Apreensão dos 295 ônibus em Goiânia é suspensa

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Após transtornos durante todo o dia, com atrasos e tumulto, usuários do transporte coletivo aguardam volta à normalidade

O dia ontem foi de tumulto em algumas linhas na capital principalmente em horários de pico, devido à redução na frota de ônibus. Isso porque, com a apreensão de 295 ônibus da empresa Rápido Araguaia por decisão judicial, os usuários do transporte coletivo tiveram que enfrentar tumulto e atrasos.

Porém, ontem à tarde, em liminar, o desembargador José Henrique Arantes Theodoro, do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu a suspensão da decisão. O desembargador decidiu que os ônibus continuam sob garantia judicial, mas sob "depósito judicial com a devedora".

"Levo em conta, para assim decidir, a particularidade para se cuidar de veículos que compõem a frota de transporte público da localidade, havendo risco, destarte, de grave lesão à ordem pública caso tais bens sejam em bloco retirados de operação", considerou o desembargador para liberar o uso dos veículos pela Rápido Araguaia.

Em nota, a empresa Rápido Araguaia comunicou que os ônibus apreendidos pela Justiça neste fim de semana foram liberados em caráter de liminar. A empresa informou ainda que está trabalhando para solucionar todos os problemas e retomar a normalidade na prestação dos serviços aos usuários do Sistema de Transporte da Região Metropolitana de Goiânia.

Operação

De acordo com a assessoria da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC), com a frota de ônibus em menor número houve um aumento na quantidade de viagens realizadas por um mesmo veículo. Sendo assim, passaram a operar sem parar, ou seja, sem pausa para descanso para atender a população e cumprindo o limite de viagens permitidas por dia. Apesar disso, afirmaram que em horários de pico há uma diminuição de quase 10% nas viagens, o que acarreta na demora ou superlotação.

Apesar disso, os usuários reclamam da superlotação nos veículos e do maior tempo de espera. No Terminal Praça da Bíblia o período na parte da tarde de pico foi possível ver um acúmulo de pessoas a espera do ônibus. A dona de casa, Ivone dos Santos, de 43 anos, conta que todos os dias da semana pega o ônibus para buscar as filhas na escola e desta vez o atraso foi grande. “A empresa que deve mas quem paga é usuário”, reclama.

O administrador de empresas, Vilson Alexandre de 30 anos, reclama que o atraso dos ônibus prejudicou até em seu trabalho. “Pela manhã eu chego sempre no serviço as 7:30, mas hoje cheguei as 9 horas. Reclamaram do meu atraso, mas fazer o que?”, relata. “Agora na volta estou esperando o ônibus e já faz 20 minutos que ele deveria ter passado”, acrescenta.

Atraso

A apreensão dos ônibus aconteceu na manhã do último sábado (19), em cumprimento a um mandado judicial, em função de uma dívida de aproximadamente R$ 3,5 milhões da Rápido Araguaia com o Banco Volkswagen. Por conta da dívida, o banco entrou com uma ação contra a Rápido Araguaia na Justiça de São Paulo. A decisão a favor da instituição financeira foi expedida na noite da última sexta-feira (18), com uma carta precatória para ser cumprida em Goiás.

De acordo com o sindicato, a empresa está com um atraso de sete parcelas no pagamento do financiamento de ônibus adquiridos em 2009, que estava previsto para ser liquidado em junho de 2016. Em nota a empresa justifica que o atraso ocorreu em função da crise financeira e alega que teve um aumento dos custos, em função da redução do número de passageiros, e em função da redução do número de viagens, causadas pelo maior tempo no trânsito. A empresa de ônibus entrou com um recurso no Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) ainda no sábado, mas ele foi negado, já que a ação corre em São Paulo. Com isso, fizeram o novo pedido junto a Justiça paulista.

Fonte: Jornal O Hoje