Prefeito quer nova Praça Cívica como presente pelos 82 anos da Capital
Abra a imagem em uma nova guia para visualizar no tamanha original.
Paulo Garcia acompanha demolição Palácio da Campinas, antiga sede da Prefeitura de Goiânia, apresenta à imprensa obra de Siron Franco que será instalada de forma permanente no local e afirma que administração se esforçará para concluir até 24 de outubro obras de adequação da praça ao projeto de Attílio Corrêa Lima
Os 82 anos da Capital, celebrado no dia 24 de outubro, pode ser marcado pela devolução à população da Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, segundo projeções feitas pelo prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, durante acompanhamento do início do processo de demolição do Palácio das Campinas, sede de atividades administrativas do Município entre os anos 1960 e 2000. A destruição do prédio, que não integra o acervo Art Déco tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1982, seguirá até domingo, dia 24. A primeira fase do processo, que começou nesta sexta-feira, 22, abrange a retirada de materiais que poderão ser reaproveitados pela administração, a exemplo de telhas, janelas, vidros e condicionadores de ar.
A ação cumpre mais uma etapa do cronograma de intervenções para reconfiguração histórica da Praça Cívica, em obras desde o dia 02 de fevereiro com propósitos de adequar o espaço ao projeto original de Attílio Corrêa Lima, arquiteto responsável pelo projeto urbanístico de Goiânia, e resgatar a função originária de centro cultural e cívico dos goianienses. “Nós percebemos o detalhe histórico dessa sede. Ela foge do contexto arquitetônico da praça, mas tem importância na nossa história”, explica Paulo Garcia. O Palácio das Campinas foi construído pelo então prefeito da cidade, Iris Rezende, no final dos anos 60, quase três décadas após a criação da Praça Cívica, que foi inaugurada em 1933, mesmo ano do lançamento da pedra fundamental de Goiânia.
Por estar fora do contexto arquitetônico da Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, Iris Rezende, segundo Paulo Garcia, coaduna com a necessidade de demolição por também compreender que ela foge ao projeto arquitetônico previsto inicialmente por Attílio Corrêa Lima. “Quando tomamos a decisão da demolição, eu o comuniquei porque foi ele o construtor dessa sede e daqui, obviamente, realizou muitas obras para nossa cidade. Ele prontamente concordou. Iris, de forma excepcional, rapidamente (em 28 dias), fez esse prédio, mas era um momento em que a conjuntura precisava e permitia isso”, acrescenta Paulo Garcia.
O prédio, que já está em processo de demolição, foi construído na Praça Cívica para abrigar a prefeitura que, até então, estava instalada em um local provisório próximo à Estação Ferroviária da Praça do Trabalhador, no Setor Norte Ferroviário. O Palácio das Campinas foi o último endereço da Prefeitura de Goiânia antes da ocupação da sede definitiva, o Palácio das Campinas Venerando de Freitas Borges (Paço Municipal), Parque Lozandes, em setembro de 2000. Embora atendesse às necessidades emergenciais da época, o local é considerado um dos elementos que paulatinamente contribuiu para desconfiguração do projeto original da Praça Cívica que, segundo definiu o próprio Attílio Corrêa Lima, deveria ser boulevard de convivência social.
“A Praça Cívica é simbolicamente muito importante para todos nós. Nós, que passamos a infância aqui, sabemos da importância dela. A Praça Cívica me emociona muito. Me lembro que nós passávamos nela as tardes de domingo. Meu pai, com os filhos, vocês sabem que perdi um irmão recentemente, vinha para cá para comer pipoca, tomar garapa e para ver as famosas pontes luminosas da Praça Cívica”, conta Paulo Garcia, visivelmente emocionado. Para resgate histórico da área de 58.935 metros quadrados, os investimentos serão na ordem de R$ 12,5 milhões. Os recursos originários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, uma iniciativa do Governo Federal; custeiam substituição do piso, implantação de novo sistema de iluminação, execução de projeto paisagístico e requalificação dos monumentos históricos.
“Esse momento tem simbolismo muito forte para a cidade de Goiânia, porque nós estamos resgatando a Praça Cívica para que ela se torne definitivamente uma área de convivência, de manifestação cívica, como sugere o próprio nome pelo qual ela é conhecida, de manifestação popular, de manifestações esportivas, manifestações culturais. Nós temos a convicção de que, ao entregar essa praça, no dia 24 de outubro, nós presentearemos a nós todos e à cidade de Goiânia com esse espaço requalificado. Sem dúvida, retomando o desejo daqueles que pensaram Goiânia no início. Essa praça é carregada de simbolismo cívico, de participação popular e muito em breve será, porque não dizer, um marco histórico do desenvolvimento sustentável da nossa cidade”, pondera o prefeito da Capital. A abertura dos trabalhos para demolição do Palácio da Campinas foi acompanhada pelo governador de Goiás, Marconi Perillo. A administração estadual é parceira da prefeitura na requalificação da Praça Cívica. O projeto, executado pela gestão municipal, foi elaborado pelo governo do Estado.
Monumento
Após a demolição, a antiga sede da prefeitura dará lugar a um monumento do artista plástico Siron Franco, apresentado à imprensa nesta quarta-feira, 22. A obra, feita com espelhos e estrutura de aço inoxidável, terá três metros de altura e 11 metros de comprimento. Caleidoscópica, a arte urbana vinculará passado e futuro por meio de totens, com 2,80 metros de altura, em forma de ancestrais Carajás, e figuras masculina e feminina, com 1,80 metro de altura, que representam o futuro. A contemporaneidade se materializará no reflexo das pessoas que circularem pela praça e nas coisas que irão compor o ambiente.
“Para complementar esse projeto (de requalificação da Praça Cívica) de forma definitiva, pensamos no artista plástico Siron Franco, que criou essa obra que, quando ficar pronta, tenho certeza, se tornará um marco histórico, um marco cultural, um marco turístico para a cidade”, diz. A instalação artística permanente será entregue junto à nova Praça Cívica. “Ela é toda em aço espelhado e faz uma homenagem aos nossos ancestrais, por meio de símbolos Carajás. Nós temos monumentos que rememoram nosso passado. Nós temos o Bandeirante, o Monumento às Três Raças, mas não tínhamos nenhum monumento exclusivo que homenageasse os nossos ancestrais indígenas, em particular os Carajás, que participaram da nossa edificação”, explica o prefeito. A obra, segundo Siron, deve demandar cerca de três meses de construção.
“Mas é um trabalho que tem sentido especial. A restauração da Praça Cívica tem múltiplos sentidos. Inclusive ela resgata minha memória, me faz lembrar de que, quando era criança, eu brincava muito ali. As famílias se reuniam para ver a fonte luminosa da Praça Cívica”, pondera Siron Franco. “Essa obra, que o artista plástico Siron Franco pensou para ser colocada no local onde está esse prédio que haverá de ser demolido, retrata e sintetiza tudo isso. Ela é um espelho do nosso passado, dos nossos ancestrais Carajás, e naturalmente também projeta o futuro, porque ela vai espelhar tudo aquilo que será exposto à sua frente. Então, esse foi um momento simbólico extremamente importante. É definitivamente a tentativa de construção de base para um desenvolvimento sustentável da nossa cidade”, finaliza Paulo Garcia.
Fonte: Prefeitura de Goiânia