Passagem de ônibus subiu por causa de dívida das empresas, diz sindicato
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET), Décio Caetano, afirmou que o reajuste na tarifa de ônibus da capital acontece por conta de um déficit de R$ 100 milhões das empresas, em Goiânia. A passagem, que custava R$ 3,30, vai custar R$ 3,70, o que representa um reajuste de 12,1%. O novo preço começa a valer no sábado (6).
Segundo ele, apesar do aumento no valor da passagem, não há nenhum projeto para melhorar as linhas da Região Metropolitana da capital. “Esse reajuste, apesar de ser acima da inflação, ele não traz equilíbrio para o sistema. As empresas continuam operando com déficit. Não há nenhuma perspectiva no momento de poder fazer investimentos e melhoria no sistema“, afirmou o presidente.
O anúncio do aumento foi feito na quarta-feira (3) pela Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC).
Segundo o órgão, entre os fatores que motivaram a medida estão os índices inflacionários, o aumento do valor do óleo diesel, o preço de manutenção dos veículos e o salário dos motoristas.
Segundo Caetano, o transporte coletivo da capital perdeu, de 2014 para 2015, 9% dos passageiros. O presidente do SET acredita que a qualidade dos serviços prestados tenha interferido nessa perda.
“Eu acho que é o que a gente chama de um ciclo vicioso do transporte, a qualidade não é boa, os usuários deixam de usar o transporte e vão para os automóveis, para a motocicleta”, disse.
Ele pondera que é preciso reverter essa migração do ônibus para os meios de transporte individuais. “A gente sabe que esse modelo baseado no automóvel e na motocicleta é insustentável em um sistema viário para a cidade, afirmou.
A última vez que a passagem subiu foi há um ano, quando passou de R$ 2,80 para R$ 3,30, na segunda-feira de carnaval. Na ocasião, usuários protestaram contra a situação e chegaram a fechar alguns terminais da capital.
Apesar dos constantes reajustes, Caetano afirma que é necessário ter mais investimentos no sistema de transporte metropolitano. “O que o transporte precisa é ter recursos extra-tarifas como subsídios, fim das gratuidades, retomar as discussões onde o usuário tem de pagar pela gratuidade de outras pessoas. Isso não é justo para usuário, nem para o sistema”, reiterou.
Fonte: G1 Goiás
Em meio à queda de 28% dos usuários, tarifa é reajustada em R$ 3,70
Entre janeiro de 2014 e o mês passado, o transporte coletivo da região metropolitana de Goiânia teve uma queda de 27,92% em seu número de passageiros. Neste mesmo período, o valor da passagem sofreu dois aumentos: um em abril de 2014 e outro em fevereiro do ano passado. Ontem, foi anunciado mais um reajuste tarifário, que está de acordo com o contrato de concessão firmado em 2008, com previsão de aumento anual. Com o reajuste, de mais de 12%, a tarifa passará a custar R$ 3,70 nas linhas comuns a partir de sábado e R$ 1,85 no Eixo Anhanguera. O aumento acumulado desde 2014 chega a 37,03%, com o preço saltando de R$ 2,70 para R$ 3,70.
Se somados apenas os reajustes conferidos nos períodos, a alta é de 33,65%, mas, como o valor da tarifa acaba sendo arredondado, esse número é modificado. Atualmente, a média mensal de passageiros carregados pelo transporte coletivo da região metropolitana é de 15 milhões de usuários por mês. Este número cai nos períodos de férias. Em janeiro último, por exemplo, foram 13 milhões de usuários por mês. Já em 2011, o número era de 18,5 milhões. A queda na quantidade de usuários é fundamental no cálculo da tarifa: quanto menos pessoas usam o serviço, mais caro ele vai ser.
Melhorias
O presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Murilo Guimarães Ulhôa, defende que há ganho de qualidade no transporte coletivo nos últimos meses, sobretudo com a implantação dos corredores preferenciais de ônibus. Neste semestre deve ser implantado o Corredor T-7, ligando o Terminal Bandeiras à Praça Cívica, e estão previstos outros três corredores novos (Independência, T-9 e 24 de Outubro), além do término de mais dois (85 e T-63).
Ulhôa afirma que as melhorias não servem para justificar o último aumento, feito com base no próprio contrato de concessão. “Seguimos as premissas, chegamos a esse valor e a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) aprovou.” O presidente ainda afirma que os usuários do Eixo Anhanguera também vão obter ganho de qualidade com a inclusão da Metrobus no Consórcio da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC).
Nos próximos 20 dias o consórcio deve anunciar a reforma e a ampliação do Terminal Vera Cruz, na saída de Trindade. O terminal de Goianira será construído pela Metrobus também neste ano. Além dos corredores, Ulhôa lembra que a Prefeitura realiza a obra do BRT (Bus Rapid Transit, da sigla em inglês), entre as regiões Norte e Sul da capital.
Vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET), Décio Caetano confirma que o reajuste anunciado ontem não virá acompanhado de investimentos no transporte coletivo. “Vai servir para o sistema respirar, as empresas continuam com dificuldade e em crise desde 2013 e agora com agravante, já que não conseguimos crédito nos bancos”, diz.
A posição dele é que a melhoria do transporte só virá se acompanhada de outras discussões mais amplas, como a perda de competitividade com outros meios, como carros e motos, o pagamento das gratuidades pelo poder público e mesmo o fim da tarifa única metropolitana. “Temos de discutir a questão do espraiamento urbano e do custo financeiro que só aumenta, como em relação aos terminais”, diz Caetano.
Para usuários, aumento no preço não representa melhoria no serviço
Após o anúncio do aumento no preço da tarifa do transporte coletivo em Goiânia, usuários questionaram a alteração no valor que, de acordo com eles, não significa melhoria do serviço. A diarista Joana da Silva, 60 anos, por exemplo, não vê a hora de se aposentar. “Quero parar de ter que pegar ônibus em horário de pico”, disse ela, ontem.
Joana utiliza oito ônibus por dia. Ela mora no bairro Colina Azul II, em Aparecida de Goiânia, e vai diariamente ao condomínio Jardins Paris. De acordo com ela, do ano passado para cá a qualidade do transporte piorou, frisando a dificuldade para entrar nos veículos por causa do tumulto. “E o tempo que eu fico esperando aumentou”, completou, explicando que demora de duas a três horas para chegar em casa ou no trabalho.
A estudante de jornalismo Larissa Cristina, de 19 anos, possui o passe livre estudantil, mas questionou o aumento que influencia a vida do usuário de transporte público. A jovem citou o caso do ônibus da linha 019 (que faz rota do Terminal Cruzeiro à Praça da Bíblia), que, de acordo com o site da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), deveria demorar de 7 a 21 minutos para passar no intervalo das 16 às 19 horas. Entretanto, a estudante garantiu que às vezes chega ao ponto de ônibus às 18h15 e o veículo passa às 19h30 – 1h15 de espera. “A população paga por um transporte que não tem”, frisou.
Demora
Funcionária de um comércio no Setor Marista e moradora do Parque das Laranjeiras, Eudes Leite de Andrade, de 35 anos, relembra os problemas sempre apontados por usuários – espera e veículos lotados. Para ir ao trabalho, ela pega o ônibus da linha 002, que sai do Parque Atheneu e vai até a Avenida Goiás. De acordo com Eudes, o problema maior é nos finais semana, quando, conforme a usuária, o ônibus vai até o Terminal Isidoria e para. “Ele não segue até o Centro. Aí a gente tem que ficar aqui e pegar outro ônibus.”
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Setransp), Décio Caetano, concordou com as queixas dos usuários. “Eles têm razão, o serviço não é dos melhores. Mas eles não estão reclamando do preço.” Conforme Décio, a área vive em crise, com falta de dinheiro para pagar a folha de pagamento. O presidente ainda falou que não faltam ônibus. O problema, de acordo com ele, é o trânsito, que impede que a frota faça todas as viagens necessárias.
Reunião em segredo e em cima da hora
A primeira reunião do ano da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) foi realizada ontem no Paço Municipal, sem ter sido anunciada publicamente. Os membros começaram a receber os convites do encontro apenas na terça-feira, quando o prefeito Paulo Garcia (PT) decidiu que realizaria a reunião. Antes disso, a última reunião do grupo havia sido feita em fevereiro do ano passado, também para a aprovação da revisão tarifária.
Este ano, a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) calculou o reajuste da tarifa e não a revisão. Por isso, os cálculos foram com base em números de março de 2014, com a tarifa em R$ 2,95, e dezembro de 2015. Isso porque o cálculo tarifário de 2014 indicava R$ 2,95 como valor real da tarifa, que foi arredondada a R$ 2,80 pela promessa do governo estadual em arcar com as gratuidades do sistema de transporte, o que não foi cumprido.
Em um dos três cálculos feitos foi realizada a revisão tarifária, tal qual no ano passado, e chegou-se ao valor de R$ 3,76. O outro cálculo se deu com base nas premissas da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). O resultado, neste caso, foi de R$ 3,86.
O valor de R$ 3,73 foi aprovado por unanimidade durante a reunião, que não contou com outros temas para discutir o transporte, apenas a promessa de realizar reuniões trimestrais.
Fonte: O Popular