Reforma da Praça Cívica segue inacabada e sem previsão de entrega

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Obra foi inaugurada há seis meses

No dia 24 de outubro do ano passado, quando a capital goiana completou 82 anos, a Prefeitura de Goiânia preparou uma grande festa para a reinauguração da Praça Cívica. Quase sete meses depois, o que se vê no local é a beleza do que já está pronto mesclada com tapumes que bloqueiam espaços ainda inacabados. Já parecem fazer parte da paisagem. Isso porque a administração municipal confirmou à reportagem que não é possível estipular data para conclusão das obras por falta de recursos.

A informação é da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra), responsável por supervisionar o projeto. Em nota - já que nenhum representante concordou em conceder entrevista -, a pasta reconheceu que faltam algumas intervenções, como execução de canteiros, instalação de pisos drenantes e táteis. "A previsão da conclusão das obras nas ruas de acesso aos prédios depende do repasse de recursos do Governo Federal", diz o comunicado. 

O recurso para a requalificação da praça gira em torno de R$ 12,5 milhões e vem do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, do Governo Federal. Na placa exposta desde o ano passado consta o valor investido e a previsão de que a requalificação seria concluída há seis meses.

Durante as obras, segundo a Seinfra, foi feito um aditivo de R$ 875 mil referente à demolição do Palácio das Campinas, antigo prédio da Prefeitura, e pavimentação do local com pedras portuguesas. A Seinfra confirmou que o serviço já foi executado e o espaço atualmente abriga um monumento feito pelo artista Siron Franco.

Apesar de a prefeitura afirmar que falta repasse de recursos, e que por isso não pode prever a data de entrega, as obras continuam em andamento. Quem passa pela Praça Cívica durante a semana percebe a presença de operários. A informação também foi reforçada pela Marsou Engenharia, responsável pela execução do projeto. Por telefone, um porta-voz disse que a empresa não poderia conceder entrevista sobre o caso, mas confirmou que as obras são tocadas normalmente.

Problemas estruturais
Uma das características mais elogiadas do projeto de requalificação da Praça Cívica é a instalação de pisos adequados para circulação de deficientes visuais ou cadeirantes. A proposta de acessibilidade é realidade na maior parte do espaço, mas peca em diversos detalhes. Pelo menos é o que observou o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO) em relatório divulgado na última semana de abril. 

O documento surgiu de um convênio estabelecido com o Ministério Público Estadual. A visita técnica ocorreu no dia 23 de fevereiro e teve como objetivo avaliar as condições de acessibilidade. O relatório concluiu que a estrutura construída até então não garante o devido acesso a dois dos cinco prédios públicos situados na praça, serviço que a Seinfra confirmou que ainda será realizado.

O documento também cita desníveis, obstáculos e outros danos que comprometem a proposta original. Sobre os reparos necessários, a Seinfra disse que as solicitações são encaminhadas para Marsou Engenharia. "A empresa é ciente de toda e qualquer demanda, e a manutenção será feita de acordo com o projeto aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)", diz a nota.

Em entrevista à reportagem, a coordenadora técnica do Iphan Goiás, Beatriz Otto de Santana, explicou que cabe ao órgão o acompanhamento técnico das obras. “Não fiscalizamos o contrato, mas a qualidade dos serviços prestados. É gerado um relatório mensal interno sobre as obras. Aqueles pontos apontados como necessidade de recuperação, a gente solicita a correção”, disse. 

“Como a maior parte da praça já está em uso, é natural o desgaste”, completou. Sobre o relatório divulgado pelo CAU, Beatriz disse que há algumas observações que precisam ser levadas em conta somente após a conclusão das obras. 

Benefícios
Mesmo inacabada, a Praça Cívica já recebe bom fluxo de pessoas, especialmente aos finais de semana. Aos poucos o goianiense se apropria de um espaço que, até o início do ano passado, era estacionamento. A região em frente ao Palácio das Esmeraldas trocou o asfalto e os carros enfileirados por uma ampla arena de convivência. 

O estacionamento de veículos, aliás, tem sido motivo de um trabalho reforçado de educação no trânsito. Desde que foi fechada para as obras, a região em volta da Praça Cívica restringiu as vagas de estacionamento. A prioridade no anel interno é para deficientes ou idosos. Em outros trechos da avenida, sequer é possível estacionar. Mesmo assim os condutores insistem em cometer infrações. 

De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT), foram 827 autuações na Praça Cívica de 1º de janeiro a 23 de outubro de 2015 - véspera da inauguração. As infrações registradas de 24 de outubro de 2015 até 2 de maio foram 648. Em resumo, a média diária de multas subiu 21,4%.

Sobre a parte interna da praça, a coordenadora técnica do Iphan Goiás explicou que está em fase de elaboração um documento com diretrizes para o uso adequado da Praça Cívica. As normas são elaboradas junto a um grupo de gestores municipais e estaduais e visam proteger o patrimônio cultural. 

“Antes a praça era utilizada meio que aleatoriamente, mas agora ela precisa de mais proteção por haver pisos especiais e a necessidade de controle e proteção aos canteiros, por exemplo. Estamos trabalhando para que o documento possa virar lei e que quem não cumprir possa ser responsabilizado legalmente por isso”, concluiu.

Fonte: A Redação
Fonte: @ladoalto