Projeto Goiânia III Milênio - Entrevista - Jornal Goyaz
Conheça detalhes do projeto que pode transformar Goiânia na nova cidade modelo ecoturística do Brasil.
A cidade de Goiânia poderá ser favorecida por um mega projeto Eco-Turístico de caráter auto-sustentável cognominado ‘Goiânia Terceiro Milênio’ que visa incrementar o setor turístico da capital e melhorar a qualidade de vida da população com investimentos previstos na ordem de U$172 milhões, custeados entre o PRODETUR (Programa de Desenvolvimento do Turismo, do Ministério do Turismo), BID (Banco Internacional de Desenvolvimento), Governo do Estado de Goiás e Prefeitura de Goiânia. Competirá a Prefeitura de Goiânia, sob a chefia do Secretário Municipal de Turismo e idealizador do projeto, Euler de Moraes, o papel político-administrativo com objetivo de gerenciar a premeditação territorial urbana de fins turísticos.
Também caberá a Prefeitura de Goiânia a anexação das previstas Zonas Especiais de Interesse Turístico (ZEITs) ao Plano Diretor, visando criar regras e incentivos à ocupação do solo nas áreas identificadas como potenciais para o aporte dos empreendimentos. Já o governo do Estado de Goiás, na pessoa do presidente da GOIÁSTUR, Barbosa Neto, um dos dirigentes envolvidos no projeto, deverá abonar as ferramentas políticas e de infra-estrutura para o incremento do turismo em Goiás, com a intenção de tornar Goiânia cidade com maior capacidade de atrair turistas.
Um dos pontos que demandam maior debate entre Prefeitura e Governo está na questão do modelo a ser adotado para proteção do reservatório de água. A direção da SANEAGO sugere a instalação de um aparato de cercas ao redor de todo lago e ainda policiar o local como se esta fosse uma espécie de caixa d'água de Goiânia, seguindo conceitos de uma política de coerção muito criticada em São Paulo, aplicada nos reservatórios de Billings e Guarapiranga. E a Prefeitura de Goiânia visar usar as ZEITs como zonas-tampão, sem desrespeitos a legislação ambiental, e propõe para a região da bacia hidrográfica do João Leite uma política de desenvolvimento sustentável que inclui coleta e tratamento de resíduos sólidos para um conjunto de sete municípios vizinhos a Goiânia.
Do Governo Federal espera-se a liberação da linha de crédito para o Turismo, Esgotamento Sanitário e Obras de infra-estrutura já previstas no PAC. O projeto Goiânia III Milênio possui carta consulta aprovada pelo Ministério do Turismo, e deverá receber do PRODETUR - Programa do desenvolvimento do Turismo e BID, o volume de recursos necessários para implantação do projeto. As ações estão agora voltadas ao estudo de viabilidade econômica para definição do perfil de empreendimentos e de investidores. Em fase adiantada está o debate em torno da construção do novo Parque de Exposições Agropecuário na região que acontece entre Governo de Goiás, SGPA e Ministério Público. “Um Projeto desse nível atrai em muito os investidores do setor imobiliário. No ano passado, estive no Barcelona Meeting Point, uma das maiores feiras mundiais de investidores do setor imobiliário em turismo.
A receptividade de investidores que conheceram a proposta do projeto Goiânia II Milênio foi muito boa, tendo resultado em bons contatos com investidores europeus, asiáticos e árabes” revela a reportagem, o Secretário Municipal de Turismo, Euler de Moraes.
BENEFÍCIOS
O projeto prevê a conclusão do Anel Viário na região metropolitana de Goiânia, de um Parque Ecológico em área de mata semi atlântica de 4.100 hectares localizada em Goiânia, lago com 16 km de extensão para abastecimento de água e prática de esportes náuticos, reforma e ampliação do Aeroporto de Goiânia projetado com novo terminal e pistas de pouso e decolagem, e antevê a contemplação de três zonas especiais de interesse turístico. A primeira delas chamada de ZEIT 1 poderá ser regulamentada em parte pela PRODETUR, com admissão de uso característico rural, alto controle de restrições e compreende áreas nas regiões de Goiânia, Nerópolis, Goianápolis, Terezópolis de Goiás, Anápolis, Campo Limpo de Goiás, e Ouro Verde de Goiás. A Zona ZEIT 2 é caracterizada pela transição rural/urbana, não prevê regulamentação do PRODETUR, e será usada como espécie de ‘tampão de proteção’ para o reservatório que poderá ter espelho d’água com cotas de 751 metros. A outra zona contém duas classificações. ZEIT 3A para região da Zona Rural segundo a Lei 171 da Prefeitura de Goiânia, passível de ocupação intensa por estar jusante a represa do João Leite. E ZEIT 3B para região a ser contemplada com ocupação urbana intensiva, em área tampão coberta pela legislação urbanística de Goiânia. O novo super complexo será erguido estrategicamente numa área distada a 10 km do centro da capital e contará com um novo Centro de Convenções, Parque Agropecuário com Centro de Agribusiness, Arena de Rodeios, Parque Aquático, Parque de Diversão Temático, Parque de Exibições, Condomínios Residenciais, Hipódromo, Centro Hípico, Resorts Eco Turísticos, Rede Hoteleira, Zoológico, Parque Esportivo com Velódromo, pistas para prática de Skate, Bicicross, Mountain Bike entre outras modalidades. Toda esta nova estrutura turística será cercada e intercalada por um imenso lago, formando um braço de prolongação que fará margem com a barragem do João Leite, e será cortado pela BR-153, GO 0-80 e pelo Anel Viário. O projeto que promete ser o novo cartão postal do Brasil prevê que o acesso aos setores de parques, eventos, negócios, esportes e lazer, poderão ser realizados tanto via terrestre quanto marítima, já que estes setores serão erguidos a beira de toda extensão do lago, provocando assim uma maior ligação interna entre todo complexo e seus módulos.
ENTREVISTA
euler_moraes.gifO GOYAZ consultou o idealizador do Goiânia III Milênio, Euler Moraes (foto), Secretário Municipal de Turismo, para saber como andam as negociações, e as últimas notícias referentes a implantação do projeto. Há 12 anos Euler apresentava pela primeira vez este projeto a segmentos políticos e de mercado. Em entrevista exclusiva revela quais foram as maiores dificuldades encontradas desde a concepção do projeto até aprovação de ambientalistas, do total engajamento do prefeito Iris Rezende (PMDB) ao projeto, das parcerias com Governo e de órgãos do Estado como o SEBRAE, e do apoio esperado por parte da esfera Federal. Euler de Moraes assume pela segunda vez o cargo de Secretário Municipal de Turismo de Goiânia. Motivado, Euler recebeu nossa equipe em seu gabinete onde concedeu a seguinte entrevista:
JORNAL GOYAZ - Qual papel da Prefeitura de Goiânia no Projeto Goiânia Terceiro Milênio? Como andam as negociações?
EULER MORAES - Em 1996, portanto, há 12 anos, tive a iniciativa de apresentar pela primeira vez essa proposta complexa de investimentos imobiliários que tornariam Goiânia uma cidade moderna, com um setor de turismo fortalecido, no sentido de promover aqui empreendimentos diferenciados, num mesmo local, capazes de atrair investidores e criar empregos e renda. Ao lançar essa proposta, muitas pessoas criticaram o projeto de várias formas. Muitas dessas vozes sequiosas preferiram não conhecer de perto a proposta. Houve uma condenação prévia e imediatista, principalmente, vinda de pseudo-ambientalistas, com base numa série de considerações sobre questões que nem tinham a ver com a idéia que estava sendo proposta pelo projeto. Hoje, o Projeto Goiânia III Milênio não é um projeto exclusivamente meu, da Prefeitura ou do empresariado. Ele é um projeto que reúne e disputa diversos interesses, públicos e privados, com o objetivo de planejar a expansão urbana de Goiânia sobre uma região ao norte da Cidade que já se encontra bastante ameaçada pela ocupação desordenada. Parte dessa região se situa numa área limítrofe à Área de Preservação Ambiental da Bacia Hidrográfica do Ribeirão João Leite e a outra se encontra dentro da própria APA do João Leite, abrangendo ainda mais sete municípios vizinhos à Capital. Esse fato foi uma das grandes causas de críticas ao projeto. Essas críticas extrapolaram o terreno do conhecimento científico e passaram a ser alimentadas pela esfera política, ou melhor, por um antagonismo político. O prefeito Íris Rezende Machado não trabalha com suposições ou iniciativas administrativas que não tenham um profundo respaldo nas expectativas da população, principalmente, com o fim socioeconômico que se refletirá na melhoria da qualidade de vida em Goiânia. Foi assim que o seu governo conseguiu asfaltar 100% da Cidade e foi reconhecido como merecedor de mais um mandato. Isso é importante mencionar, porque o prefeito Íris teve o conhecimento da proposta original, como todo mundo teve, e decidiu que o projeto Goiânia III Milênio precisava ser implantado a partir de um maior embasamento teórico e técnico. Hoje ele é um projeto que será integrado de alguma forma por todas as secretarias de Governo que puderem ser envolvidas. A partir desse ponto de vista, o prefeito achou por bem me conceder novamente a chance de chefiar a pasta de Turismo do município, que abracei em novembro de 2007, com o objetivo de fazer Goiânia dar um salto nesse setor. O Projeto Goiânia III Milênio voltou a ser discutido com a sociedade, desta vez, com o apoio da Prefeitura e sob o signo da importância de tornar Goiânia uma cidade turística importante nos cenários nacional e internacional.
JORNAL GOYAZ - A implantação do projeto possui data aproximada para implantação? Os recursos já foram aprovados e qual data prevista para conclusão?
EULER MORAES - O Projeto Goiânia III Milênio agrega contribuições interdisciplinares e continua a provocar o debate com a sociedade. O que estou tentando fazer à frente da Secretaria de Turismo é lançar luzes sobre esse debate, buscando o conhecimento necessário, ou seja, a expertise dos maiores especialistas nos assuntos que estão sendo abordados, como urbanização e expansão urbana, equipamentos turísticos, preservação do cerrado, saneamento ambiental, gestão de resíduos sólidos, recuperação de mananciais, despoluição de rios, viabilidade de investimentos, etc. Em resumo, hoje o projeto Goiânia III Milênio já é reconhecido como uma iniciativa que aposta na implementação de um conjunto de empreendimentos turísticos sustentáveis. Realizamos um amplo estudo de diagnóstico ambiental da APA do Ribeirão João Leite e descobrimos algo que tem sido ocultado da população de Goiânia: o futuro reservatório de água que está sendo construído pela SANEAGO ainda não existe, mas os afluentes que vão depositar suas águas no futuro lago já se encontram consideravelmente poluídos e nada se faz para impedir isso. A partir desse diagnóstico ambiental estamos propondo uma estratégia de preservação do futuro lago, com a criação de Zonas Especiais de Interesse Turístico (ZEITs) na região da APA do João Leite, associando às ZEITs empreendimentos turísticos que podem ser distribuídos nas três grandes zonas, respeitando-se todas as leis pertinentes às restrições ambientais. Desse modo, é possível estabelecer de certa forma uma proteção ao perímetro do lago, através de equipamentos turísticos, como um novo zoológico ao estilo Simba Safári, um novo centro de Agribusiness e Eventos, maior ainda que o de Barretos, ou Eco-Resorts, etc. Essa proposta está sendo debatida com todo o trade turística e especialista de diversas áreas inclusive jurídica. Percebemos que estamos diante de um desafio em que o público precisa ser informado de maneira transparente para poder fazer um juízo perfeito sobre o que está sendo proposto. Encontramos em áreas das represas de Guarapiranga e Billings, em São Paulo, dois exemplos de favelização de regiões próximas a reservatórios de abastecimento de água. O governo de São Paulo editou lei de proteção dessas áreas em 1975, mas isso causou tão somente a desvalorização imobiliária das terras, tendo como conseqüência imediata loteamentos clandestinos e uma série de invasões. Não podemos repetir aqui a experiência de São Paulo. Faltou lá planejamento urbano e bom senso em relação à capacidade da força de uma caneta impedir que milhares de pessoas migrassem para uma região cujas terras se tornaram (quase) de graça. O reservatório que a SANEGAO está colocando em prática dista menos de 10 km da Praça Cívica de Goiânia, se fosse possível traçar uma linha reta imaginária. Seria uma estupidez achar que aqui, a edição de uma lei aos moldes da promulgada em São Paulo tenha uma força de coerção capaz de impedir invasões. Não há poder de polícia ou aparelhamento policial de Estado que dê conta da carência habitacional nas cidades. A favelização é um problema brasileiro e mundial. Corremos o risco de criar aqui um problema que ainda pode ser evitado, aplicando-se uma ocupação ordenada do solo. Essa é a discussão que queremos com a sociedade, com o objetivo de termos a melhor solução para esse iminente problema.
JORNAL GOYAZ - O senhor acredita que este projeto pode inserir Goiânia definitivamente como novo destino Turístico de ponta do Brasil? Por que?
EULER MORAES - Esse projeto é apenas uma das iniciativas em turismo da Prefeitura sob a coordenação da Secretaria Municipal de Turismo. A visão do prefeito é que Goiânia está pronta para se tornar uma importante capital turística. A Cidade já é reconhecida como a melhor ou uma das melhores em qualidade de vida do País. Possui uma excepcional área verde per capita (94 m2 por habitante), inclusive é a única cidade do País que tem um inventário completo das árvores no perímetro urbano, dispondo de um Plano Diretor de Arborização. Os caminhos da Cidade estão todos asfaltados. Agora é a hora do turismo – já disse o prefeito. Para inserir Goiânia como destino turístico nacional e internacional é preciso investir mais em vários componentes. Nesse sentido, buscamos recursos do PRODETUR Nacional/BID, colocado à disposição dos municípios sob forma de linha de crédito do Ministério do Turismo e do Banco Interamericano do Desenvolvimento. Goiânia foi a primeira cidade brasileira a acessar esses recursos, tendo aprovada a sua carta consulta no final do ano passado, da ordem de US$ 50 milhões. Quando estiverem definitivamente disponíveis, esses recursos serão investidos criteriosamente, através de um planejamento realizado para quatro anos, em diversos projetos coordenados pela secretaria de Turismo. São projetos orientados à promoção e marketing, formação de mão-de-obra, revitalização de parques, feiras, teatros, arquitetura, sinalização turística, etc. Queremos consolidar Goiânia como capital do turismo de negócios e apresentar a Cidade como a capital ecológica do bioma cerrado e importante destino indutor regional, reforçando também os outros atrativos turísticos que temos espalhados por diversos pontos, de leste a oeste e de norte a sul do Estado. Recentemente, numa parceria com o Sebrae-GO, realizamos o primeiro censo hoteleiro da Cidade. Descobrimos que o turista que vem a Goiânia permanece por aqui apenas dois dias. Isso é muito pouco. Além de trazer mais turistas, precisamos oferecer mais atrativos turísticos. Aos que já nos visitam, queremos mantê-los. Aos que nunca vieram, queremos surpreendê-los.
JORNAL GOYAZ - Este projeto depende da aprovação de Goiânia como cidade sede dos jogos da Copa do Mundo FIFA 2014 para ser implantado ou é um projeto com parcerias definidas que independem deste evento?
EULER MOARES - A realização de jogos da Copa do Mundo de Futebol FIFA 2014 no Brasil só tem a acrescentar à Cidade e ao Estado de Goiás. Nossos governantes compreenderam isso de imediato e se fortaleceram com a criação de um Comitê Executivo da Copa em Goiânia (Coexgyn), do qual sou diretor-adjunto e o secretário de Estado do Turismo, Barbosa Neto, é o seu presidente. A Copa é um sintetizador de projetos municipais e estaduais. Mais do que isso, é também um catalisador de investimentos. Chegamos a uma cifra de US$ 1,4 bilhão de investimentos para que Goiânia pudesse sediar a Copa conforme as exigências da FIFA, que não são poucas, mas têm um fundamento que considero fundamental: o legado à população. Nesse cenário, o projeto Goiânia III Milênio se insere como uma política da Prefeitura para o planejamento urbano e turístico da Cidade. Ele não depende da Copa em Goiânia, mas o evento per si é mais um referencial para não perdermos tempo e oportunidades de colocar Goiânia no calendário do turismo nacional e internacional. Seja como sede ou não da Copa, Goiânia tem que estar pronta para 2014. A FIFA vai testar as cidades-sede com a realização da Copa das Américas, em 2013. Se não formos escolhidos agora em março, até 2013 temos uma chance real de ganhar a disputa com quaisquer outras cidades. Trabalhamos com planejamento, não com promessas.
JORNAL GOYAZ - Já existem empresas previamente interessadas em participar nas oportunidades que surgirão na rede hoteleira, parques e condomínios?
O setor de turismo é um grande empregador e fonte de riqueza indispensável ao planejamento econômico das cidades. Turismo envolve a todos, do coletor de resíduos sólidos, o popular gari que varre nossas ruas, até os mega investidores internacionais que buscam no mundo oportunidades de investimento. O papel da Prefeitura é garantir que a Cidade fique limpa da sujeira e não seja alvo de especuladores. Com a participação de representantes da sociedade civil organizada, estamos discutindo as melhores soluções para que o nosso planejamento produza os melhores resultados possíveis para a Cidade. Isso significa o mesmo que dizer que estamos trabalhando para atender os interesses da população. Às vezes não conseguimos agradar a todos, mas se pudermos agradar a maioria já devemos nos considerar bem sucedidos.
Fontes: Jornal Goyaz