Goiás: Força Nacional chega para investigar 200 crimes
Maioria dos inquéritos selecionados tem como suspeitos policiais militares em crimes ocorridos até 2008.
Trinta e quatro homens da Força Nacional (FN) de Segurança Pública, programa de cooperação coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça (MJ), chegaram ontem à tarde em Goiânia, para investigar assassinatos ocorridos até 2008 ainda não solucionados. As equipes vão trabalhar inicialmente na investigação de 150 crimes ocorridos em Goiânia e outros 50 em Rio Verde, tendo policiais militares como principais suspeitos da maioria destes crimes.
Conforme O POPULAR apurou, a Força Nacional foi escolhida para investigar esses casos para que não haja mal estar entre as polícias Civil e Militar.
A chegada dos 4 delegados, 22 agentes e 8 escrivães da Força Nacional chamou a atenção e gerou animosidades em policiais civis - que se sentem desprestigiados em seu trabalho investigativo - e em policiais militares, que devem ser o principal alvo dos trabalho dessas equipes nos próximos três ou quatro meses. A vinda da FN foi pedida pelo governo do Estado em fevereiro, mas o envio só foi autorizado em julho pelo Ministério da Justiça.
Os grupos da FN foram recebidos ontem pelo delegado-geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski, pelo delegado-geral adjunto, Daniel Adorni, e pelo superintendente de Polícia Judiciária, delegado Deusny Aparecido Silva Filho.
Depois de uma reunião no auditório da Secretaria de Segurança Pública (SSP), o coordenador da FN em Goiás, delegado Márcio Belchior de Macedo, de Rondônia, disse que não tem autorização do Ministério da Justiça para falar sobre a missão aqui.
Além dos inquéritos de homicídios ocorridos até 2008, a FN vai trabalhar na investigação de um assassinato ocorrido em 2012, conforme apurou com exclusividade O POPULAR.
A maioria dos inquéritos faz parte da Meta 2 da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp), que tem entre seus objetivos a conclusão dos inquéritos sobre homicídios instaurados até 31 de dezembro de 2008.
Atualmente, segundo a Polícia Civil, existem 2.042 inquéritos de homicídio sem conclusão em todo o Estado. Deste total, foram selecionados os 200 mais complexos para que as equipes da FN investiguem.
“Temos inquéritos faltando diligências, inquirição de testemunhas, provas periciais, como temos outros que não avançaram muito. Vamos priorizar estes 200 casos”, contou Gorski.
Sem custos para o Estado de Goiás, a vinda da FN é toda financiada pelo governo federal. A Polícia Civil disponibilizou nove carros, além de computadores, móveis e material de consumo. A FN ficará subordinada ao delegado Alexandre Pinto Lourenço, chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), cuja sede será inaugurada às 14 horas da próxima segunda-feira, em Campinas. “Se resolver pelo menos um caso, vai ter uma mãe que vai nos agradecer por prender quem matou o filha dela. Terá valido a pena”, comentou o delegado-geral. Por questões de segurança, ele não repassou informações sobre os inquéritos selecionados para a FN.
Os 34 policiais que integram as equipes da FN em Goiás vieram do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro, de Rondônia, do Tocantins, de Mato Grosso, do Piauí e de Alagoas.
“Se, ao final deste período de três meses, for necessária prorrogação por mais um mês, assim o faremos”, contou Gorski. Ele achou necessária a vinda da FN porque o efetivo da Polícia Civil é muito baixo. Em janeiro de 2014, outros 753 policiais civis devem tomar posse e após a finalização deste concurso, outro, para provimento de 500 cargos, será lançado no início do próximo ano.
FN vai investigar morte de cabo da PM em 2012
Um dos casos a serem investigados pelas equipes da Força Nacional (FN) em Goiás é sobre o assassinato do cabo da Polícia Militar Cláudio Pires Barbosa, ocorrido no dia 7 de junho de 2012, na Avenida Inhumas, no Jardim Petrópolis, em Goiânia.
O inquérito instaurado para apurar a morte do militar foi considerado cheio de vícios, com testemunhas apontadas por policiais militares, o que comprometeu a veracidade da investigação.
Para evitar novas interferências dos policiais militares no caso, o inquérito foi um dos encaminhados pela Polícia Civil para ser investigado pela FN.
O cabo Barbosa tinha acabado de sair do trabalho, no Centro de Operações do Batalhão Rodoviário e aguardava a esposa na Avenida Inhumas, no Jardim Petrópolis.
RELATOS
Segundo testemunhas do crime, um Gol de cor escura parou na frente do carro do militar. Três homens desceram, um chegou a se sentar no banco de passageiros, enquanto outro conversava com ele ao lado do carro. O que estava na frente atirou.
De acordo com laudo pericial, todos os projéteis encontrados na cena do crime eram de pistola calibre ponto 40, de uso exclusivo das forças policiais. A esposa do militar disse na época que ele vinha sofrendo ameaças de morte.
Fonte: Jornal O Popular