Goiânia: Lugares invisíveis
Muitos pontos de interesse turístico da capital são desconhecidos da população
Está sem muito dinheiro no bolso para gastar com lazer e, ao mesmo tempo, entediado, sem nada que lhe passe pela cabeça a não ser curtir o final de semana trancado dentro de casa esperando que algo aconteça? Pois bem, não de desepere. Seus problemas (de lazer) acabaram: levante-se, saia de casa com trajes casuais e vá, mesmo que com pouca grana, visitar alguns lugares bem legais em Goiânia que passam despercebidos até mesmo pelos próprios moradores. Na capital goiana, num raio de até 25 km do Centro, há pelo menos oito programas imperdíveis que custam bem baratinho (uns são de graça) e que são bem mais atraentes e instrutivos para adultos, crianças e pessoas da melhor idade do que ficar em casa vendo tevê.
Duvida? Pois então dê uma olhada nas sugestões de passeios que estão bem próximos de você e de sua família, antes de reclamar que a capital do Cerrado não tem nada para fazer. E o melhor: ou são completamente gratuitos ou cobram preços módicos, todos points com grande interesse ambiental, educacional, cultural ou mesmo de tradições, como a boa e diversificada culinária goiana. Vamos lá?
Memorial do Cerrado
O Memorial do Cerrado da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) recebe, anualmente, milhares de pessoas, de todo o país, interessadas em descobrir mais sobre o bioma. Instalado no Campus II da PUC Goiás, no Jardim Mariliza, o complexo científico reúne espaços que representam as diversas formas de ocupação do Cerrado e os modelos de relacionamento do homem com a natureza e com a sociedade. No Museu de História Natural, o visitante encontra painéis e cenários que narram a história evolutiva da Terra e do Cerrado. No espaço, fósseis de milhões de anos podem ser encontrados. Outra atração é a Vila Cenográfica, que reconstrói, em tamanho original, os primeiros povoados de origem colonial portuguesa na região central do Brasil. Uma aldeia, um quilombo e trilhas ecológicas integram as atrações. O Memorial funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h, e aos sábados e domingos, das 8h30 às 17h, sendo das 12h às 13h o horário de almoço dos colaboradores todos os dias. O ingresso custa R$12 (inteira). Estudantes com carteirinha e idosos com mais de 60 anos pagam R$ 6 (meia-entrada). Crianças menores de 6 anos, acompanhados dos pais, não pagam. O complexo está localizado à Avenida Engle, s/nº, no Jardim Mariliza, em Goiânia. Mais informações: (62) 3946-1723. Quem pretende ir de ônibus pode tomar qualquer linha em direção ao Parque Atheneu (002, 014 ou 021) e descer na entrada do Campus II.
Museu Zoroastro Artiaga
O Museu Zoroastro Artiaga foi criado em fevereiro de 1946. As primeiras coleções do museu foram formadas a partir do mostruário da Exposição Permanente de Goiás (Escola Técnica de Goiás, 1942), e outros objetos expressivos da cultura e história do Estado de Goiás, que foram doados por Acari dos Passos de Oliveira, Joaquim Machado Araújo, Orlando Ribeiro e Zoroastro Artiaga. Desde então novos objetos foram agregados às coleções do acervo do museu, que hoje conta com mais de quatro mil peças. O Museu formulou, também, um programa de catalogação digital de acervos de museu, concebido e executado por sua equipe técnica. Os circuitos da nova museografia descrevem a história da terra, a formação geopolítica de Goiás, fósseis, pré-história, a paisagem natural com uma coleção de taxidermia (animais empalhados), arqueologia e mineração colonial, e outros aspectos de ocupação e transformação do território goiano. A etnologia indígena, navegação do Araguaia, arte sacra, folclore, a imprensa goiana, cinema e fotografia, mineralogia, artes industriais; e as salas especiais: sala dos governadores, casa caipira, galeria de arte popular e Sala Zoroastro Artiaga, também formam a nova exposição Histórias de Goiás. O museu também conta com o Auditório Henrique Silva, de 90 lugares, laboratório de restauração, reserva técnica e a Biblioteca Regina Lacerda, especializada em história de Goiás. O Museu Zoroastro Artiaga é o museu de referência da história de Goiás, onde os objetos que constituem seu acervo refletem e demonstram em sua narrativa, aspectos da diversidade da cultura material e imaterial do estado de Goiás.
Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco (Peamp)
Na BR-060, saída de Goiânia rumo a Anápolis (Km 153), o Parque Estadual Altamiro de Moura Pacheco (Peamp), oferece aos visitantes trilhas para trekking, contemplação da natureza, passeios de bicicleta e mountain bike, a apenas 21km do Centro da capital. O Peamp se destaca por suas três trilhas: a do Peba, a do Quati e a do Lago, todas com a identificação das principais espécies de árvores e a chance de encontrar alguns animais nativos pelo caminho. A trilha do Peba possui 2,9 quilômetros de extensão, já a Trilha do Quati possui 3,47 quilômetros e ambas são voltadas para a caminhada, uma vez que elas apresentam paisagem de mata fechada, garantindo sombra aos visitantes. Por sua vez, a Trilha do Lago possui 18,1 quilômetros de extensão e está aberta para mountain bike. A Trilha do Lago é feita em área aberta, o que exige preparo físico do visitante. Todo o esforço é compensado ao final da trilha com a vista do Lago do Ribeirão João Leite. O Peamp funciona de quarta a domingo, das 8h às 17h. A Trilha do Lago é aberta apenas aos sábados, domingos e feriados e o acesso de carro é garantido até a sede. É proibida a entrada de alimentos e animais, o uso de fogo e a retirada de qualquer objeto do parque (plantas, pedras, animais, etc). A entrada é franca.
O cosmos, o césio e as empadas
Museu de Ornitologia
Graça, cor e beleza dão o tom à coleção de mais de 120 mil peças da Fundaçăo Museu de Ornitologia, que possui acervo avaliado em US$ 15 milhões. Considerado o maior do mundo, o Museu, fundado em 1968, é administrado por seu criador, o cientista José Hidasi, e tipificado como um bem cultural da cidade de Goiânia. Quem visita o Museu de Ornitologia encontra uma biblioteca com livros e revistas científicas para consultas; um laboratório de taxidermia, onde há cursos de curta duração sobre empalhamento de animais e um auditório para palestras sobre educação ambiental. A exposição, que conta com peças pré-históricas e curiosidades do mundo animal, tem mamíferos dos mais primitivos (canguru, équidna, ornitorrinco e coala), passando aos mais evoluídos (boto e macacos), e os mais característicos (tamanduá, preguiça e tatu). Apresenta a coleção das mais belas e raras aves do mundo, como o quetzal – ave sagrada dos astecas, pinguins e albatroz, entre várias outras. Répteis, peixes, moluscos e os campeões da diversidade animal – artrópodes, compõem a coleção, onde se destacam as multicoloridas borboletas de grupos ecológicos da Austrália, Estados Unidos, Canadá, Europa, Nova Guiné, Nova Zelândia, África, Cuba e espécimes animais brasileiros da Ilha do Bananal, Litoral, Pantanal e Cerrado. O Museu fica na Avenida Pará, nº 395, no Setor Campinas. As visitas são agendadas e ocorrem nos dias úteis, aos sábados e aos domingos, das 8h às 17h30. A entrada é franca.
Depósito do Césio em Abadia de Goiás
Localizado às margens da BR-060, no município de Abadia de Goiás, o Centro Nacional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CNCN-CO), popularmente conhecido como “depósito do Césio” é um espaço administrado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que fica a 25km do Centro da Capital e é uma excelente oportunidade para adultos e crianças conhecerem a história do acidente com o césio 137 em Goiânia, ocorrido em 1987. Por meio de palestras e mostras, os visitantes podem entender os detalhes da tragédia, bem como os benefícios da radioatividade e da energia nuclear e seus diversos usos, técnicas de prevenção em caso de acidentes, e recebem várias informações sobre o assunto. As visitas precisam ser agendadas pelo telefone (3640-6043), a entrada é franca e o local abre de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
Atualmente, a maioria dos visitantes é de estudantes dos ensino fundamental e médio, mas grupos pequenos, como de famílias, também são aceitos e igualmente recebidos. Contíguo ao depósito, está o Parque Estadual Telma Ortegal, que também rende um interessante passeio.
Planetário da UFG
No Centro de Goiânia, em pleno Parque Mutirama, é possível fazer uma viagem interestelar sem sair do lugar. Trata-se do Planetário da UFG, que proporciona uma verdadeira viagem virtual pelo espaço, visitando planetas, estrelas, galáxias, cometas, asteróides e outros corpos celestes. No espaço de projeção dentro de uma cúpula de 12,5 metros de diâmetro, até 124 pessoas podem assistir, em projeção digital, e multimídia, a uma descrição bastante nítida de como é o céu de Goiânia sem nenhum vestígio de luz nem poluição do ar – condição ideal para se observar as estrelas. Além do céu que existe sobre nós, é possível viajar para qualquer outro céu de qualquer parte do mundo, já que a viagem é virtual.
No momento, o Planetário da UFG oferece dois programas, sempre às 15h30 e às 17h30, nos domingos. De segunda a sábado e nos feriados, as visitas só são possíveis com agendamento. Os programas são o Uma Aventura no Céu, que narra a viagem de uma criança pelo céu e seus conclusões após dar asas à sua imaginação, e a Sessão Estrelas da Bandeira, em que o visitante conhece Canopus, a estrela que representa Goiás na bandeira nacional. Para dezembro, o programa do Planetário mostrará a Estrela de Belém. O Planetário fica no Parque Mutirama e o ingresso custa R$ 6 (inteira) e R$ 3, a meia.
Mercado Central de Goiânia
Entre os principais mandamentos do turista está o celébre “Visitai o mercado da cidade; só lá sentirás a verdadeira alma do lugar”. É isso mesmo. Por mais que você seja goianiense do pé-rachado, se nunca visitou o Mercado Central de Goiânia, ainda não sentiu a verdadeira essência do povo local. Lá, em meio a peças de artesanato dos mais variados materiais, cutelaria, cerâmica, víveres alimentícios tradicionais, queijos, rapaduras, doces, compotas e uma excelente gastronomia feita na hora podem surpreender o visitante incauto. Entre remédios naturais, acessórios de decoração em palha, castanhas e outros gêneros alimentícios, não saia de lá sem provar a empada do seu Mário, do seu Alberto, do seu Lázaro ou da Dona Neném. A iguaria é conhecida nacionalmente e já agradou o paladar de gente como Fernanda Montenegro, dentre outros famosos. A entrada é franca e o marcado funciona de segunda a sábado, das 7h30 às 15h30.
Fonte: Jornal O Hoje (Adalberto Araújo)