Obra no aeroporto de Goiânia teve pagamento de propina, diz Lava Jato

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Arena Corinthians também teve pagamento de propina, segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima

Em entrevista na manhã desta terça-feira (22), sobre a 26ª fase da Operação Lava Jato, denominada Xepa, investigadores disseram que as construções do aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia e da arena Corinthians, em São Paulo, foram viabilizadas com o pagamento de propina pela Odebrecht.

A afirmação é do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos coordenadores da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba.

Segundo ele, os rastros de repasses ilegais apareceram em planilhas apreendidas que indicam o envolvimento da diretoria da Odebrecht que cuida da gestão do contrato com o Itaquerão. O procurador disse que ainda está em análise inicial a lista dos destinatários dos pagamentos.

Nesta fase, disse o procurador, o único estádio que apareceu foi o do Corinthians. Segundo ele, há indicativos de pagamentos de propina em outros estádios da Copa, segundo "indicativos de delações que ainda estão em andamento".

Assista à entrevista da Polícia Federal:




"Departamento" de propina

Com base em planilhas e cruzamento de dados, investigadores da Operação Lava Jato afirmam que a Odebrecht montou uma "estrutura profissional" de pagamentos sistemáticos de propina no Brasil e no exterior.

O "sistema estruturado" de corrupção, nas palavras do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, envolvia funcionários com divisão clara de atribuições, um sistema informático para controle da entrada e saída de milhões de reais e toda uma estrutura de contabilidade clandestina.

Segundo ele, os pagamentos se referiam a obras públicas do governo federal e de governos dos Estados. Entre os contratos suspeitos de propina, além da Petrobras, estão o aeroporto de Goiânia, as obras do Trensurb (trem metropolitano de Porto Alegre), estradas e o estádio do Corinthians.

"Era uma estrutura profissional de pagamento de propina, não se limitava a casos esporádicos, mas a pagamentos sistemáticos", disse a procuradora Laura Tessler, uma das integrantes da força-tarefa do Ministério Público Federal, do Paraná.

Apenas em uma das planilhas, a Polícia Federal identificou o que seriam pagamentos ilegais de R$ 65 milhões. Doleiros providenciavam dinheiro vivo e os repasses foram feitos pelo menos até novembro de 2015.

"Isto é assustador porque, mesmo após a prisão de Marcelo Odebrecht, tiveram a ousadia de prosseguir com o esquema", disse a procuradora. As prisões do presidente do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht, e da cúpula do conglomerado ocorreram em junho do ano passado.

Segundo ela, Marcelo Odebrecht não "só tinha conhecimento como solicitava o pagamento de vantagens indevidas". A afirmação dela se baseia na existência da sigla MBO em planilhas de pagamento e o cruzamento dos dados novos da investigação com as anotações encontradas no celular do executivo.

As investigações sobre os recebedores do recursos ainda estão em estágio inicial. A PF cruzou, por exemplo, dados existentes nas planilhas intituladas "paulistinha" e "carioquinha" -espécie de extratos clandestinos de contas de pagamento de propina- com os dados dos destinatários.

Em alguns casos, disse o delegado Márcio Anselmo, dados dos destinatários, como prenomes e nomes de hotéis, números de quartos e datas, coincidiram com informações sobre os hóspedes registrados nos hotéis no mesmo dia.