Os pontos de parada do BRT

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Consórcio notifica Prefeitura de Goiânia sobre atraso no pagamento da obra, que pode não ficar pronta no prazo

Uma carta administrativa assinada pelo Consórcio BRT Goiás Norte-Sul chegou, há uma semana, nos gabinetes dos secretários municipais Osmar Magalhães (Governo), Jeovalter Correia (Finanças), do prefeito Paulo Garcia (PT) e do coordenador da unidade executora do BRT (Bus Rapid Transit, na sigla em inglês), Ubirajara Abbud. No documento, o consórcio alerta sobre o atraso no pagamento das faturas da obra e o risco de a construção não ficar pronta até março de 2017, conforme o prazo em edital.

A carta é clara: a obra está atrasada. A ordem de serviço foi assinada em março deste ano, com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), e garantia a execução da obra em 24 meses. O canteiro de obras foi montado em abril, as máquinas começaram a operar em maio e agora, em dezembro, os serviços estão focados na região da Avenida Goiás Norte, entre a Avenida Perimetral Norte e a Praça do Trabalhador, e, ainda assim, não finalizados, restando a parte de urbanização, as estações e as pistas nos cruzamentos.

Mais que isso, todo o cronograma teve de ser refeito, sendo a única maneira vista, até então, para que o prazo de entrega seja mantido. Este novo cronograma foi apresentado pelo consórcio entre outubro e novembro a Prefeitura, Caixa Econômica Federal (agente que financia a obra) e Ministério das Cidades (que destina recursos do Orçamento Geral da União - OGU - para parte da obra). O prazo ainda é possível, mas, segundo o consórcio, algumas coisas devem ser mudadas para que seja cumprido.

A mais importante delas é não haver atraso nos pagamentos. O consórcio formado pelas empresas Isolux, EPC e WVG, na notificação, aponta R$ 4,7 milhões em faturas não pagas e vencidas há mais de 90 dias até o mês de setembro. Se computada a medição de outubro, esse número chegaria a mais de R$ 5 milhões. Com o atraso, de acordo com a Lei de Licitações (8.666/ 1993), o contrato pode ser rompido unilateralmente, ou seja, o consórcio já teria razão jurídica para abandonar a obra atualmente e pleitear na Justiça indenizações e reparos para não ficar no prejuízo.

Dívida

De tudo o que foi faturado até hoje, as empresas teriam recebido 37%. Além dos mais de R$ 5 milhões já vencidos, ainda teria cerca de R$ 3 milhões já faturados, mas dentro do prazo de 90 dias para recebimento. A maior parte do que foi pago corresponde ao financiamento junto à Caixa, que possui verba garantida, ou seja, basta que a Prefeitura deposite a sua contrapartida do acordo para que o recurso caia na conta do consórcio, assim que a fatura é emitida.

Restaria, nesse caso, o dinheiro do OGU e as contrapartidas da Prefeitura em relação a esse dinheiro federal e também da obra em si. Em suma, o Paço Municipal despende dinheiro em três frentes: a contrapartida da obra, do OGU e do financiamento. O maior problema é em relação ao recurso do governo federal, já que houve cortes por parte da União e não há qualquer estimativa de quando municípios e Estados voltarão a receber repasses para efetuar obras de infraestrutura.

A dificuldade com os atrasos já estaria gerando problemas com os fornecedores do consórcio que, obviamente, não tem recebido regularmente os pagamentos. Até então, não há problemas com os trabalhadores.

Fonte: Jornal O Popular