Mais ciclovias e um sistema de metrô: seria este o próximo passo para Goiânia?
Ciclovias existem em caráter decorativo à medida em que não são integradas/ Fernando Leite/Jornal Opção
Há décadas, a visão do carro como solução para o deslocamento dentro da cidade está falido. A lógica do predomínio da utilização do transporte individual em detrimento de outros está em desuso nos países desenvolvidos. A cultura do automóvel foi copiada dos Estados Unidos a partir da década de 1950, ganhou força com o período JK até a década de 1970, já no regime militar.
Atualmente, as soluções para a mobilidade têm sido orientadas para as plataformas de transporte de grande capacidade ou de massa. Em Goiânia, os padrões existentes são os ônibus articulados e biarticulados que, para ter melhor desempenho na mobilidade, foram criadas vias preferenciais (Avenidas 85, Universitária e T-63) e as exclusivas (Avenidas Goiás, 90 e Anhanguera).Apesar disso, o modelo vai apresentar limitações e as novas demandas que vão surgir deverão cobrar do poder público outras soluções, e uma delas provavelmente será o metrô.
Afinal, Goiânia precisa de trens de transporte de passageiros, subterrâneos ou de superfície? Para Erika Cristine, primeiramente deve-se ter um sistema de transporte público de qualidade, funcionando em rede, de forma integrada, com os modelos previstos (ônibus, BRT e VLT). Somente depois da consolidação desses modais, caso se estude e verifique a demanda, deve-se partir para o metrô. Segundo ela, achar que o metrô, sozinho, resolverá os problemas da mobilidade seria uma ilusão.
Já Benjamim Jorge pensa o contrário. Para ele, metrópoles com mais de um milhão de habitantes como Goiânia precisam de um sistema metroviário. “É uma obra cara, mas que traz qualidade de vida às pessoas”, afirma. O professor cita que em Paris existe praticamente outra cidade subterrânea com linhas para todos os lados e o mesmo é verificado em Londres, onde o cidadão deixa o carro em casa e segue para o trabalho por meio do metrô. “Países desenvolvidos pensam nos modais de transporte integrados. Temos que seguir o que está dando certo e Goiânia já passou da hora de ter seu metrô”, diz.
Willer Carvalho diz que construir um metrô necessita um estudo maior de viabilidade econômica. Para ele, nada adiantaria implantar um sistema apenas em uma única linha. Além disso, é uma obra cara que precisa de estudos de viabilidade econômica para justificar sua implantação. “Nada adiantaria afundar o eixo-Anhanguera e dizer que agora existe o metrô e que resolveu o problema de trânsito e transporte de Goiânia.”
Opinião parecida é sustentada por Fernando Chapadeiro. Ele afirma que o aperfeiçoamento de corredores de ônibus e dos BRTs podem suprir a demanda por transporte de massa em Goiânia. Em relação às ciclovias, os quatros especialistas consultados concordam que o sistema cicloviário de Goiânia tem sido mais decorativo do que funcional. Isso porque as ciclovias existentes não se integram formando uma rede. Ou seja, é preciso uma rede totalmente interligada, não se pode pensar em ciclovias isoladas como as que atualmente existem em Goiânia.
SMT promete novas intervenções no trânsito da capital
De acordo com o secretário municipal de trânsito José Geraldo Fagundes Freire, a prefeitura fará novas intervenções no trânsito da cidade, em especial nos corredores de ônibus. Ele afirma que no corredor da Avenida T-7, o próximo da lista a ser implantado, haverá interferências físicas que não foram verificadas na Avenida 85, como obras nas calçadas. “As obras na T-7 vão levar nove meses, e seu andamento vai depender de outras questões como o tempo.”
Em relação ao corredor da Avenida 85, a empresa que implantou o corredor de ônibus foi orientada pela prefeitura a adiantar o cronograma de instalação de foto sensores para fiscalização eletrônica do uso das fixas preferenciais. José Geraldo Freire reconhece que a via ainda apresenta gargalos, porém, ele afirma que há estudos que buscam melhorar tais pontos críticos. “Precisamos dar mais tempo para quem vira a 85 e vira à esquerda. Vamos fazer alguma alteração física naquele trecho para permitir que se faça duas faixas para quem vai virar à esquerda na Alameda Coronel Bastos.”
Fonte: Jornal Opção