Marconi e Iris levam disputa para 2º turno
Warlem Sabino, Mirelle Irene, Venceslau Pimentel e Marjorie Avelar
O senador Marconi Perillo (PSDB) e o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) vão decidir as eleições para o governo de Goiás em segundo turno, no próximo dia 31. O tucano obteve ontem 46,33% dos votos válidos (1.400.227), enquanto o peemedebista ficou com 36,38% (1.099.552). O ex-prefeito de Senador Canedo Vanderlan Cardoso (PR) ficou em terceiro, com 16.62% (502.462) e foi o fiel da balança – garantiu a nova disputa. O embate confirma pesquisa Ibope divulgada na noite de sábado, que apontava segundo turno.
Marconi e Iris fazem novo duelo pelo Palácio das Esmeraldas. Em 1998, o tucano também chegou na frente no primeiro turno e consolidou a vitória no segundo turno – 48,58% (946.588) a 46,91% (914.035). Na época, o governo era do PMDB, com Maguito Vilela à frente – ele abriu mão da reeleição e foi eleito senador. Desta vez, o tucano não tem apoio do Palácio. Os dois também já governaram o Estado por duas vezes e são os maiores expoentes de seus partidos.
Aos 47 anos, Marconi tem uma carreira vitoriosa, a exemplo do rival. Já foi deputado estadual, federal, governador por duas vezes e senador – nunca perdeu uma eleição. Líder da coligação Goiás Quer Mais, ajudou a eleger os dois senadores da chapa – Demóstenes Torres (DEM) e Lúcia Vânia (PSDB) – e ainda fez oito federais.
Iris, aos 76 anos, fez história em Goiás ao ocupar por duas vezes ministérios do governo federal (Justiça e Agricultura). Também manteve o PMDB no poder no Estado durante 16 anos. Líder da coligação Goiás Rumo ao Futuro, o ex-prefeito vai precisar negociar o apoio de Vanderlan e partidos da coligação Goiás no Rumo Certo, para tentar diminuir a diferença para Marconi até o final do mês.
Com cerca de 95% dos votos apurados em Goiás, o senador Marconi Perillo (PSDB) se dirigiu ao seu comitê central, na Vila Nova, para comemorar a vitória no primeiro turno. O tucano obteve pouco mais de 46,33% das intenções de voto, contra os 36,38% aproximados para o maior rival, Iris Rezende (PMDB), o que chamou de “vitória política sem tamanho”. Em entrevista coletiva, o candidato do PSDB disse que ficou alegre com o resultado da primeira etapa da eleição.
“Dez por cento de diferença em um cenário muito adverso”, avaliou, se referindo, mais uma vez, às “máquinas poderosas” que enfrentou durante a campanha – o governo federal, o estadual e as maiores prefeituras do Estado, governadas pelo PT e pelo PMDB, partidos adversários do PSDB. Além disso, Marconi condenou pesquisas “encomendadas de última hora”, dizendo que o adversário havia virado a eleição. “Enfrentamos tudo isto com altivez, garra e determinação, e colhemos um resultado altamente expressivo, sobretudo se levarmos em consideração que enfrentamos adversários difíceis”.
Disse ainda que ficou satisfeito também com o fato de ter sido bem recebido pelos eleitores por todo o Estado. “Estamos muito felizes porque estão reeleitos dois grandes senadores, Demóstenes e Lúcia Vânia, com votações muito expressivas”. O senador se mostrou satisfeito com a eleição da bancada de aliados na Câmara Federal (8) e na Assembleia Legislativa (20, sendo oito só do PSDB). “Estou muito feliz porque as manifestações de solidariedade e de apoio são enormes”, assinalou, sobre a vitória em 173 municípios goianos. “Nós temos muito o que comemorar”.
Marconi foi reticente ao falar dos apoios que buscará no segundo turno. “Vou conversar com os presidentes dos partidos, vou ouvir os nossos dois senadores, as nossas lideranças principais todas, para a gente definir qual o caminho. Vamos ter disposição para conversar com todos”.
Questionado se achava possível compor com o PP e o PR, Marconi disse que há “momento certo” para discutir estas possibilidades. “Temos muitos apoios no PP, no PR e em vários outros partidos”, lembrou. “O momento agora é de comemoração e de redefinição de estratégias”, acredita.
O senador comentou, especialmente, a performance de Vanderlan Cardoso (PR) no pleito. “Ele obteve votação expressiva, é uma pessoa que respeito, tive com ele boa convivência quando fui governador e ele prefeito”, reconheceu. “Mas agora é hora de a gente deixar a poeira abaixar, vamos aguardar um pouco os desdobramentos”, aconselhou.
Em relação à estratégia para o segundo turno, Marconi disse que a nova fase da campanha já começou. “Quero convocar a militância toda para colocar o bloco na rua. Vamos começar a luta agora, neste momento”, disse. Para Marconi, no segundo turno há continuidade, principalmente em relação a votos conquistados. “Vamos fazer campanha bonita, sem agredir adversários. Vamos procurar ampliar a votação do primeiro turno”, disse. Para Marconi, reduzir o adversário para um, e não quatro, é melhor. “Facilita muito, não vai ter mais ‘tabelinha’, as coisas vão ficar mais fáceis”.
SERRA
O senador tucano disse que ficou feliz também com a passagem de José Serra (PSDB) para o segundo turno da eleição presidencial, com a petista Dilma Rousseff. “Tivemos uma grande vitória política”, disse, citando também que o PSDB elegeu, em primeiro turno, quatro governadores – Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e no Paraná. “E iremos em pelo menos mais quatro Estados para o segundo turno”. O senador espera ter no segundo turno em Goiás o apoio de tucanos proeminentes nacionalmente. “Vou ter a presença do Serra, do Aécio (Neves), do Anastásia, do Alckmin, do Beto Richa.”
Guerra
“Vamos para a guerra”. Esta foi a frase mais propagada por correligionários e assessores de Iris Rezende (PMDB), candidato ao governo pela coligação Goiás Rumo ao Futuro, durante o entra-e-sai de ontem, no comitê central do partido, no Setor Serrinha. A comemoração antecipada começou quando o Ibope, em pesquisa de boca-de-urna, dava como certo o segundo turno.
“Passamos por muito sufoco por causa dos jornais e das pesquisas (de intenções de voto), que davam o adversário (Marconi Perillo) como vitorioso no primeiro turno”, disse o coordenador político da campanha, Sodino Vieira. “Fizemos uma campanha franciscana. Agora, vamos construir um novo quadro para o segundo turno”, garantiu.
À espera do final da apuração em seu apartamento, no Setor Oeste, onde estava na companhia da mulher, a deputada federal reeleita Iris de Araújo (PMDB), e do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), Iris decidiu descer, após pouco mais dos 90% dos votos apurados. “A cada eleição, me sinto mais feliz com a receptividade dos eleitores”, disse. “Lutei pela democracia no País. Hoje, o que prevalece é a vontade da maioria do povo goiano. É preciso respeitar e acatar”, afirmou.
Questionado pela imprensa sobre possíveis coligações para o segundo turno – principalmente com Vanderlan, que ficou em terceiro lugar, e o governador Alcides Rodrigues (PP) –, Iris disse que esperaria a totalização da apuração para falar sobre o assunto e a respeito das estratégias que vai adotar nesta nova etapa.
Em seguida, ele foi ao comitê central, cumprimentou os parceiros de campanha, entrou em uma sala com repórteres e cinegrafistas, mas decidiu ir embora sem conceder a entrevista coletiva. Apenas comentou, ainda na sua chegada: “Pratico a política fazendo o que eu gosto, servindo ao Estado e ao meu povo”.
LULA E DILMA
O peeemedebista também se esquivou quando foi questionado a respeito da participação da candidata a presidente Dilma Rousseff e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (ambos do PT) em sua campanha no segundo turno. Na saída, ele se encontrou com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), que foi ao comitê para cumprimentá-lo. Para Maguito, “a maioria dos institutos de pesquisas influenciou um pouco” na chance de Iris vencer ainda no 1º turno.
Fonte: Jornal O Hoje