Goiânia: Massa asfáltica velha e manutenção falha
Especialistas apontam motivos de asfalto ceder com facilidade durante o período chuvoso
A água que cai com a chuva ou é jogada das residências corre pelo asfalto em busca do solo. Encontra rachaduras nas vias que não sofrem manutenção preventiva, infiltra e tira a sustentação da massa asfáltica. E assim se formam os buracos espalhados por praticamente todas as vias de Goiânia. Para tapá-los, a Prefeitura limpa o entorno e joga a mistura de Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ) e, na maioria das vezes, deixa que o tráfego da rua faça a compactação. Por isso, tantos buracos se formam nas vias e não há solução definitiva aparente.
A água que cai com a chuva ou é jogada das residências corre pelo asfalto em busca do solo. Encontra rachaduras nas vias que não sofrem manutenção preventiva, infiltra e tira a sustentação da massa asfáltica. E assim se formam os buracos espalhados por praticamente todas as vias de Goiânia. Para tapá-los, a Prefeitura limpa o entorno e joga a mistura de Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ) e, na maioria das vezes, deixa que o tráfego da rua faça a compactação. Por isso, tantos buracos se formam nas vias e não há solução definitiva aparente.
Técnicos e engenheiros ouvidos pelo POPULAR reforçam que a maior parte da cidade, especialmente nas Regiões Centro e Sul, é composta de malha asfáltica realizada entre as décadas de 1980 e 1990. Os bairros mais afastados têm asfalto com a idade do próprio bairro ou quando foi feita a obra no último mandato de Iris Rezende (PMDB) e início da gestão Paulo Garcia (PT), o que já soma entre 12 e 8 anos de uso, sem qualquer manutenção. Mas mesmo áreas recapeadas em maio, como na Avenida Feira de Santana, no Parque Amazônia, já convivem com os buracos.
Isso porque os problemas que causam as falhas no asfalto vão desde o material escolhido, forma de execução, manutenção e o quanto ele recebe de tráfego e de água. “Um grande erro é o planejamento da cidade. Um pavimento que foi pensado para uma área residencial, com pouco uso, logo recebe um grande prédio, que hoje tem na cidade inteira, e o tráfego aumenta muito”, explica o engenheiro civil Rafael Basílio, especialista em pavimentação. Segundo ele, a espessura da massa asfáltica depende exatamente do quanto de tráfego o local vai receber e qual é a característica dos veículos.
Para o engenheiro, a Prefeitura deveria exigir que os novos empreendimentos em ruas que não foram planejadas para a expansão urbana realizassem também a revitalização da malha asfáltica, não apenas com recapeamento. A diferença é que o último apenas troca a massa asfáltica desgastada por uma nova, dando tempo de uso entre 4 e 5 anos, já a reconstrução atua sobre toda a base do solo, refazendo as camadas e também a massa, o que gera um tempo de uso entre 10 e 20 anos. Ambos os prazos são válidos se for feita manutenção preventiva constante.
Planejamento
Em média, uma rua residencial, com pouco uso, teria entre 2 e 3 centímetros de massa, enquanto as vias expressas chegam a necessitar de 7 ou 8 centímetros. É necessário ainda verificar se haverá passagens de veículos pesados ou não. É o desgaste da passagem dos automotores que causa a diminuição da resistência asfáltica e inicia o processo de rachadura, por onde a água infiltra e inicia os buracos. O ideal é que a água passe totalmente acima do asfalto, até encontrar a galeria pluvial, com as bocas de lobo ou de leão.
Mas em Goiânia, na situação atual, nenhuma das duas coisas ocorrem. Há desgaste no asfalto e ainda falhas na drenagem, ou seja, há espaço e água mais que suficientes para que ocorram as infiltrações e façam buracos. Como estes não são consertados corretamente, os problemas voltam a ocorrer nos mesmos lugares, mesmo com o surgimento de novas falhas. “O tapa-buraco é feito com pouco critério técnico, faz até durante a chuva, de qualquer maneira”, diz Basílio.
O correto era que não se deixasse chegar ao patamar de buraco, realizando a manutenção com lama asfáltica nas rachaduras e recapeamento ou reconstrução. Mas, mesmo como medida emergencial, o tapa-buraco deveria ser realizado com todo o corte do asfalto na área degradada e recompor todas as quatro camadas (solo compactado, sub-base composta por pedras, base, que é o asfalto com pedras, e capa asfáltica). No entanto, nada disso é feito.
Quantidade é a mesma de 2013
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), responsável pela manutenção asfáltica da capital, afirma que atualmente o serviço é realizado diariamente por 15 caminhões, cada um com 10 toneladas de massa asfáltica, e um total de 80 servidores atuam no tapa-buracos. Essa quantidade é a mesma que se tinha na cidade em 2013, que fica à frente a apenas os anos de 2014 e 2015, quando se tinha, respectivamente, 12 e 10 caminhões no período chuvoso.
No ano passado, a Seinfra afirmou que realizava o trabalho com 20 veículos. Válido lembrar que reportagem do Popular publicada em novembro informava que o número falado pela secretaria não seria o real. A apuração com servidores da pasta à época conta que eram apenas 13 caminhões e cada um com 8 toneladas de Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ), e não 10, que é a capacidade máxima dos veículos.
Fonte: Jornal O Popular