Trânsito parado na capital
A velocidade média atingida pelos veículos nos horários de pico no trânsito em Goiânia varia de 15 a 20 quilômetros por hora, similar ao trânsito de São Paulo, a maior metrópole da América do Sul, com uma população 17 vezes maior do que a Capital goiana. A densidade de carros, motos, caminhonetes e caminhões circulando na ruas da cidade é tão grande que, segundo um levantamento da Agência Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (AMT), junto ao Departamento de Transito de Goiás (Detran-GO), a frota goianiense que hoje é de 931 mil veículos, até o final do ano poderá chegar à casa de um milhão.
Esse número poderá significar um carro para cada 1,2 habitantes. De acordo com Carlos Miranda, engenheiro de trânsito da AMT, fora dos horários de tráfego intensos, que correspondem aos períodos entre 6h da manhã e às 7h30, e das 18h até as 19h40, o trânsito flui com mais rapidez, numa média de 30 a 35 quilômetros por hora. Mesmo assim, é uma velocidade comparável ao trânsito paulistano, que tem uma frota dez vezes maior do que a de Goiânia.
O auditor contábil Régis Carlo Santos enfrenta todos os dias o trânsito engarrafado em horários de pico em alguns pontos da Capital. Diariamente, ele percorre cerca de 14 quilômetros do Jardim Petrópolis, onde localiza sua residência, próximo à saída para Trindade, até seu trabalho no Setor Oeste.
Ele conta que constantemente fica preso em congestionamentos formados nos sinais dos cruzamentos entre a avenidas Castelo Branco com a Consolação e Anhanguera. “Ficar preso no trânsito também pesa no bolso. Se não fossem os engarrafamentos, poderia economizar combustível em até 20%”, reclama.
Algumas medidas já foram tomadas para melhorar a fluidez do trânsito, como a retirada de rótulas na Avenida T-63, a restrição de estacionamento ao longo das avenidas T-9 e T-7, além de intervenções na Praça do Cruzeiro, como a mudança de pontos de táxis e adiantamento de ilhas. Contudo, segundo Carlos Miranda, não há outra solução para o trânsito de Goiânia a não ser a substituição de veículos de passeio pelo transporte coletivo. “O transporte público é a única saída para melhorarmos o trânsito da Capital. Para isso, o sistema deve ser ampliado e aperfeiçoado. Quanto menos carros nas ruas, menos engarrafado será o trânsito”, enfatiza.
AMT promove mudanças em 120 km de ruas e avenidas da Capital
Horário de pico, maior número de carros nas ruas, buzinas, ultrapassagens perigosas, e o semáforo que insiste em lutar contra o relógio parece demorar mais do que o normal permitido pela legislação de trânsito. A cena comum nas grandes capitais do País começa a fazer parte do cotidiano goianiense. Por pelo menos dois momentos do dia, o goiano se depara com o trânsito praticamente parado em alguns pontos críticos. “As mudanças estão ajudando. Depois das intervenções, onde antes havia estrangulamento, o problema foi resolvido”, avalia Miguel Tiago, presidente da Agência Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (AMT).
Apesar da implantação do Plano Emergencial de Melhoria do Trânsito em Goiânia, motoristas ainda sofrem nos horários de maior fluxo de veículos. Túlio Rodrigues Oliveira, 23, recepcionista, percorre uma distância de aproximadamente 10 Km entre sua residência, no Setor Urias Magalhães, até o trabalho, localizado no Setor Universitário. Ao todo, são gastos quarenta minutos no trajeto. “Eu sou uma pessoa tranquila mas, às vezes, o trânsito parado irrita”, afirma. Durante o caminho, Túlio tem duas opções para chegar ao trabalho. Na primeira alternativa, ele pode ir pelo centro da Capital. “Dependendo do horário, na Praça Cívica e na Avenida Goiás, você não consegue andar”, relata.
Na segunda opção, o percurso é feito com quase quinze minutos a menos que a primeira escolha. Isso por que Túlio escolhe a Marginal Botafogo como alternativa. “É mais rápido; tem fluxo mais veloz de veículos”, conta. De acordo com Túlio, por algumas vezes, resolveu ir trabalhar de ônibus. Entretanto, a opção mostrou-se frustrada. “De transporte coletivo, eu gasto uma hora e o ônibus é lotado. Sinceramente, só tenho coragem de deixar meu carro em casa, caso exista uma reestruturação em todo o transporte coletivo de Goiânia”, avalia.
Os corredores de ônibus foram considerados alguns dos pontos críticos da Capital e estão entre as prioridades do Plano Emergencial desenvolvido pela AMT. “Nas avenidas T-7 e T-9, nós já conseguimos aumentar a velocidade do transporte coletivo”, afirma Miguel. Ao todo, a Agência Municipal escolheu 56 avenidas e 20 trechos que deverão ser modificados, somando um total de 120 quilômetros de mudanças. No entanto, outros locais que apresentam algum tipo de problema também serão mudados. “A prioridade é trabalhar com locais de maior índice de colisões, pontos de estrangulamento e corredores de ônibus”, revela.
O Centro da Capital é considerado um dos locais com maior estrangulamento do trânsito. O projeto de modificações a ser executado pela AMT sai da Praça Cívica, em seu modelo original, com o traçado urbanístico do tipo radial concêntrico, ou seja, com as ruas em forma de raios, tendo como centro a praça e parte em direção a cada uma das avenidas que saem da mesma. A exemplo, estão as avenidas Tocantins e Araguaia que terão semáforos sincronizados. O reflexo da mudança vai permitir maior viabilidade nas ruas do Setor Central até a Avenida Paranaíba.
Mudanças
Desde a implantação do Plano Emergencial, alguns locais já foram modificados, e, segundo Miguel Tiago, apresentaram resultados positivos. Entre eles, estão a avenida T-63, com a retirada de rótulas e instalação de semáforos sincronizados; saída do Terminal Padre Pelágio sentido a GO-060 e final da Avenida Goiás com Avenida Nerópolis. “Nesses dois primeiros meses houve um avanço substancial no trânsito de Goiânia”, afirma o presidente da Agência de Trânsito.
Proporção superior a de Nova York
Délio Moreira, especialista em trânsito, doutor em Economia de Transporte e professor aposentado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), afirma que, para Goiânia, não houve a implementação de políticas públicas voltadas ao trânsito capazes de sanar o inchaço de veículos circulando nas ruas. A solução apontada por ele também é o transporte coletivo, porém reforçado por um sistema rápido e de longa distância de escoamento de passageiros, ou seja, o metrô.
Délio Moreira diz que exemplos ao redor do mundo, de medidas para o trânsito com resultados satisfatórios não faltam. Ele menciona até mesmo a experiência do metrô elevado existente hoje na cidade americana de Chicago, que foi construído com o único objetivo de desafogar o trânsito. Os condutores de veículos daquela cidade passaram a deixar seus carros na garagem, dando preferência à rapidez e comodidade do metrô. Segundo Délio Moreira, aquele modelo de transporte de massas poderia ser facilmente implantado em Goiânia ao longo do Eixo-Anhanguera.
Metrópolis
Ele afirma ainda que em Goiânia é verificada uma proporção de carros por habitantes superior a metrópoles como Nova Iorque, Paris e Londres. “Uma cidade como essa ter uma frota à beira de um milhão de veículos não é sinal de pujança econômica, e sim de atraso. Países ricos têm como principal meio de transporte urbano o metrô, inclusive de autoridades”, ressalta. “Nos Estados Unidos, já vi um vereador novaiorquino pegando metrô na estação da Time Square. Lá, fazer uso do transporte coletivo é a coisa mais normal do mundo”, comenta.
O professor Délio Moreira também explica que a falta de mobilidade do trânsito na Capital goianiense também se deve ao grande número de veículos estacionados nas ruas. Segundo ele, caminhões, caminhonetes e carros ocupam muito espaço não só em movimento, mas também estacionados. “O crescimento do número de motos que vem acontecendo em Goiânia só contribui para um trânsito mais tumultuado e perigoso”, complementa.
Fonte: Diário da Manha
1 comentários:
Write comentáriosRealmente, o trânsito em Goiânia é caótico. Há muitas rotatórias, não consigo entender ainda o motivo. Há muitos veículos, muitas motos e poucas opções de transporte público. A sensação é mesmo a de estar dirigindo em São Paulo - eu diria até que o trânsito aqui é pior do que na capital paulista. Mas o que também falta, convenhamos, aqui em Goiânia é respeito e civilidade no trânsito por parte dos/as motoristas. Os semáforos e as regras mínimas de trânsito são ignoradas pela maioria dos/as motoristas, que dirigem nas ruas como se elas fossem o quintal de suas casas. E uma situação que já é complicada torna-se um potencial risco de vida a quem precisa se aventurar pelas ruas e avenidas da capital - seja de carro, de moto, de ônibus ou a pé. É preciso melhorar a infra-estrutura, sem dúvida. Ampliar as opções de transporte público, claro que sim. Aumentar a fiscalização, que é praticamente inexistente, e passar a multar as infrações de trânsito também ajudaria muito. Mas é igualmente necessário que as pessoas se conscientizem de que há parâmetros mínimos e regras de trânsito que, se desrespeitadas, só pioram a vida de todos/as.
ReplyCamilo.