Politicagem Fala mais Alto no Brasil - Copa de 2014

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Mais um vez a politicagem falou mais alto no Brasil ,com as escolhas das sedes da copa de 2014. Goiânia ficou de fora do maior evento de Futebol do Mundo, a copa de 2014.

No comitê, o clima é de revolta. Goiânia pode até participar da Copa do Mundo, mas não no papel que gostaria de interpretar. Restou agora, abrigar delegações. A cidade vai servir como palco de ensaio para os espetáculos apresentados em Brasília.

Não é o suficiente para o comitê, que almejava mais. Apesar de não entender os critérios de escolha da Fifa, as 12 cidades-sede já eram conhecidas por todos. O nordeste, com sua enorme força política e belezas naturais, conseguiu emplacar quatro candidaturas. No Centro-Oeste, Cuiabá foi a escolhida, além de Brasília. A força política do governador Blairo Maggi falou mais alto do que o Pantanal de Campo Grande. Na hora do anúncio, por ordem alfabética, Joseph Blatter parou no "F" de Fortaleza e fez suspense. Os corações goianienses ainda palpitaram, mas sem grande esperança. Manaus foi a próxima anunciada.

As 12 cidades-sede estão confirmadas pelo presidente da Fifa, Joseph Blatter. Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, Recife e Porto Alegre. Barbosa Neto afirmou que se sente muito decepcionado. "Talvez não seja prestígio político, o problema de Goiás. Talvez tenha outros nomes. Agora vamos para o plano B, que não queríamos nem ter pensado". Para ele, Goiânia tem sido discriminada ao longo do tempo. O fato é: Goiânia está fora.

A ausência de Goiânia como sede da Copa e o impacto econômico gerado pela Copa

A desclassificação da cidade de Goiânia como sede da Copa de 2014 repercutiu pouco nos meios políticos, esportivos e até mesmo no meio da opinião pública goiana. Estranhamente, não se sabe por que parecem não ter se dado conta da importância da capital goiana sediar o maior evento esportivo do planeta. Digo isso porque nem agora e nem mesmo antes, no momento enquanto se disputava com as outras capitais um lugar para sediar a Copa, não se percebeu a vontade política, o empenho e determinação necessário para que Goiânia conquistasse o seu lugar entre as 12 cidades escolhidas. Ate agora não deu para entender, mas entramos nessa disputa na defensiva, sem um projeto ousado de reforma do Estádio Serra Dourada, orçado em R$ 180 milhões, enquanto Natal contratou o escritório de arquitetura Hok Sve, da Inglaterra, o maior do mundo na especialidade de construções esportivas, e vai gastar cerca de 300 milhões de reais na reforma de seu estádio. O projeto de reforma do Estádio Verdão, em Cuiabá, custará R$ 350 milhões.

Particularmente sempre achei que essa disputa seria pesadíssima levando em conta o fato de estarmos muito próximo de Brasília e, sendo capital federal, nestas circunstâncias, evidentemente, não ficaria de fora. Por outro lado, Cuiabá, a cidade que teoricamente estava disputando conosco, perde em vários requisitos técnicos que regem a classificação da Fifa para Goiânia. No ranking do critério do futebol da CBF, Cuiabá ocupa o 22º lugar, enquanto Goiânia detém a 8ª posição, com muito mais tradição no futebol. Em relação à rede hoteleira, outro importante requisito estabelecido pela Fifa, Cuiabá possui apenas 6.710 leitos, enquanto Goiânia ultrapassa os 10 mil leitos. Entretanto, apesar de levarmos vantagem em alguns critérios técnicos, acabou por prevalecer a escolha sobre Cuiabá, o que nos faz acreditar que sobrepuseram a sua força política junto à CBF.

Mas pelo sim ou pelo não, nada justifica por sinal uma postura um tanto conformista e resignada que marcou a reação nos meios políticos, na classe esportiva e na opinião pública em geral diante da eliminação de Goiânia como sede da Copa em 2014.

Os investimentos públicos e privados que irão ser carreados até 2014 para dotarem as 12 capitais com a infra-estrutura necessária para comportar o fluxo de turistas vão ser extraordinários. Ainda não se tem noção do total dos investimentos necessários para realizar a infraestrutura necessária, mas está se concebendo um novo PAC voltado exclusivamente para preparar as 12 capitais-sede para a Copa. Não é somente a reforma dos estádios, que por si só irão receber recursos fantásticos. Os investimentos serão direcionados a montar e reestruturar o setor de saúde, segurança pública, tecnologia de informação, meio ambiente, o setor aeroportuário, a cultura, o transporte coletivo, a rede hoteleira e tantos outros serviços que porventura estabelecem conexão e articulação com o evento da Copa. Ou seja, o que não se percebeu é que em torno da Copa vai se gerar a maior oportunidade na década de reestruturar toda uma infraestrutura urbana em um curto espaço de tempo e de forma planejada.

Não se pode menosprezar os impactos econômicos e o reordenamento urbano advindos de um projeto de transformar as 12 capitais em sede da Copa. Quem não conseguiu captar e entender o significado desse evento do ponto de vista inclusive econômico errou redondamente. As capitais que irão ser beneficiadas com esses investimentos irão certamente se adiantar do ponto de vista de sua infraestrutura turística em relação às outras capitais não inclusas como sede, se distanciando na frente e se posicionando de forma privilegiada para se credenciar como futuras promotoras de outros eventos importantes.

A Alemanha, promotora da Copa de 2006, recebeu como retorno dos investimentos realizados cerca de 20 bilhões de euros, ou seja, o equivalente a R$ 55 bilhões. Não é por acaso que a disputa para sediar a Copa do Mundo vira uma briga de foice no escuro. Perdemos essa, mas que sirva pelo menos de lição.