Furto de celular aumenta 85,5% em Goiânia; veja as regiões onde mais se roubam aparelhos na capital
Estatísticas mostram crescimento de 4,7% nos roubos (quando há ameaça à vítima) dos aparelhos. Polícia destaca importância do registro da ocorrência para estratégias preventivas
Furto de celular aumenta 85,5% em Goiânia; veja as regiões onde mais se roubam aparelhos na capital. Estatísticas mostram crescimento de 4,7% nos roubos (quando há ameaça à vítima) dos aparelhos. Polícia destaca importância do registro da ocorrência para estratégias preventivas Os registros de ocorrências de furto e roubo de celulares aumentaram em Goiânia. Comparando os nove primeiros meses de 2016 com 2017, os casos de furto saltaram 85,5%. No mesmo período, os números de roubo subiram 4,7%. Os dados mostram que aparelho é cada vez mais objeto de desejo dos criminosos, em atos que podem terminar de forma trágica, como ocorreu na manhã deste sábado (12) com o aposentado Sebastião Alves Coutinho, de 66 anos, morto a poucos metros do prédio onde morava, no Setor Leste Vila Nova.
Os motivos são diversos, segundo autoridades de segurança pública. Vão desde o maior número de pessoas com equipamentos mais caros em mãos e o fato dos celulares serem comercializados no mercado ilegal, como forma de pagamento de dívidas e drogas.
Delegada titular da Central de Flagrantes da Polícia Civil, Tatiana Barbosa entende que mais pessoas procuram a polícia quando o aparelho é levado junto com outros objetos e documentos. “Mas também tem mais gente que faz o seguro do aparelho ou outras que nos procuram para pedir ajuda no bloqueio da linha.”
Subnotificação
A delegada admite que essa é uma estatística subnotificada. “Temos certeza de que muita gente deixa pra lá, não busca uma delegacia. E isso é ruim para definição de estratégias de segurança da cidade.”
Para a delegada, não existe um perfil da vítima, mas ela destaca que os horários e locais mais comuns dos registros de furtos são durante a noite e com grande movimento. “Festas, shows, pontos de ônibus, dentro do transporte coletivo são alguns exemplos. Mas existem vários outros”, pontua.
Tatiana afirma que os criminosos se aproveitam da desatenção das vítimas para agir. “O criminoso age quando vê a oportunidade. Ele entra num ônibus, por exemplo, e observa as bolsas abertas, os aparelhos nos bolsos. Em uma oportunidade, pega e vai embora.”
Por isso, ela diz que é necessário estar atento. “Claro que existe a situação do roubo, quando o bandido te aborda, ameaça e leva o aparelho. Nesses casos, a orientação é não reagir. Mas no caso do furto, a dica é ficar atento para pessoas que se aproximam demais”, explica.
A delegada informa que as vítimas que procuram a delegacia têm apoio para bloquear a linha e do chip e a investigação pode terminar com o aparelho de volta. O registro também pode ser feito pelo site da Polícia Civil.
Reincidência
O advogado Lucas Montagnini, de 25 anos, foi assaltado duas vezes esse ano. Nas duas ocasiões ele chegava em casa quando foi abordado. Na primeira vez, dois rapazes com um facão o abordaram e pediram o aparelho, que era bloqueado. Pediram para que fizesse o desbloqueio e o ameaçaram. Na segunda situação, um homem com um revólver levou seu smartphone. “Tinha um outro comparsa que o aguardava em um carro. Eu não reagi e tive que comprar outro aparelho”, diz. Desde então o advogado evita sair com o telefone ou usar o aparelho na rua. Nas duas vezes eram aparelhos caros. Agora, optou por um modelo de valor mediano.
Capitão da Polícia Militar, Euler Filho diz que o mercado ilegal para comércio dos produtos furtados e roubados fomenta esse tipo de crime. “A venda e a troca dos celulares, inclusive por drogas, é muito fácil. Os bandidos sabem que existem pessoas para receber esse produto, tem quem vai repassar e tem até o traficante que recebe aparelhos como pagamento da dívida.” Para o militar, é necessário que esse tipo de mercado seja combatido.
Euler Filho concorda com a delegada da Polícia Civil e diz que a desatenção das pessoas é o principal atrativo para o ladrão. “A gente sempre vê pessoas falando ao telefone enquanto andam na rua sem estar atento ao que acontece ao redor, o mesmo a gente pode ver dentro dos carros. Além da infração de trânsito, a pessoa está mostrando o aparelho que tem, mostrando que está desatenta.”
A recepcionista Carolina Alcântara Duarte de Moraes, de 28 anos, entrou para a estatística em setembro do ano passado. Ela estava com a mãe esperando o ônibus no Parque Industrial João Braz quando dois homens chegaram em uma motocicleta. “Um deles deu um sorriso largo e disso bom dia. Como eu não os conhecia, fiquei calada. Logo depois um deles anunciou o assalto. Levaram nossos celulares e minha bolsa, com dinheiro e documentos.”
A recepcionista, que estava grávida quando foi assaltada, registrou ocorrência na delegacia. Ela não usa mais o transporte coletivo, mas se lembra que ficou com medo de esperar por ônibus em qualquer ponto. “Não tinha mais coragem de ficar esperando, fosse sozinha ou acompanhada”, relata. Ela ainda tenta retirar a segunda via de muitos documentos levados no assalto.
Ocorrências pulverizadas
Os dados da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (SSPAP-GO) mostram que os aumentos gerais dos dados de furtos e roubos ocorreram porque houve pulverização das ocorrências. Muitos bairros que não tinham registros anteriores, passaram a ter em 2017. Um dos casos é Jardim Primavera. Em 2016 foi apenas um caso de furto registrado. Já os registros de roubo subiram de 9 para 17. No Recanto das Minas Gerais foram 5 casos de furto em 2016 e 3 em 2017. Já os registros de roubo foram bem superiores; 36 em 2016 e 29 este ano.
Vários bairros aparecem na lista sem qualquer registro. O capitão da PM, Euler Filho, diz que o motivo pode estar ligado à falta de acesso às delegacias. “Nas regiões centrais, por maior acesso às delegacias, mais pessoas procuram a polícia.”
Registro é essencial
Na lista dos bairros com mais de 50 registros de furto de celular em 2017, os setores Leste Vila Nova, Guanabara, Balneário Meia Ponte, Urias Magalhães e Setor Oeste não apareciam na lista de 2016 com essa quantidade de furtos. Para o capitão da Polícia Militar, Euler Filho, esse é um crime que acontece em qualquer lugar. “Sabemos que é um crime subnotificado. Poucas pessoas procuram a delegacia ou os policiais militares para pedir ajuda ou para registrar ocorrência. Mas destaco que isso é muito importante.”
O capitão ressalta que o trabalho preventivo e ostensivo da PM é realizado, também, com base nas estatísticas das ocorrências. “Se não temos essa realidade, muitas das nossas ações podem estar sendo focadas em lugares errados. Claro que temos outros meios de definir nossas estratégias de ações, mas o registro das ocorrências é fundamental para que nosso trabalho tenha efetividade nas decisões de quando e onde as viaturas deverão atuar, por exemplo.”
A delegada titular da Central de Flagrantes, Tatiana Barbosa, diz que se em um mês ou no outro não houve registro em determinados bairros, não significa que não houve ocorrência desse tipo. “Sabemos que muitas pessoas não procuram a polícia por diversos motivos, mas é muito importante que toda ocorrência seja informada”, explica. Para Tatiana, esse é um tipo de crime que tem aumentado pela facilidade da prática. “Não é tão fácil recuperar o aparelho. Por isso, quando a pessoa tem um rastreador pode facilitar.”
Fonte: Jornal O Popular