície. Estudos e experiências anteriores indicam que a implantação de “1 km de linha” custa 1X, se o projeto adotado for o “BRT”; custa 3x se o projeto for o “VLT” e custa 10X se o projeto for “sob a superfície”. Numa análise de longo prazo, o “custo inicial menos econômico poderá se tornar num custo médio, comparado com os outros dois sistemas, mais vantajoso, em razão do transporte de superfície exigir, ao longo do tempo, mais intervenções, como as de manutenção, novas obras, novas sinalizações. Por estas razões e dos problemas com poluição, barulho e dificuldades de tráfego é que o sistema de metrô vem se expandindo no mundo.
O grande desafio que se apresenta nos projetos de “subway” até então implantados é a sua economicidade vis a vis a capacidade do usuário deste transporte de suportar a tarifa. No Brasil parte da população empregada possui o direito do “vale transporte”, fato que contribui para o suporte ao preço da passagem. Estudantes e idosos, em vários Estados, ou são isentos e/ou pagam o preço pela metade. Exige-se uma normatização nacional da tarifa que leve em consideração as condições regionais, as sociais, a expansão e perpetuidade do serviço. As novas tecnologias adotadas tendem a reduzir o custo das operações fato que pode atrair investidores a participarem das futuras concessões, caso o sistema operacional seja privatizado.
Na região metropolitana de Goiânia o aumento da população concomitante com o aumento de veículos está tornando seu trânsito problemático em razão de estar rolando na mesma quantidade de ruas/avenidas existentes, enfrentando novos sinais de trânsito e mudanças nos limites de velocidade. Isso tudo torna o transporte de massa sobre a superfície demorado, razão pela qual, aliada a outras razões, a última pesquisa de avaliação sobre a qualidade do transporte público feita com os usuários, ter apontado o índice de 40% como “ruim/péssimo”(O Popular, 27/11/2017). Para melhorar, no futuro, o trânsito da capital, vão ser necessários volumosos investimentos em viadutos, passagens aéreas, desapropriações para alargamento de ruas e avenidas, etc. Tem que se tomar em consideração essas despesas futuras que vão ser inevitáveis. Este fato pesa a favor do investimento sob a superfície, tornando-o menos dispare das demais soluções.
Consequências outras de um transporte de massa não adequado refletem no atendimento aos postos de trabalho, a perda de tempo no trânsito, na poluição urbana pela emissão do diesel, na poluição sonora, na crescente irritabilidade da população com o serviço, etc. O comércio lojista também sofre as consequências com as constantes intervenções no trânsito devido a mudança no trajeto das ruas, proibição de estacionamentos, etc.
Se imaginarmos o trânsito das cidades de São Paulo e de Nova York caso não tivessem implantado o metrô? Verdadeiro caos!
Curitiba, no Brasil e Bogotá, na Colômbia, são dois exemplos de transporte público via sistema BRT que vêm dando resultado. O de Bogotá, denominado “transmilenio!, que teve como modelo o de Curitiba, tem uma vantagem extra representada pelas vias expressas extensas e largas que cortam a cidade. Numa delas, a Avenida Dorado o “BRT” corre pelo centro da via e, em ambos os lados, existem seis pistas de rolamento para os demais veículos!
Em suma, a prioridade atual de Goiânia, em termos de transporte é a conclusão do sistema BRT cujas obras estão paralisadas. Em paralelo, o Estado, a Prefeitura e outros agentes interessados, inclusive os atuais concessionários do transporte público e a Codese uniriam esforços políticos para garantir os fundos financeiros necessários para o estudo de viabilidade futura do transporte tipo metrô, interligado ao sistema BRT, ou outro sistema, se for a conclusão. A oportunidade de estarem juntos nesta empreitada o Estado, a Prefeitura e o Ministério das Cidades é impar!
Concluo afirmando que a população da região metropolitana de Goiania,, em especial a que se desloca diáriamente via transporte público, para cumprir as obrigações da vida, merece um transporte de melhor qualidade, mais seguro, mais rápido e com garantia de expansão futura.
(Reinaldo Fonseca. fonsecareis41@gmail.com. reinaldo@sistemafieg.org.br)
1 comentários:
Write comentáriosótima análise
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